Indústria eletroeletrônica dá sinais de retomada
A produção da indústria elétrica e eletrônica cresceu 19,9% no mês de junho de 2020 em relação ao mês imediatamente anterior, conforme dados do IBGE agregados pela Abinee, com ajuste sazonal. Esse foi o segundo crescimento consecutivo, depois de três quedas seguidas. Desde fevereiro, a produção de bens eletrônicos já estava sendo prejudicada pelos problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos da China.
As medidas de isolamento social devido à pandemia da Covid-19 no Brasil impactaram a produção industrial a partir de meados de março, afetando o mês inteiro de abril. No mês de maio já começou a ocorrer retorno de algumas unidades industriais, contribuindo para os crescimentos observados nos dois últimos meses.
Os resultados mais favoráveis verificados em maio e junho podem indicar que o pior já passou, segundo a Abinee. Abril foi o mês que sofreu os maiores impactos da pandemia. A entidade frisa, porém, que permanecem as incertezas quanto à evolução do coronavírus, o que leva a um ambiente de cautela.
Nota-se que os incrementos observados em maio e junho compensaram parte das perdas ocorridas desde fevereiro deste ano. Porém, a produção do setor ainda permanece em patamar inferior ao observado em janeiro de 2020, período anterior à pandemia.
Mesmo assim, destaca-se que com as elevações nos meses de maio e junho, fizeram com que a produção realizada em junho se aproximasse dos resultados verificados nos mesmos períodos dos anos anteriores.
PRODUÇÃO FÍSICA – Ao comparar com junho de 2019, observa-se redução de 3,4%, queda menos expressiva dos que as ocorridas em abril (-43,8%) e maio (-34,0%). Essa retração do mês de junho resultou do recuo de 4,9% da área eletrônica e da redução de 2,2% da área elétrica.
Destacaram-se as quedas na produção de bens de informática (-31,5%) e de instrumentos de medida (-28,5%). A retração de componentes eletrônicos foi mais modesta (-4,4%). Por outro lado, aumentaram a produção de aparelhos de áudio e vídeo (+13%) e equipamentos de comunicação (+9,8%).
Na área elétrica, a maior retração foi na produção de lâmpadas (-21%), seguida de geradores, transformadores e motores elétricos (-6,7%) e equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica (-5%). Ainda no que se refere à área elétrica, houve aumento na produção de eletrodomésticos (+3,0%) e de pilhas e baterias (+0,3%).
Destaca-se a elevação de 7,7% na produção de outros equipamentos elétricos não especificados anteriormente – onde estão classificados os aparelhos elétricos de alarme para proteção contra roubo ou incêndio e eletrodos, escovas e outros artigos de carvão ou grafita para usos elétricos.
ACUMULADO – No acumulado de janeiro a junho de 2020, a produção industrial do setor eletroeletrônico recuou 14,5%. Esse resultado reflete tanto da queda de 15,5% da área eletrônica, quanto da retração de 13,6% da área elétrica.
O segmento de componentes eletrônicos foi o único de todo setor a apontar crescimento, atingindo 2,9% no período primeiro semestre.
Os demais itens eletrônicos apontaram quedas, tais como: equipamentos de comunicação (-18,8%), bens de informática (-18,7%), instrumentos de medida (-17,5%) e aparelhos para áudio e vídeo (-14,2%).
Na área elétrica, a maior taxa de retração foi registrada na produção de lâmpadas (-25,8%), seguida de eletrodomésticos (-17,7%), de pilhas e baterias (-15,1%), de geradores, transformadores e motores (-12,1%) e de equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica (-8,1%).
No caso de outros equipamentos elétricos não especificados anteriormente, a produção caiu 13,7%.
COMPARATIVO – A produção da indústria geral cresceu 8,9% no mês de junho de 2020 em relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Nota-se que o incremento na produção da indústria eletroeletrônica (+19,9%) foi mais acentuado do que a elevação da indústria geral (+8,9%) e da indústria de transformação (+9,9%).
Esse foi o segundo mês consecutivo que o crescimento da indústria eletroeletrônica foi mais expressivo do que o da indústria geral. Porém, em abril, a queda da indústria eletroeletrônica havia sido mais significativa do que da indústria geral e de transformação.
Ao comparar com junho do ano passado, a produção da indústria geral caiu 9%, influenciada pela retração de 10% na indústria de transformação, visto que o recuo da indústria extrativa (-0,9%) foi bem mais modesto. Neste caso também as quedas foram maiores do que a apontada pela indústria eletroeletrônica (-3,4%).
No acumulado de janeiro a junho, a produção da indústria geral foi 10,9% inferior à verificada em igual período de 2019, decorrente da retração de 11,9% da indústria de transformação e do recuo de 2,7% da indústria extrativa.
Ao avaliar por categorias econômicas, no acumulado do primeiro semestre de 2020, a produção de bens de capital recuou 21,2% e de bens de consumo caiu 16,2% ao comparar com o igual período de 2019.