Ferrovia do Eurotúnel atenderá Amsterdã em ligação direta a partir de Londres
Um dos trajetos turísticos mais procurados da Europa, entre Londres, na Inglaterra, e Amsterdã, na Holanda, poderá ser feito de trem a partir do próximo dia 4 de abril – e por debaixo d’água, porque não?
Será quando a rota ferroviária que passa por dentro do Eurotúnel se estenderá até a metrópole holandesa. Uma boa alternativa para quem não quiser fazer o percurso através de baldeação – hoje os trens só chegam até Bruxelas, na Bélgica – ou de avião, modalidade que concentra 4 milhões de turistas anualmente.
A viagem inaugural, restrita à imprensa e aos profissionais de turismo, foi realizada no último dia 20 de fevereiro. O novo trecho será operado pela Eurostar, a mesma companhia que já faz viagens ferroviárias entre Londres, Paris e Bruxelas.
O trem passará pelo Eurotúnel, sob o Canal da Mancha, a uma velocidade de 300 km/h e levará 3 horas e 41 minutos até chegar ao destino, passando ainda por Roterdã, importante cidade portuária holandesa. A viagem custará cerca de R$ 160.
SONHO ANTIGO – Com a extensão do trajeto, o velho sonho europeu de ter as Ilhas Britânicas unidas por uma ligação terrestre ao continente está cada vez mais consubstanciado. O primeiro anteprojeto do Túnel da Mancha surgiu ainda em 1802, mas pressões políticas negativas travaram a sua continuidade. Na verdade, tampouco havia conhecimento tecnológico suficiente para um empreendimento de tal monta.
Só muito tempo depois, no final da década de 1980, o túnel começou a ser construído. Iniciadas em 1988, as obras foram concluídas apenas em maio de 1994, quando o então chamado Eurotúnel foi inaugurado.
O túnel, com 50,5 km de extensão, liga os municípios de Folkestone, no sudeste da Inglaterra, e Coquelles, no noroeste da França. Com um trecho submerso de 37,9 km – o maior do mundo – o túnel chega a alcançar 75 m de profundidade. No entanto, outros dois túneis ferroviários o superam em estrutura e tamanho: o Seikan, no Japão, e o São Gotardo, na Suíça.
Os passageiros são transportados pelos trens das Eurostar, de alta velocidade, existindo ainda outros três tipos de serviço: o transporte de carros, ônibus e vans através do túnel (como se fosse um serviço de ferry-boat), o transporte de caminhões em vagões abertos e o serviço de transporte de cargas convencional.
Embora o túnel – que é, de fato, um complexo de túneis – tenha sido escolhido pela Sociedade Americana de Engenheiros Civis como uma das sete maravilhas do mundo moderno, ele não está imune a problemas, e isto desde o início do projeto.
Com um custo de 4,650 bilhões de libras esterlinas, a obra, que foi de altíssima complexidade, superou em 80% o orçamento original. E apesar dos sofisticados sistemas de segurança, incêndios e condições climáticas já chegaram a interromper a operação, hoje responsável pela travessia de quase 7 milhões de passageiros todo ano.
Os imigrantes ilegais e requerentes de asilo constituem outro desafio, aliás, de difícil solução. Eles tentam usar o túnel principalmente para entrar no Reino Unido, havendo, já, registro de mortes nessa travessia de pouco mais de meia-hora. (texto: Alberto Mawakdiye/foto: divulgação)