Indústria de máquinas e equipamentos registra queda nas atividades em junho
A indústria brasileira de bens de capital registrou queda nas atividades no mês de junho de 2019. Na comparação com o mês de maio, a receita líquida total no valor de R$ 6.749,87 milhões é 6,1% menor. Na comparação com junho de 2018, o tombo é de 12,1%. A receita líquida acumulada nos seis primeiros meses de 2019, no valor de R$ 39.352,51 milhões, é 3,6% superior à do primeiro semestre de 2018. Até o mês de maio, o setor acumulava crescimento de 7,5%. Com os dados de junho, divulgados pela Abimaq no dia 30 de julho, aumentam as probabilidades de que a entidade revise para baixo a projeção de crescimento setorial de 5% em 2019.
No mercado interno, a receita setorial líquida em junho foi de R$ 4.118,40 milhões, 2,4% menor que no mês de maio e 1,3% superior à do mês de junho passado. No acumulado do ano, a receita no mercado interno somou R$ 22.168,81 milhões, o que representa um crescimento de 10,2% em relação ao primeiro semestre de 2018.
O consumo aparente no mês de junho totalizou R$ 10.750,01 milhões. Em relação a maio, a queda foi de 5% e em relação a junho de 2018, a alta foi de 8,4%. No período de janeiro a junho, o consumo aparente foi de R$ 56.591,94 milhões, o que indica crescimento de 11,6% na comparação com o mesmo período de 2018.
O desempenho do setor até junho segue sustentado pelo mercado doméstico. Todavia, há dúvidas sobre a continuidade dessa tendência, pois a economia brasileira perde o dinamismo e não se vê medidas governamentais para, no curto e médio prazos, melhorar o ambiente econômico do país. A reforma da previdência que tende a ser implementada parece não ser suficiente para os empresários tirarem da gaveta seus projetos de investimentos. Mais recentemente, o governo anunciou a liberação dos saques do FGTS, mas todos sabem, até por experiência do governo anterior, que se trata apenas de um paliativo, e boa parte do dinheiro será utilizada para pagar as dívidas (ou parte delas) do brasileiro.
A reversão da tendência das exportações no curto prazo também parece ser pouco provável, pelo o cenário internacional conturbado por questões como a guerra comercial Estados Unidos-China, Brexit, e escalada da tensão no Golfo Pérsico. Além disso, as mudanças tecnológicas no horizonte da indústria automotiva fazem com que os investimentos setoriais sejam adiados.
No mês de junho, as exportações somaram US$ 681,94 milhões, uma queda de 8% em relação a maio e redução de 22,5% na comparação com junho passado. No acumulado do primeiro semestre, as exportações totalizaram US$ 4.432,27 milhões, o que representa queda de 7,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Um fato interessante é que os Estados Unidos apareceram pela primeira vez como o principal destino das exportações setoriais brasileiras. O país foi o destino de um terço das exportações setoriais no primeiro semestre de 2019. No primeiro semestre desse ano, as exportações para os Estados Unidos somaram US$ 1.461 milhões contra os US$ 1.188 milhões do período de janeiro a junho de 2018. A variação positiva foi de 22,9%.
O que explica a melhora da posição dos Estados Unidos no ranking dos principais destinos de exportações é que, além do aumento nas exportações para o país, houve o encolhimento de 22,5% nas exportações para a América Latina. Caíram de US$ 1.841 milhões para US$ 1.427 milhões, puxadas principalmente pela Argentina, que vive uma crise econômica profunda – a produção manufatureira no país recuou 10,1% no primeiro semestre – e as compras de máquinas e equipamentos caiu praticamente à metade. As exportações para Holanda (-33%), China (-57%) e França (-28%) também despencaram.
As importações no mês de junho totalizaram US$ 1.507,52 milhões, o que representa queda de 2,9% em relação a maio e aumento de 20,5% na comparação com junho de 2018. No acumulado até junho, as importações somaram US$ US$ 7.780 milhões, 9,1% acima do mesmo período de 2018.
De acordo com a Abimaq, no primeiro semestre houve aumento nas compras de máquinas e equipamentos importados por diversos setores da economia. A entidade destaca, porém, o aumento de 25% nas importações de componentes, que em sua maior parte são utilizados na reposição. As importações de componentes representam hoje 31,5% das importações de máquinas no Brasil.
O setor de máquinas e equipamentos encerrou 2018 com pouco mais de 300 mil postos de trabalho. Em 2019, até maio, o setor registrou cinco meses consecutivos de aumento nas contratações. Porém, em junho houve redução de 0,4% nas contrações (cerca de 1,2 mil postos de trabalho), possivelmente devido ao desaquecimento nas atividade. Apesar da queda de junho, o setor conta com 307.526 pessoas ocupadas – quase 7 mil postos a mais que em 2018.