Governo atua por fusão entre Avibras e Akaer
A Avibras está em processo de recuperação judicial e acumula cerca de R$ 600 milhões em dívidas. Seus trabalhadores estão em greve há dois anos, por falta de salário. A direção da empresa já deve 18 meses aos funcionários, cortou o convênio médico e está com o INSS e FGTS em atraso.
O governo estaria estimulando a formação de um grupo de investidores brasileiros para comprar a Avibras e promover a fusão com a Akaer, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. Se concretizada, a iniciativa eliminaria os riscos de a empresa brasileira ser entregue a capital estrangeiro. Mas, para o Sindicato, é preciso ir além. O caráter estratégico dessas empresas exige que ambas sejam estatizadas, visando a manutenção da soberania nacional.
Desde que a Avibras entrou em processo de recuperação judicial, pelo menos quatro empresas estrangeiras teriam demonstrado interesse em comprar a fábrica, em razão do forte potencial tecnológico da empresa. As negociações, segundo a própria Avibras, aconteceram com o aval do Ministério da Defesa.
A Akaer também desenvolve produtos de alta tecnologia, inclusive com participação em programas de aviação militar. O Sindicato sempre defendeu a estatização de todas as empresas estratégicas, inclusive a Avibras e a Embraer, e se posiciona contra a entrega para o capital estrangeiro.
Ao longo desses dois anos de crise na Avibras, o Sindicato já cobrou inúmeras vezes o governo em relação à necessidade de estatização da empresa e sobre a situação dramática vivida pelos trabalhadores, que estão sem salário e sem qualquer perspectiva de quando voltarão a receber.
Para o sindicato, o governo está agindo tarde. Enquanto os trabalhadores não receberem tudo o que a empresa deve, a entidade não vai parar com as cobranças e mobilizações.
“É absurda essa situação dos trabalhadores. O governo já deveria ter se mexido há muito tempo para preservação dos empregos, direitos e salários, mas nada foi feito. Além disso, o Brasil tem enorme capacidade de desenvolvimento e produção de materiais de Defesa. A estatização das empresas dos setores bélico e aeroespacial seria de extrema importância para o país. O Sindicato continuará nessa luta para que empresas como a Avibras e Embraer sejam, enfim, estatizadas”, afirma o presidente em exercício do Sindicato, Valmir Mariano.