Metal Mecânica

Grob Brasil anuncia novo centro de usinagem 4 eixos, com preço pelo menos 20% mais baixo

A B. Grob do Brasil anuncia o lançamento de um novo centro de usinagem de 4 eixos, o G240, cujas entregas estão previstas para o início de 2025. O anúncio foi feito durante o evento “Grob Experience”, realizado entre os dias 27 e 29 de agosto de 2024, na planta da empresa em São Bernardo do Campo (SP), que recebeu mais de 1 mil inscrições e a participação de 30 parceiros.

 

A nova máquina chegará ao mercado com preço pelo menos 20% inferior ao de um centro G440, que é o similar mais próximo da G240, de acordo com Christian Müller  (foto), membro do Conselho e CSO do grupo Grob, em entrevista coletiva concedida no dia 27 de agosto, destacando que a ideia é competir com fabricantes do Brasil e do exterior, oferecendo uma máquina com preço competitivo, sem perder de vista a precisão e a confiabilidade dos equipamentos da marca. A máquina será produzida na unidade de São Bernardo do Campo, que atualmente fabrica a totalidade das máquinas de 4 eixos destinadas ao mercado europeu.

 

Michael Bauer, presidente da B. Grob do Brasil conta que a nova máquina foi desenvolvida numa parceria dos departamentos de engenharia da empresa no Brasil, Alemanha e China, que também produzirá a G240, para o mercado doméstico do país.

 

A empresa não divulgou detalhes técnicos da G240 durante a entrevista, mas frisou que a máquina será totalmente “finamizável”, cumprindo a exigências de índice de nacionalização para a concessão de credito, por meio de recursos do BNDES. Também divulgou que a máquina ocupará uma área aproximadamente de 15% menor que a G440 e terá área de trabalho também cerca de 15% menor.

 

A G240 é versátil e indicada para aplicações em diferentes indústrias, como a de fornecedores da indústria automotiva, de implementos rodoviários e agrícolas, prestadores de serviços de usinagem e outros.

 

MERCADO – A B. Grob do Brasil está operando ocupação total da capacidade instalada, de acordo com Bauer. Porém, a altíssima ocupação da fábrica não significa que o mercado brasileiro está comprador. Muito pelo contrário. 90% da receita da empresa no Brasil são obtidos por meio das exportações intercompany. O mercado doméstico representa apenas 10%.

 

O desempenho fraco no mercado brasileiro se deve, em grande parte, ao baixo nível de investimentos realizados pelas montadoras automotivas instaladas no país, um setor em que a Grob tem forte presença em âmbito global. Estima-se que as montadoras brasileiras têm capacidade instalada para produzir cerca de 5 milhões de unidades de veículos, mas em 2023 produziu entre veículos leves pesados 2.325 mil unidades, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

(Anfavea) – cerca da metade da capacidade instalada. Em 2024, a produção acumulada até julho somou 1.385 mil unidades, superando em 5,3% os primeiros sete meses de 2023.

 

Em que pese o baixo nível de investimentos realizados pelas indústrias instaladas no Brasil, o faturamento da Grob no país vem crescendo. Em 2023, de acordo co Bauer, a empresa faturou cerca de 125 milhões de euros, crescendo perto de 70% em relação ao período em que a empresa sofreu com os efeitos nefastos da Covid-19. Para esse ano, a expectativa é aumentar o faturamento para cerca de 130 milhões de euros.

 

Mas é importante frisar que não é só mercado brasileiro que se mostra reticente para realizar investimentos em máquinas e equipamentos. Um dos poucos mercados que se mostram crescentes é o norte-americano. No ano fiscal de 2023/24, encerrado em fevereiro, a Grob registrou entrada de pedidos de 1,96 bilhões de euros e vendas de 1,8 bilhão de euros. Metade do faturamento foi obtida no mercado norte-americano, principalmente nos Estados Unidos e no México, onde os investimentos em usinagem de blocos de motores automotivos e no setor aeroespacial se mostram dinâmicos. O mercado chinês mostra-se estagnado.

 

Porém, o mercado norte-americano preocupa não só a Grob, como as outras indústrias de máquinas e equipamentos da Alemanha (e também de outros países). É que eleições presidenciais nos EUA serão realizadas em novembro próximo e, caso o candidato Donald Trump vença as eleições, há o temor de o país tomar medidas protecionistas mais severas.

 

No último dia 26 de agosto, a VDMA, a Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais, divulgou um comunicado à imprensa em que diz: “Uma administração Trump 2.0 não seria comparável ao primeiro mandato de Donald Trump. A maior diferença reside numa possível tarifa geral de provavelmente 10% sobre todas as importações mundiais, incluindo da Alemanha e de outros estados-membros da União Europeia. De acordo com uma pesquisa com empresas membros da VDMA nos EUA, esta questão tarifária possível representa o maior risco potencial para as empresas europeias com negócios nos EUA.”

 

“Apesar da retórica de Trump em relação à Europa e à Alemanha, a nossa indústria conseguiu expandir os seus negócios no mercado dos EUA durante o primeiro mandato de Trump”, explica Ulrich Ackermann, chefe do departamento de Comércio Exterior da VDMA.

“Mas os fabricantes europeus de máquinas e instalações só foram confrontados com obstáculos adicionais no mercado dos EUA durante este período. No entanto, isto provavelmente mudaria se Trump for reeleito. Apelamos, portanto, às nossas empresas membros para que levem a sério as ameaças tarifárias.”

 

Para participar no mercado de máquinas em rápido crescimento nos EUA e em resposta ao crescente protecionismo em todo o mundo, segundo a VDMA, as empresas alemãs estão localizando partes da sua produção nos EUA. “Se uma administração Trump 2.0 introduzir tarifas globais, a tendência para a localização, que tem crescido fortemente nos últimos anos, deverá acelerar ainda mais”, afirma Ackermann.

 

A plataforma eleitoral da candidata presidencial do Partido Democrata Kamala Harris que é conhecida até agora, sinaliza para uma continuidade da política comercial da era Biden, de acordo com a VDMA. Isto se caracterizou pela melhoria das relações com os principais aliados, pelo fortalecimento de cadeias de abastecimento críticas e por enormes subsídios à indústria, especialmente para energias renováveis ​​e infraestruturas de produção. Este enfoque constituiu um claro afastamento da agenda comercial histórica, que se centrava em tarifas baixas e pouca influência governamental. O programa de Harris não indica atualmente quaisquer planos para impor novas barreiras tarifárias às importações europeias, segundo VDMA.

 

A Grob mantém uma unidade fabril nos EUA, que no ano fiscal de 2023/2024 produziu cerca de 300 milhões de euros e vem crescendo. Porém, a Grob Alemanha exportou para os EUA cerca de 650 milhões de euros. (texto: Franco Tanio/foto: divulgação)

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo