Materiais sustentáveis são legado para as futuras gerações
Carolina Hattori (*)
O ano de 2020 tem sido de muitos desafios para a indústria automotiva e de transportes. Porém, a história nos mostra que esses períodos são impulsionadores para a evolução tecnológica e social. A mobilidade é de fato um dos pilares da evolução humana, e precisamos estar atentos a todos os movimentos.
Consciente da necessidade de alavancar essa evolução, a indústria automobilística tem avançado em tecnologias para melhorar parâmetros como redução de peso de componentes, alta performance em eficiência energética e adoção de sistemas de segurança, no âmbito do programa Rota 2030.
Paralelamente, o notável avanço de tecnologias com a acelerada introdução de materiais sustentáveis em diversas aplicações sinaliza para um futuro melhor, no qual tais objetivos podem ser alcançados minimizando-se a ameaça de escassez de recursos e a emissão de CO2. Um entre os diversos bons exemplos dessa realidade é a obtenção de sílica a partir da casca de arroz para aplicações no segmento pneumático, entre outros, que pode substituir as sílicas produzidas por processos tradicionais.
Nesse contexto, a tendência em multimateriais encoraja ainda mais a inovação, comprovada pelo crescente número de cases que estudam alternativas de materiais mais sustentáveis e alternativas como o grafeno, alvo de vultosos investimentos no Brasil e no mundo, aplicados em sua produção, transformação e funcionalidade para aplicações em diferentes matrizes.
Tudo isso só nos impulsiona à necessidade cada vez maior de evoluir no uso de materiais inovadores por sua diversidade de propriedades e de meios de processo. Na indústria de materiais metálicos o desenvolvimento de novas ligas tem se mostrado muito eficiente para aumento de resistência mecânica e da capacidade de absorção de energia. Cases com alumínio extrudado de alta resistência comprovam excelente performance nas simulações de impacto lateral no veículo e na competitividade em custo. Vale destacar que também o aço segue em constante evolução a cada geração com adições de novos elementos de liga para obter a propriedade desejada para cada aplicação.
Assim como a evolução de materiais, a indústria da mobilidade tem apostado e segue na adoção de tecnologias em técnicas de junção e soldagem, sobretudo com o desafio de unir com a máxima eficiência os mais diferentes materiais. Na mesma direção segue a variedade em tipos de adesivos estruturais, que se mostram adaptáveis aos novos processos produtivos e curam a temperatura ambiente.
Na área da Manufatura Avançada (Indústria 4.0) e Manufatura Aditiva as tecnologias tiveram um salto de desenvolvimento nos últimos anos e já são realidade. A busca por produtividade, personalização e diminuição do ciclo de desenvolvimento de novos produtos são características latentes da indústria automotiva.
Tudo isso se torna ainda mais essencial no que diz respeito ao desenvolvimento de veículos elétricos. As soluções de eletrificação correntes na Europa passam por motores de tração produzidos a partir de compósitos magnéticos macios, material inovador que permite a produção de motores com formas geométricas e topologias inusitadas, algo disruptivo em relação ao que estamos acostumados.
(*) A autora é consultora de Desenvolvimento de Mercado & Inovação da CBA.