Mercado dos EUA representa 13,5% das exportações brasileiras de produtos de alumínio

A participação do Brasil nas importações norte-americanas de produtos de alumínio é pequena, menos de 1%. Porém, os Estados Unidos são um parceiro comercial importante e correspondem a 16,8% das exportações brasileiras do metal, o que movimentou US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024.

Em termos de volume, os Estados Unidos foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio. Desse total, 54,2 mil toneladas das exportações estavam sujeitas à Seção 232, e chapas e folhas de alumínio corresponderam a 76% desse volume, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal).

Nesse contexto, a Abal mostra preocupação com os impactos da nova medida tarifária anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que impõe um acréscimo de 25% sobre as importações de alumínio, desde 12 de março.

Na medida anterior (Seção 232, imposta em 2018), os Estados Unidos aplicaram tarifas de 25% sobre importações de aço e 10% sobre importações de alguns produtos de alumínio. No entanto, no caso do alumínio, alguns países receberam isenções totais (Canadá, México e Austrália) ou foram incluídos em acordos de cotas (Argentina, União Europeia e Reino Unido).

Os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado. Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, os produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa.

Além dos impactos na balança comercial, a Abal se preocupa ainda mais os efeitos indiretos associados ao aumento da exposição do Brasil aos desvios de comércio e à concorrência desleal. Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais.

A imposição das novas tarifas nos EUA também pode resultar em uma tendência de elevação dos preços regionais, especialmente nas regiões que dependem de importações, o que pode provocar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento e modificar fluxos comerciais tradicionais, analisa a Abal.

Paea a Abal, esse cenário reforça a necessidade de ampliar as discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional, de forma a corrigir distorções no mercado para proteger a indústria nacional contra a concorrência desleal e os impactos adversos provenientes dessa nova reconfiguração internacional.

“Cenários desafiadores como este requerem sensibilidade e diálogo na construção de soluções que não são simples, mas que levem em consideração a necessidade de evitar disrupturas no suprimento de produtos e materiais estratégicos para a economia brasileira”, diz comunicado da Abal, que dialoga com o governo brasileiro para compreender as implicações dessa medida e buscar soluções que mitiguem seus impactos sobre a economia nacional no curto e médio prazo, garantindo um ambiente mais competitivo para a indústria do alumínio brasileira.