Comissão Europeia vai investigar subsídios relacionados a veículos elétricos importados da China
A Comissão Europeia (CE) vai abrir uma investigação relacionada aos veículos elétricos que entram na União Europeia vindos da China. “Os mercados globais estão agora inundados com carros elétricos chineses mais baratos. E o seu preço é mantido artificialmente baixo por enormes subsídios estatais. Isto está distorcendo o nosso mercado”, disse a presidente da CE, Ursula von der Leyen, no seu discurso anual sobre o Estado da União Europeia, na quarta-feira, 13 de setembro. “Não aceitamos isso de dentro, não aceitamos isso de fora”, acrescentou.
A presidente da Comissão Europeia, porém, acrescentou que a Europa está aberta à competição. “Devemos defender-nos contra práticas injustas. Mas, igualmente, é vital manter linhas abertas de comunicação e diálogo com a China. Porque também há temas onde podemos e devemos cooperar. Eliminar o risco, não dissociar – esta será a minha abordagem com a liderança chinesa na reunião de cúpula UE-China, ainda este ano.”
A participação dos veículos chineses totalmente elétricos na Europa Ocidental aumentou de 0,5% em 2019 para 3,9% em 2021. Nesse ano, os fabricantes chineses conquistaram 8,2% do mercado europeu de carros elétricos, vendendo 86.000 BEVs (veículos elétricos a bateria), de acordo com a Schmidt Automotive Research.
No mês passado, Sigrid de Vries, diretora geral da Acea, a associação europeia de fabricantes de automóveis, escreveu no site da entidade: “Apoiada por dinheiro público e pela intenção do governo, não é segredo que a indústria automóvel da China representa agora um desafio para a indústria automóvel na Europa e fora dela – e parece que a decisão estratégica da China de investir precocemente e ao longo de toda a cadeia de valor está rendendo dividendos.”
Ainda segundo Sigrid de Vries, “ao contrário da Europa, a China adotou uma abordagem holística à política industrial, olhando para toda a cadeia de valor em busca do que considera indústrias estratégicas. Aplicado à indústria automóvel, um setor com um amplo impacto econômico interno, isto significa uma estratégia desde a mineração, refinação e produção até redes de carregamento, energia barata, incentivos à compra e reciclagem ao longo de todo o ciclo de vida – um esforço coordenado desde o início combinado com agilidade em todas as etapas subsequentes do caminho. Hoje, a China é responsável por 75% da capacidade global de produção de baterias e tem quase o monopólio no fornecimento de matérias-primas essenciais. Em 2022, em apenas um ano, o país instalou 800.000 pontos de carregamento de VE – quase tanto quanto o total instalado noutros locais, em âmbito global, desde o início dos investimentos em infraestruturas de carregamento.” (Franco Tanio).