Indústria de fundição cresce 3% no primeiro trimestre

A indústria brasileira de fundição teve um desempenho até que bastante razoável no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os mesmos períodos de 2018 e principalmente 2017. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Fundição (Abifa), a alta em relação aos três primeiros meses do ano passado foi de 3%. No comparativo com 2017, o crescimento foi de 9,4%.
Estes números justificam, sem dúvida, o otimismo demonstrado pela entidade na virada do ano, quando apostou firmemente no crescimento da produção e das vendas de fundidos. Para Afonso Gonzaga, presidente da Abifa, inclusive ainda é cedo para qualquer alteração da expectativa de crescimento de 7% do setor em 2019.
Deve-se esta expectativa de desempenho não só à tímida – mas de qualquer forma presente – recuperação geral da indústria brasileira, mas também a algumas boas notícias vindas de Brasília.
“Estivemos em fevereiro em reunião com a equipe do secretário Marcos Cintra, titular da Secretaria da Receita Federal”, conta Gonzaga. “Na ocasião, fomos informados de que a desoneração da folha de pagamento de fato ocorrerá. Isso, associado à aprovação da Reforma da Previdência, que deve ocorrer nos próximos meses, certamente dará novo fôlego ao empresariado brasileiro, em especial à indústria de fundição e mercados correlatos”, explica o executivo.
Quanto aos volumes, a produção de fundidos entre janeiro e março deste ano totalizou 566.919 t, entre ferro fundido (453.537 t), aço (66.108 t) e metais não ferrosos (47.274 t). Nestes últimos estão contidos o cobre (5.121 t), zinco (294 t), alumínio (40.599 t) e magnésio (1.260 t).
Neste primeiro trimestre de 2019, o mercado interno consumiu 478.057 toneladas. Trata-se de 5,6% mais do que no ano passado. Já as exportações de fundidos, por sua vez, caíram 9% em peso (88.862 t) e 13,1% em valores.
SEM LÓGICA – Para a entidade, o comportamento das exportações não tem uma explicação lógica. “Da mesma forma que estão em queda num mês, no próximo podem ter uma expressiva alta, sem motivo aparente”, diz Gonzaga. De qualquer modo, as exportações têm se mantido mais ou menos constante, representando 16,5% da produção total de fundidos em 2018. Em março último, este percentual foi de 15,7%.
O presidente da Abifa esclarece que a forte crise econômica na Argentina está afetando os embarques de fundidos brasileiros apenas indiretamente, posto que o país vizinho é um grande cliente das montadoras brasileiras, mas não das fundições nacionais. Os EUA continuam sendo os principais clientes do Brasil externamente.
O Brasil, no entanto, vem perdendo posições no ranking mundial da produção de fundidos. No ranking divulgado pela revista Modern Casting em 2018, o Brasil ocupou o décimo lugar, tendo caído três posições nos últimos quatro anos. Os três primeiros lugares são hoje ocupados, pela ordem, pela China, Índia e Estados Unidos. Juntos, os três países respondem por 70% da produção mundial, totalizando 71,13 milhões de toneladas.
Uma boa notícia é que, com a produção de fundidos praticamente estável, o número de colaboradores nas fundições permaneceu constante, totalizando 55.872 pessoas em março, crescimento de 0,1% em relação ao mês anterior. (texto:Alberto Mawakdiye/foto:Romi/divulgação)