Inatel firma parceria com RNP para acelerar pesquisas para levar tecnologia 5G a áreas remotas
O Inatel desenvolve pesquisas voltadas para comunicações móveis de 5ª geração (5G) desde 2015 e concentra seus esforços no desenvolvimento de soluções que possam levar conectividade a áreas remotas e zonas rurais, com qualidade e custo acessível. A finalidade é atender à realidade do Brasil, que possui um extenso território e intensa atividade agrícola, que demanda alta tecnologia.
As pesquisas vêm sendo conduzidas no Centro de Referência em Radiocomunicações (CRR), criado com o apoio do MCTIC, e conta atualmente com uma equipe de 40 pesquisadores. O centro chega ao seu quinto ano de existência celebrando centenas de trabalhos científicos divulgados em congressos e revistas, mais de 500 pessoas capacitadas em seus cursos gratuitos, seis patentes e projetos em transferência para o mercado.
Agora, o Inatel ganha um reforço para os estudos em 5G. A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), instituição ligada ao governo federal que tem o objetivo de promover o desenvolvimento tecnológico e apoiar a pesquisa de tecnologias de informação e comunicação, vem somar sua expertise à da instituição, com o intuito de viabilizar a criação de soluções de IoT usando tecnologia 5G.
De acordo com o pró-diretor de Pós-graduação e Pesquisa do Inatel, professor José Marcos Câmara Brito, o projeto da ordem de 6 milhões de reais será executado no período de um ano. “Daremos sequência ao desenvolvimento do Transceptor Flexível MIMO-GFDM para redes 5G, projeto carro chefe do CRR. A intenção é dar a ele novas funcionalidades que permitam viabilizar a conectividade no campo necessária para a criação dessas soluções”, explica o professor.
Para Iara Machado, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP, a parceria com o Inatel é bastante estratégica, visto que a entidade ainda encontra um grande desafio na sua missão de conectar instituições de ensino e pesquisa no interior. “Vamos explorar o uso do 5G nesse contexto e também no ambiente do campus universitário. Acreditamos que ter o Inatel como parceiro nesse projeto vai contribuir para a construção dessas soluções”, ressalta.
5G EM ÁREAS REMOTAS – O Brasil é o quinto maior país do planeta com mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados de extensão. No entanto, menos de 1% desse território é composto por áreas urbanas, segundo estudo da Embrapa. Levando em conta que o acesso à internet fica concentrado nas áreas com maior densidade populacional, pode-se constatar que o país sofre um grande déficit de conectividade. Segundo o professor Brito, isso impede que as áreas rurais se desenvolvam adequadamente, daí a motivação social para que as pesquisas se voltem para este cenário.
Além disso, a agricultura consiste em uma das principais bases da economia do país, com previsão de atingir em 2019 o valor bruto de produção de 584,6 bilhões de reais, segundo o Ministério da Agricultura, o que representa 21,6% no PIB. “Nossa intenção é levar internet a maiores distâncias também em virtude da importância do agronegócio e da exportação para o país, com a intenção de colocar o Brasil em posição de destaque sob o ponto de vista tecnológico”, afirma o professor, que também atua como secretário-geral do 5G Brasil, grupo formado por associações, instituições de pesquisa, governo e empresas do setor de Telecomunicações do país que fomenta a construção do ecossistema de quinta geração de telefonia móvel no Brasil.
MODEM 5G – O Transceptor Flexível MIMO-GFDM para redes 5G é único no mundo e foi desenvolvido com tecnologia 100% nacional, em parceria com instituições e empresas nacionais e estrangeiras. Ele utiliza o padrão GFDM que reduz a interferência nos canais adjacentes em várias ordens de grandeza se comparada com as técnicas convencionais, conseguindo transmitir mais dados sem causar interferência em outros usuários, tendo múltiplos serviços dentro da mesma banda e uma diversidade de aplicações, que hoje não é possível com o 4G. A solução conquistou o primeiro lugar no eWINE Grand Challenge, competição realizada em 2017 na Europa, e foi demostrada pela primeira vez no país, em Brasília, em agosto do mesmo ano.