O papel do no-break na migração para a energia solar
Pedro Al Shara (*)
O processo de transformação digital tem aumentado consideravelmente a quantidade de equipamentos nas empresas e nas casas e, consequentemente, o consumo energético. Líderes e empresários já têm discutido e procurado alternativas visando melhorar o desempenho operacional, aumentar a eficiência energética, evitar interrupções não planejadas e reduzir custos. E nesse cenário, os sistemas de energia fotovoltaica, tecnologia que transforma luz em energia elétrica, vêm apresentando uma trajetória animadora nos últimos anos.
O Brasil detém um dos melhores índices de irradiação solar do planeta e essa característica abundante vem fazendo a fonte de energia fotovoltaica nacional crescer substancialmente. De acordo com o banco de dados da Agência Nacional de Energia (Aneel), o número de instalações de unidades geradoras fotovoltaicas triplicou em 2019 e, em 2020, apesar dos impactos causados pela pandemia, o mercado solar brasileiro segue em crescimento e com excelentes perspectivas. Segundo a agência, foram registradas mais de 74 mil novas instalações no primeiro semestre de 2020, somando uma potência de 898 megawatts.
Em razão desse cenário, recentemente, o governo brasileiro decidiu incluir uma série de equipamentos de energia solar, como módulos fotovoltaicos, inversores e outros componentes especiais, em uma lista de bens de capital cujos impostos de importação estão zerados até o final de 2021. A medida deve ajudar a impulsionar negócios neste momento em que a desvalorização do real frente ao dólar aumenta custos de componentes para geração com a tecnologia, que depende principalmente de importações da China.
O conceito dessa tendência se refere a um sistema capaz de gerar energia elétrica por meio da radiação solar, dividido em duas categorias: os Sistemas Conectados à Rede (on-grid) e Sistemas Isolados (off-grid). No primeiro caso, o imóvel onde o sistema está instalado permanece conectado à rede pública de distribuição de energia elétrica. O que é captado do sol e convertido em eletricidade é usado pelo próprio imóvel e o que sobra é entregue à concessionária, que concede créditos ao consumidor. Já nos Sistemas Isolados, a energia gerada está “fora da rede”, ou seja, opera de forma autônoma e sem integração à rede pública.
A energia produzida pelos painéis está em corrente contínua, a mesma usada em pilhas e baterias de smartphones, por exemplo. As tomadas de uma casa, porém, utilizam corrente alternada. Quem faz essa conversão, de corrente contínua para corrente alternada, é o inversor, aparelho que trabalha junto das células fotovoltaicas. Depois dessas duas etapas – a captação da luz solar e a conversão em corrente alternada -, a energia está pronta para uso.
Mas, e caso a irradiação solar captada seja insuficiente para abastecer o local ou algum agente externo interfira no funcionamento dos painéis, como proceder? É neste momento que outro equipamento entra em ação e desempenha um papel importante no ecossistema de energia fotovoltaica, trabalhando paralelamente aos módulos e inversores: a fonte de alimentação ininterrupta (UPS), também conhecida como no-break.
Quando não há energia convertida disponível para uso, o modelo on-grid passa a ser alimentado pela rede elétrica pública. Nessa hora, o no-break fica responsável por filtrar a eletricidade que chega aos aparelhos eletrônicos do local, protegendo-os dos distúrbios como curto-circuito ou sobtensão. Já no sistema off-grid, além de continuar mantendo a rede mais estável e limpa, o no-break apresenta uma função adicional: ele atua fornecendo a energia necessária, armazenada previamente em suas baterias para garantir o fornecimento em períodos sem sol ou durante a noite.
Além disso, outro ponto importante é lembrar que sistemas de energia desatualizados afetam a operação e aumentam a probabilidade de erros e tempo de inatividade não planejado. Por isso, instalar uma rede de no-breaks que forneça acesso e suporte instantâneos a informações operacionais críticas, por exemplo, é uma boa estratégia para administrar esses sistemas, em que os impactos derivados dessa carência retardam tanto as ações das empresas como as dos usuários finais.
A energia solar eleva o desempenho energético a um novo patamar, garantindo qualidade, segurança e retorno financeiro. Além de tornar a geração e distribuição de energia em lugares remotos mais fáceis, esse modelo incentiva o desenvolvimento de redes cada vez mais inteligentes, o que pode ser considerada o primeiro passo para as cidades e empresas trilharem seu caminho para a era digital.
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(*) O autor é CEO da TS Shara.