Eletrônica e Informática

Empresários da indústria eletroeletrônica seguem confiantes

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) do Setor Eletroeletrônico, conforme dados da CNI agregados pela Abinee, registrou 54,8 pontos no mês em março, 4,5 abaixo do verificado no mês imediatamente anterior (59,3). Apesar de ter sido a terceira queda consecutiva observada neste início de 2021, os empresários do setor demonstram confiança. O Icei varia de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima de 50 pontos mostram confiança do empresário industrial e abaixo de 50 pontos apontam falta de confiança. O Icei do setor apontado em março de 2021 também ficou 2 pontos abaixo do verificado em março do ano passado, que estava em 56,8 pontos.

Diga-se, a queda no Icei não foi surpresa. Sondagem Conjuntural do Setor Elétrico e Eletrônico de fevereiro de 2020, realizada pela Abinee, apontava resultados favoráveis para a maior parte dos indicadores, mas também indicava o aumento de dificuldades que vinham sendo observadas nos últimos meses. “As perspectivas são favoráveis, porém os empresários continuam cautelosos com a evolução da Covid-19 e com a crise sanitária que o país atravessa”, destaca a Sondagem.

No mês de março, a retração do Icei do setor resultou da redução da confiança do empresário da área elétrica, que caiu 5,5 pontos, passando de 60,2 para 54,7 pontos e da queda de 3,5 pontos da área eletrônica, cujo índice de confiança recuou de 58,4 para 54,9 pontos no período citado.

O Icei é composto pelo índice de condições atuais e pelo índice de expectativas. No mês de março de 2021, foram observadas retrações tanto no índice de condições atuais, que diminuiu em 3 pontos, passando de 52 para 49 pontos, quanto no índice de expectativas que caiu 5,5 pontos, passando de 63,2 para 57,7 pontos.

Com o resultado apontado em março, o índice de condições atuais ficou abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que indica falta de confiança dos empresários. Esse indicador mostra que os empresários percebem piora no quadro atual da economia e das empresas devido, principalmente, ao aumento das preocupações com o agravamento da pandemia, em março.

O índice de expectativas, mesmo com a queda verificada em março, permaneceu acima de 50 pontos, apontando confiança do empresário para os próximos seis meses, porém com alterações nas suas expectativas.

As empresas do setor eletroeletrônico esperam que a retomada da atividade continue nos próximos meses, porém, estão atentas às ações de controle do coronavírus, à vacinação em massa e às medidas do Governo para minimizar os efeitos da pandemia.

O Icei da indústria geral recuou 5,1 pontos no mês de março de 2021, em relação ao mês imediatamente anterior, atingindo 54,4 pontos. Assim como aconteceu com o setor eletroeletrônico, o índice de condições atuais (48,9) ficou abaixo de 50 pontos e o índice de expectativas (57,2), mesmo caindo em março, permaneceu acima de 50 pontos.

De forma geral, o Icei da indústria permaneceu acima da linha de 50 pontos pelo oitavo mês seguido, sinalizando confiança do empresário.

 

SONDAGEM CONJUNTURAL – O estudo realizado em fevereiro pela Abinee indica que as empresas do setor eletroeletrônico esperam que a retomada da atividade continue nos próximos meses, porém, estão atentas às ações de controle do coronavírus, à vacinação em massa e às medidas do governo para minimizar os efeitos da pandemia.

Para 2021, 74% das entrevistadas projetam crescimento em relação a 2020, 23% esperam estabilidade e apenas 3% estão prevendo queda.

No levantamento de fevereiro, observa-se redução de 24% para 19% no número de entrevistadas que citaram queda nas vendas/encomendas em comparação com o igual período do ano passado. No caso das indicações de aumento das vendas/encomendas observa-se diminuição de apenas um ponto percentual em relação à pesquisa anterior (passando de 67% para 66%).

Ao comparar com o mês imediatamente anterior, apesar da redução de 55% para 48% nas indicações de crescimento de vendas, também foi observado recuo no percentual de empresas que informaram retração das vendas (de 33% para 22%).

Foi favorável a diminuição de 30% para 25% no número de entrevistadas que tiveram negócios abaixo das expectativas. Destaca-se que a maior parte das entrevistadas relatou negócios conforme o esperado (46%) ou acima das expectativas (29%).

No que se refere ao nível de emprego, aumentou de 17% para 19% o total de empresas que elevaram o número de funcionários. Esse foi o segundo incremento seguido após a queda verificada em dezembro de 2020.

Destaca-se também a redução nas indicações de queda no número de trabalhadores, que passou de 9% em dezembro, para 5% em janeiro e para 4% em fevereiro.

Conforme dados do Novo Caged, no mês de janeiro de 2021, o nível de emprego da indústria eletroeletrônica aumentou 5.157 postos de trabalho, atingindo 253,3 mil trabalhadores. Esse resultado é o saldo de emprego do setor, ou seja, a diferença entre admissões e desligamentos.

Este foi o maior incremento verificado no mês de janeiro dos últimos dez anos, visto que em janeiro de 2011 o saldo havia atingido 5.160 vagas.

No mercado internacional, o número de empresas que citaram crescimento nas exportações (51%) ficou próximo do apontado em janeiro (52%).

Porém, os dados da Secex/ME mostraram queda de 10% nas exportações de produtos elétricos e eletrônicos no mês de fevereiro de 2021 em relação ao igual mês do ano passado, somando US$ 353 milhões. Já as importações aumentaram 23% no período, totalizando US$ 2,7 bilhões.

Ainda nessa sondagem, a utilização da capacidade instalada recuou um ponto percentual, passando de 77% para 76%. Essa foi a segunda queda seguida. Em dezembro do ano passado, esse indicador estava em 78%.

 

CAPITAL DE GIRO – Entre as empresas que utilizam financiamentos para capital de giro, houve o segundo aumento consecutivo no número de entrevistadas que relataram dificuldades na sua obtenção, passando de 5% em dezembro de 2020 para 24% em fevereiro de 2021. Apesar do incremento, esse percentual permaneceu muito abaixo dos 67% verificados em abril do ano passado. A dificuldade no acesso ao crédito foi um dos principais entraves encontrados pelas empresas no início da pandemia. 66% das entrevistadas não utilizam esses recursos.

Também vêm sendo observados aumentos seguidos no número de entrevistadas que relataram pressões em alguns custos, tais como de energia, água, impostos, entre outros, que passou de 48% para 53%. Foi a oitava elevação consecutiva. Em junho de 2020 esse percentual estava em 14%.

 

COMPONENTES E MATÉRIAS-PRIMAS – Na sondagem realizada em fevereiro houve elevação no número de empresas que estão com estoques abaixo do normal, que passou de 23% para 31% no caso de componentes e matérias-primas e de 23% para 30% nos produtos acabados.

O levantamento também mostrou que continuam as dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado, com indicação de 73% das entrevistadas, resultado superior ao observado na pesquisa anterior (71%).

Entre os insumos mais citados por essas empresas destacaram-se: o papelão, com 59% de indicações; materiais plásticos (41%); componentes eletrônicos provenientes da Ásia (41%); cobre (39%), entre outros.

Além desses itens também foram citados os componentes eletrônicos provenientes de outras origens, relatados por 20% das pesquisadas.

Continuou alto também o número de empresas que perceberam pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas, que permaneceu em 85% em fevereiro de 2021, mesmo percentual apontado desde dezembro de 2020. Este resultado vem se mantendo muito acima do verificado em janeiro do ano passado, que estava em 30%.

Conforme as entrevistadas, entre os principais fatores que estão gerando a elevação nos custos de componentes e matérias-primas destacaram-se a desvalorização cambial, citado por 86% das entrevistadas, escassez desses itens no mercado (78%) e incremento nos preços dos fretes marítimo e aéreo (70%).

 

EXPECTATIVAS DE VENDAS – Também foi identificado que a falta de componentes eletrônicos no mercado está trazendo dificuldades para as empresas do setor, tais como o atraso na produção e na entrega, citado por 35% das entrevistadas e até mesmo paralisação parcial da produção, relatado por 10% das pesquisadas.

A sondagem indica que 26% não alteraram a produção e entrega, 14% não utilizam componentes eletrônicos, 9% não estão sentido falta destes itens no mercado e 6% citaram outros entraves como redução de estoques estratégicos, perda de novos negócios, aumento de custos decorrentes de aquisição em mercados alternativos, entre outros.

Nenhuma empresa informou paralisação total da produção devido à falta de componentes eletrônicos.

Na sondagem, as empresas que estão sentido falta de componentes eletrônicos no mercado relataram as principais alternativas que estão sendo utilizadas para contornar essa situação para manter a produção, tais como:

–  Busca de fornecedores alternativos no mercado nacional e internacional, mesmo com maior custo;

–  Antecipação de pedidos para os fornecedores;

–  Renegociação da entrega com os clientes;

– Revisão de possibilidade de alteração de componente eletrônico utilizado;

– Aquisição de componentes na distribuição;

– Elevação de estoques;

– Viabilização de produção própria;

– Utilização de fretes áereos;

– Aquisição de itens importados por terceiros; entre outros.

Mesmo com essas medidas, as empresas comentaram sobre a dificuldade de encontrar alternativas devido ao alto grau de dependência nas importações de componentes eletrônicos.

 

CÂMBIO – A desvalorização cambial também foi um tema muito citado nessa pesquisa. Neste levantamento foi observado que 74% das empresas reajustaram seus preços por este motivo. A taxa de câmbio média anual passou de R$ 3,9461 em 2019 para R$ 5,1578 em 2020. Neste ano, a cotação do dólar continua aumentando, atingindo R$ 5,4165 em fevereiro de 2021 (média mensal).

 

PREÇOS – 13% pretendem aumentar seus preços nos próximos três meses e 3% reajustarão a partir do 2º semestre deste ano. Já 7% das entrevistadas não fizeram reajuste de preços e estão sem previsão para isso. Outros 3% informaram que já reajustaram no 1º semestre do ano passado e estão se preparando para aumentar os preços novamente.

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