Abeaço diz que medida antidump aplicada sobre as folhas metálicas importadas da China prejudica o interesse público
Em sessão realizada no dia17 de outubro, o Comitê de Gestão da Câmara de Comércio Exterior decidiu aplicar provisoriamente medida antidumping sobre as importações chinesas de folhas metálicas usadas na confecção de latas de aço para tintas e alimentos, a pedido da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), única produtora desse produto no país.
Para a Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), a decisão é prejudicial ao interesse público, impactando especialmente consumidores de baixa renda e as indústrias de alimentos, bebidas e construção civil. Com a aceitação do pedido da CSN e aplicação dessa sobretaxa, as folhas metálicas da China, um dos principais fornecedores do material, estarão sujeitas a um aumento de aproximadamente 35% no seu preço de importação, encarecendo produtos da cesta básica, como sardinha, atomatados e creme de leite, além de tintas e vernizes.
Segundo a Abeaço, a decisão da Câmara de Comércio Exterior vai contra o interesse social e nacional e a livre concorrência. “A embalagem responde por um percentual significativo do custo final de produtos alimentícios básicos, como sardinha, atum, atomatados, creme de leite, só para citar alguns, além de tintas, vernizes e outros materiais de construção. A aplicação de medida antidumping provisória sobre as importações das folhas metálicas da China vai onerar esses produtos, prejudicando os consumidores”, explica Thais Fagury, presidente executiva da entidade.
A presidente frisa que a CSN é a única produtora de folhas metálicas para produção de latas de aço no país, tendo, na condição de monopolista, liberdade para fixar os preços que quiser. “A única forma que os fabricantes de latas tinham de obter matéria-prima de qualidade é importando o material. O que a CSN chama de dumping, na verdade é livre concorrência. Infelizmente, a decisão do governo federal apenas favorece um monopólio a despeito dos impactos adversos para sociedade, prejudicando não apenas os consumidores, mas toda a cadeia de produção de alimentos, bebidas e materiais de construção civil”, destaca.
A presidente da Abeaço alerta também que a elevação das barreiras à importação de folhas metálicas trará outras consequências graves, como a desestruturação das economias locais, gerando desemprego e a retração econômica nas regiões. “Nós, junto com outras entidades, defendemos durante o processo toda a cadeia regional de fabricantes de embalagens de aço, que garante cerca de 25 mil empregos diretos e 100 mil empregos indiretos em todo o Brasil”, finaliza Thais Fagury.