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Exportações da indústria de transformação brasileira crescem

A balança comercial de setembro registrou um superávit de US$ 5,4 bilhões, inferior ao mesmo mês de 2023, que foi de US$ 9,2 bilhões. Chamaram atenção dois resultados, um referente ao aumento das exportações para os principais parceiros e o segundo, o desempenho da indústria de transformação, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre).

 

Após meses seguidos de recuo nas exportações na comparação interanual entre 2023 e 2024, as exportações para a Argentina aumentaram em valor +25,4%, entre os meses de setembro. Esse resultado é explicado pelo aumento de volume (+34,1%), pois os preços caíram -5,8%.

 

As exportações do setor automotivo explicaram esse aumento entre os meses de setembro. Em ordem decrescente, os principais produtos exportados foram: automóveis de passageiros (+412%); partes e peças para automóveis (+111%); veículos automóveis para transporte de mercadorias (+225%); energia elétrica (+27%); e, tratores (+133%). Todas as variações são em valor. Não se espera que esse resultado se repita.

 

A China registrou queda no valor exportado (-20,7%) e os Estados Unidos aumento (+5,5%). Observa-se que após variações acima de 30% nos dois primeiros meses do ano, o crescimento das exportações para a China desacelerou e recuou na comparação de agosto e setembro, com percentuais acima de 20%. Em termos de preços, as quedas de preços foram maiores para a China do que para os Estados Unidos. No entanto, em setembro, o volume exportado para a China caiu (-9,7%), enquanto para os Estados Unidos aumentou (+8,9%). Não são, portanto, somente os preços que explicam a piora do desempenho das exportações para a China.

 

No caso dos Estados Unidos, o principal produto exportado foi aeronaves, com variação de +34% entre os meses de setembro. Na lista dos 5 principais produtos exportados para a China, quatro registraram queda em valor (petróleo, soja em grão, minério de ferro e carne bovina) e a pasta química de madeira, o quinto principal produto de exportação, cresceu em valor +21,5%.

 

As exportações do setor automotivo, das aeronaves e de outros produtos manufaturados levaram a que a indústria de transformação aumentasse, em termos de valor, +16,8% entre os meses de setembro, o que levou a um aumento da sua participação de 49,5% para 57,7%, na comparação desses meses entre 2023 e 2024.

 

A projeção da Secretaria de Comércio Exterior para a balança comercial de 2024 é de US$ 70,4 bilhões. A projeção do modelo do FGV Ibre é de US$ 79,8 bilhões. O resultado de outubro sinalizará qual será o resultado mais provável.

 

Em valor, a variação das exportações foi de +0,3%, o volume cresceu +4,6%, mas os preços recuaram -4%. As importações aumentaram em valor +19,9%, com variação positiva no volume de +22,9% e queda de -2,3% nos preços. Na comparação do acumulado do ano até setembro, o valor exportado cresceu +0,8%, com variação de +4,4% no volume e de -3,3%, nos preços. As importações cresceram em valor 8%, em volume +14,9% e preços caíram em -5,9%. A trajetória de variações nas importações superiores a das exportações continua em temos de valor e volume.

 

O aumento das importações tem sido acompanhado pelo crescimento nas importações de bens de capital, o que é um sinal positivo, pois sinaliza aumento de investimentos. Entre os meses de setembro de 2023 e 2024, essa variação foi de +35,6%.

 

O aumento no volume exportado, em setembro, foi liderado pelas não commodities. A variação desse grupo foi de +16,3%, enquanto que para as commodities, o registro foi de um recuo de -0,3%. Na comparação do acumulado do ano, porém, o desempenho das commodities é superior, com uma variação de +7,7% e o das não commodities, de -2,9%. A queda dos preços exportados se aplica apenas para as commodities.

 

O resultado para as não commodities se reflete no desempenho por setor de atividade. Na comparação do mês de setembro, o volume exportado recua para a agropecuária (-2,9%) e extrativa (-5,6%), e aumenta para indústria de transformação (+12,7%). A análise por setor da CNAE mostra que as exportações, em volume, de fabricação de veículos e automóveis cresceram +33,0% e de outros equipamentos de transporte, exceto veículos, +23%, sendo as maiores variações. Esses resultados se associam, em parte, aos resultados das exportações para a Argentina e Estados Unidos. Além disso, o setor com maior participação nas exportações da indústria de transformação, produtos alimentícios (35,8%), registrou variação de +15,4%.

 

Na comparação do acumulado do ano até setembro, o melhor desempenho em termos de volume é da indústria extrativa (+11,0%), seguida da agropecuária (+3,0%) e da transformação (+2,6%). Os preços caem para a agropecuária e para a extrativa.

 

Os volumes importados aumentam para todos os setores em setembro, com destaque para a indústria extrativa (+44,2%), seguida da transformação (+21,9%) e da agropecuária (+22,1%).

 

Observa-se um aumento no volume importado de petróleo e derivados de +31,4% e do petróleo bruto isolado de +8,5%, na comparação de setembro. No ano, até setembro, as importações da indústria extrativa aumentaram em volume +5,1%, de petróleo e derivados em +3,5% e de petróleo bruto com recuo de -10,2%. Logo, o mês de setembro apresentou resultados que fogem da trajetória que esses produtos estavam registrando. Antes de setembro, a maior variação na série das importações de petróleo e derivados no ano de 2024 foi de +8,3%, em abril.

 

O volume exportado do petróleo bruto e do petróleo com derivados recua em setembro, associado a uma queda de preços, que foi de -17,1% para o conjunto dos produtos de petróleo e de -18,3% para o petróleo bruto. Na comparação do acumulado do ano, porém, todos os produtos registraram aumento de volume: petróleo e derivados (+14,0%) e petróleo bruto (+15,0%).

 

Com esses resultados, o déficit de derivados de petróleo foi de US$ 1 bilhão em setembro, o maior do ano de 2024, e o petróleo bruto registrou superávit de US$ 2,5 bilhões, o segundo menor do ano após o de US$ 2 bilhões em fevereiro.

 

Esses resultados não mudam, porém, a trajetória da contribuição do saldo superavitário de petróleo e derivados para a balança comercial. No acumulado de setembro, esse saldo explicou 37% do superávit da balança comercial.

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