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Motocicletas de baixa cilindrada são as preferidas dos brasileiros

O típico motociclista brasileiro cada vez menos tem a ver com casacos de couro, motos tão potentes que os motores roncam, vento na cara nas rodovias da vida. Hoje, ou ele é um motoboy empenhado no cansativo serviço de entregas, ou um pacato cidadão de capacete montado numa motocicleta pequena, mais próxima de uma Caloi do que de uma Harley-Davison.

De fato, o brasileiro – da mesma forma que nos países da Ásia Oriental e na Índia – parece ter se rendido às motos de baixa cilindrada. É o que indica uma pesquisa feita pela unidade de veículos, imóveis e serviços do portal de comércio eletrônico Mercado Livre, entre março a novembro do ano passado.

Segundo a pesquisa, houve no período um crescimento de substanciais 40% na intenção de compra de motocicletas em sua plataforma no Brasil, contra 35% na América Latina.  Mas, no Brasil, a intenção de compra dos modelos de baixa cilindrada aumentou nada menos do que 86%.

A pesquisa revelou ainda que as motocicletas de 125 a 250 cilindradas – especialmente as primeiras, paradigma dos veículos motorizados de duas rodas menos potentes -, são as que mais estão em alta. Elas receberam 58% mais atenção dos consumidores.

“Sem dúvida, o principal fator que explica o aumento da preferência destes modelos foi a grande evolução do delivery neste período de isolamento social”, comenta Luis Paulo dos Santos, diretor da empresa. “Mas muita gente que nada tem a ver com serviços de entrega também está optando por eles, já que são um meio de locomoção mais ágil que o automóvel e mais seguros que o transporte público, com seu alto risco de contágio do novo coronavírus.”

De acordo com Santos, por estas razões, houve nas principais capitais brasileiras um incremento de 50% na intenção de compra de motocicletas, enquanto nas cidades do interior o crescimento foi menor, de apenas 35%.

O estudo apontou ainda quais foram os modelos de motocicletas com maior intenção de compra. O mais desejada foi o Honda CG 150 Titan, seguido da Honda CG 125 Fan, Honda Biz 125, Honda XRE 300 e Honda CB 300.

 

FILA DE ESPERA – A ironia é que nem todo mundo que deseja uma moto pequena para trabalhar ou circular pela cidade está conseguindo comprá-la. Devido também à pandemia, que vem dificultando a chegada de peças e componentes às fábricas de motocicletas, que se concentram no Polo Industrial de Manaus (PIM), no Amazonas, a produção está sendo bem menor do que a demanda.

O resultado é que está faltando de 100 mil a 150 mil motos no mercado, segundo cálculos da Abraciclo, a associação que reúne os fabricantes do setor.

A estimativa da entidade é de que a produção nacional tenha sido 50% menor que o necessário em janeiro, atrasando a recomposição dos estoques. A situação ficou tão delicada que quatro montadoras de Manaus – Honda, Dafra, Ducatti e Suzuki – tiveram que paralisar a produção à espera de peças.

A Abraciclo projeta que a produção no PIM deverá superar por margem estreita a marca de 1 milhão de motos, chegando a 1,06 milhão, atingindo, assim, expansão de apenas 10,2% na comparação com as 961.986 unidades produzidas em 2020, desempenho considerado bastante fraco.

O volume de 2020 representou uma queda de 13,2% sobre 2019 e de 7,2% diante de 2018. De qualquer modo, ficou acima de 2016 e 2017, quando a indústria de Manaus produziu menos de 900 mil motocicletas em cada ano. (texto: Alberto Mawakdiye)

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