Mercado global de PCs sofre forte queda no primeiro trimestre

O mercado global de PCs sofreu forte queda no primeiro trimestre de 2023. Segundo a Canalys, o tombo foi de 33%; o Gartner calcula declínio de 30% e a International Data Corporation (IDC) em 29%. As três empresas que acompanham o mercado de tecnologia da informação não se mostram otimistas quanto ao crescimento das vendas no curto prazo. A retomada mais consistente é esperada para 2024.

De acordo com a Canalys, o primeiro trimestre de 2023 trouxe mais turbulência ao mercado global de PCs, com as vendas totais de desktops e notebooks caindo para 54 milhões de unidades, representando o quarto trimestre consecutivo de quedas anuais de dois dígitos. A fraca temporada de festas no final de 2022 se estendeu até o ano novo, pois a demanda por PC permaneceu fraca e o canal avançou com a liberação de estoque como prioridade principal. Das categorias de produtos, as remessas de notebooks sofreram um grande declínio, caindo 34% em relação ao ano anterior, para 41,8 milhões de unidades. As remessas de desktop tiveram um desempenho ligeiramente melhor, passando por uma queda de 28% para 12,1 milhões de unidades. A Canalys espera que o primeiro trimestre de 2023 represente o maior declínio de remessas para o mercado mundial de PCs este ano, com a recuperação começando no segundo semestre deste ano e ganhando força em 2024.

Segundo o Gartner, dados preliminares indicam que as remessas mundiais de PCs totalizaram 55,2 milhões de unidades no primeiro trimestre de 2023, uma queda de 30% em relação ao mesmo período de 2022. “A falta de motivação de compra levou ao segundo trimestre consecutivo de declínio histórico ano a ano”, observa.

“As pressões de preços de PCs se intensificaram durante o trimestre, pois os fornecedores ofereceram descontos consideráveis ​​para liquidar o estoque”, diz Mikako Kitagawa, analista diretora do Gartner. “Para impulsionar a demanda, os fornecedores reduziram temporariamente os preços médios de venda (ASPs) dos PCs já existentes nos canais, mas os ASPs dos novos PCs enviados para os canais permaneceram elevados devido aos aumentos de custo da cadeia de suprimentos impulsionados pela inflação.”

Mikako Kitagawa acrecenta: “Essencialmente, os fornecedores de PCs adotaram uma estratégia para proteger as margens, em vez de buscar participação no mercado baixando preços. Os ASPs aumentarão moderadamente em 2023, à medida que os fornecedores repassarem os aumentos de custo para novos PCs que entram no canal para os usuários finais.”

O IDC, por sua vez, diz que demanda fraca, excesso de estoque e piora do clima macroeconômico foram fatores que contribuíram para a queda vertiginosa nas remessas de PCs tradicionais durante o primeiro trimestre de 2023. As remessas globais totalizaram 56,9 milhões, marcando uma contração de 29% em comparação com o mesmo trimestre de 2022, de acordo com resultados preliminares do Rastreador trimestral de dispositivos de computação pessoal da International Data Corporation (IDC). A companhia destaca ainda que o volume expedido no primeiro trimestre de 2023 foi significativamente inferior às 59,2 milhões de unidades expedidas no primeiro trimestre de 2019 e 60,6 milhões no primeiro trimestre de 2018, períodos anteriores à forte demanda impulsionada devido à pandemia de Covid-19, quando muitos adquiriram equipamentos para trabalhar em regime home office, por exemplo.

“A maioria dos problemas que afetou o setor no segundo semestre do ano passado se estendeu até o início de 2023”, diz Ishan Dutt, analista sênior da Canalys. “Os parceiros de canal indicaram que seus níveis de estoque foram reduzidos, mas permanecem altos em termos absolutos. 39% dos parceiros pesquisados ​​pela Canalys em janeiro de 2023 relataram ter mais de cinco semanas de estoque de PCs, com 18% relatando nove semanas ou mais. Enquanto isso, a demanda em todos os segmentos de clientes permanece reduzida, com mais pressão decorrente de novos aumentos nas taxas de juros nos EUA, Europa e outros mercados, onde a redução da inflação é uma prioridade. Consumidores e empresas permanecerão cautelosos sobre os gastos com novos PCs no curto prazo, com uma recuperação significativa do mercado esperada apenas durante o quarto trimestre de 2023. O mercado de PCs tem fundamentos sólidos para impulsionar o crescimento de longo prazo, com volumes de remessa superiores a na era pré-pandêmica. Uma base instalada muito maior pós-Covid-19, a transição para o Windows 11 e a atualização e a nova demanda da educação digital serão os principais impulsionadores à medida que a economia global entrar em um período de recuperação em 2024 e além”, complementa.

“Embora o estoque de canais tenha se esgotado nos últimos meses, ainda está bem acima da faixa saudável de quatro a seis semanas”, observa Jitesh Ubrani, gerente de Pesquisa da Mobility and Consumer Device Trackers da IDC. “Mesmo com grandes descontos, os canais e fabricantes de PCs podem esperar que o estoque elevado persista no meio do ano e potencialmente no terceiro trimestre.”

A pausa no crescimento e na demanda também está dando à cadeia de suprimentos algum espaço para fazer mudanças, já que muitas fábricas começam a explorar opções de produção fora da China. Enquanto isso, os fabricantes de PC também estão reformulando seus planos para o restante do ano e começaram a receber pedidos de Chromebooks devido a um aumento esperado nos custos de licenciamento ainda este ano. Dito isso, as remessas de PC provavelmente sofrerão no curto prazo, com um retorno ao crescimento no final do ano, com uma melhora esperada na economia global e à medida que a base instalada começa a pensar em atualizar para o Windows 11.

“Até 2024, uma base instalada antiga começará a ser atualizada”, analisa Linn Huang, vice-presidente de Pesquisa de Dispositivos e Monitores da IDC. “Se a economia estiver tendendo para cima até então, esperamos um aumento significativo do mercado, à medida que os consumidores procuram se atualizar, as escolas procuram substituir os Chromebooks desgastados e as empresas migram para o Windows 11. Se a recessão nos principais mercados se arrastar até o próximo ano, a recuperação poderá ser difícil.” (Franco Tanio)