Mercado de robôs industriais sofre queda em 2019, mas expectativa é de retomada em 2020
A desaceleração da economia mundial, guerra comercial entre EUA e China e as incertezas na indústria automotiva global contribuíram para um desempenho mais tímido que o esperado do mercado de robôs industriais. Em 2017, as receitas do setor aumentaram 20%; em 2019 a expectativa é de uma redução de 4,3% no faturamento.
A queda na produção do setor automotivo e de smartphone tiveram um papel relevante para essa redução. Como se sabe 2018 foi um ano difícil para o setor automotivo. Como o mais importante setor usuário de robôs industriais – sendo responsável por 30% do faturamento – qualquer redução nos investimentos desse setor traz efeitos severos para as áreas de automação e de robótica, de acordo com Jan Zhang, diretora para pesquisas na área de Automação Industrial e Robótica, da Interact Analysis, que em dezembro passado lançou o relatório “Industrial Robot Report – 2019”.
A despeito disso, para Jan Zhang, há razões para o otimismo. Catalisadores de longo prazo, tanto para robôs industriais como para automação como um todo, permanecem muito fortes. A expectativa é que o crescimento comece em 2020 e ganhe força em 2021devido às novas aplicações industriais, preços mais baixos e mais aplicações.
“Estamos vendo a demanda aumentar em novas áreas, como na de alimentos e bebidas, logística e embalagem, e todas aumentam o índice de aplicação de robôs utilizados. O crescimento nessas indústrias não é capaz de compensar totalmente a redução na indústria automotiva, mas justifica o otimismo para o futuro”, escreve a diretora no site da companhia.
Outro fator que contribui para o crescimento é o surgimento de diferentes tipos de robôs. O mercado de robôs articulados permanece como o maior, e deverá continuar dessa forma. Porém, a taxa de crescimento de robôs colaborativos e de robôs com menor capacidade de carga útil é prevista para crescer consideravelmente. “Nossas projeções para o setor de cobots são particularmente positivas, com expectativa de crescimento de mais de 30%, tanto em 2019 como em 2020, com taxa de crescimento anual composto prevista para mais de 27% entre 2018 e 2023”, afirma.
MUDANÇAS – O que é notável no mercado de robôs industriais é a mudança na base de produção global. Enquanto o Japão permanece como o maior produtor de robôs industriais – com uma fatia de 45% da produção total -, tem havido um significativo crescimento na capacidade de produção na China.
Isso acontece por uma combinação de fatores: fabricantes chineses passaram a produzir principalmente robôs de baixo custo e low-end para uso doméstico no país. Aliado a isso, os quatro grandes tradicionais em robótica – ABB, Fanuc, Kuka e Yaskawa – investem pesado em pesquisa e desenvolvimento e em unidades fabris na China. Isso lhes dá acesso às oportunidades no enorme mercado chinês, e aprimora seus esforços de localização. Isso também tem amplo impacto na redução de preços em toda a indústria.
Jan Zhang diz que também foram identificadas mudanças no modelo de negócios em torno das vendas de robôs industriais. “Mais especificamente, as oportunidades para integradores de sistemas é enorme”, comenta. Ao mesmo tempo em que há mercado para vendas diretas – do fornecedor para o usuário final – há um crescimento muito maior nas vendas envolvendo os integradores de sistemas e, numa menor extensão, distribuidores.
As aplicações de robôs costumam ser complexas, envolvendo profundo conhecimento de hardware e elementos de software. Os usuários finais não querem somente o hardware do robô; eles querem o benefício que a aplicação como um todo traz. Isso exige recursos especializados que não são comuns, de forma que os fornecedores de robôs são mais propensos a colaborar com integradores de sistemas qualificados, para compartilhar as pressões sobre o capital, serviços e prazos de entrega.
Esse fato se liga a uma percepção mais ampla de que há muito mais aplicações robóticas do que o hardware em si. Os vendedores de robôs precisam pensar sobre o software e como integrar os robôs nos grandes ecossistemas de fábricas, por exemplo.
Os quatro grandes da indústria de robôs verão os robôs como uma parte de uma solução mais ampla que eles fornecem e irão visar o fornecimento de outros elementos também, incluindo motores, motor drives, e controladores lógicos programáveis, por exemplo. Os vendedores de menor porte, especialmente aqueles focados em robôs colaborativos e capacidade de carga menor, encontrarão oportunidades, mas elas tendem a ser aplicações stand-alone. (texto: Franco Tanio/foto: IFR divulgação)