Demanda doméstica sustenta o desempenho da indústria de bens de capital
O setor de bens de máquinas e equipamentos vem sendo sustentado pela demanda doméstica no Brasil, indicam os dados divulgados pela Abimaq no dia 28 de outubro. No acumulado de janeiro a setembro, a receita líquida total do setor foi de R$ 97.254, 77 milhões, com queda de 1,3% em relação ao mesmo período de 2019. Porém, a receita líquida interna acumulada nos nove primeiros meses do ano, no valor de R$ 69.401,21 milhões é 3,5% superior à observada no mesmo período de 2019. O consumo aparente, indicador mede parcela da produção doméstica destinada ao mercado interno somada das importações, também foi positivo. O acumulado de R$ 136.321,52 milhões é 7,4% maior.
Os dados referentes ao mês de setembro de 2020 também confirmam a normalização das atividades produtivas do setor, como já mostravam os indicadores do mês de agosto. No mês de setembro de 2020, a receita líquida total de R$ 13.935,02 milhões é 9,8% superior a do mês de agosto e 13,3% maior que do mesmo mês do ano anterior.
A receita líquida interna também apresenta indicadores positivos em setembro. O valor de R$ 10.435,59 milhões é 8,4% maior que no mês anterior e 22,5% maior que no mesmo mês de 2019. Com o consumo aparente acontece o mesmo. O volume de R$ 17.272,75 milhões é 5,1% maior que no mês anterior e 13,8% superior ao do mesmo mês de 2019.
Outro fator que ratifica a normalização das atividades é o número de pessoas empregadas no setor. Em setembro, o setor registrou 314,809 mil pessoas ocupadas, 2% a mais que em agosto e 2,3% a mais que em setembro de 2019. É o terceiro mês consecutivo que se observa a recomposição de vagas perdidas durante a pandemia. A continuidade no aumento do número de empregos no setor, porém, não está garantida e depende da expansão da capacidade instalada nos próximos meses.
A considerar o nível de utilização da capacidade instalada em setembro, é pouco provável que haja aumentos mais significativos nas contratações. Em setembro, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em 75%, com queda de 1,2% em relação ao mesmo mês de 2019. Porém, em relação a agosto de 2020, houve crescimento de 3,4%.
Outro fator que pode incentivar ou desestimular a contratação de pessoal é carteira de pedidos, que vem oscilando em torno de 9 semanas. No mês de setembro, a carteira de pedidos caiu 4,7% em relação a agosto – de 9,5 semanas para 9 semanas -, mas em relação ao ano anterior há um aumento de 7,9%.
EXPORTAÇÕES – As vendas externas de máquinas e equipamentos caíram pelo sétimo mês consecutivo. Em setembro, as exportações no valor de US$ 648,11 milhões foram 17,3 maiores que no mês de agosto, mas caíram 23,7% na comparação com setembro de 2019. No acumulado do ano, as exportações de US$ 5.331,78 são 27,7% menores que no mesmo período de 2019.
A queda nas exportações ocorre de maneira generalizada em todos os principais destinos de exportação. No acumulado de janeiro a setembro, as exportações para o principal parceiro comercial do setor, os EUA, caíram 31%. Para a América Latina, as exportações caíram 24,1%; para a Argentina, o segundo principal parceiro comercial houve redução de 15,9%. Para o mercado europeu, também houve queda de 31,6%.
IMPORTAÇÕES – As compras de máquinas e equipamentos do exterior também estão menores por conta da desaceleração da economia, embora as importações de agosto para setembro tenham aumentado 3,2%, para US$ 1.110, 76 milhões. O valor, porém, é 15,2% menor que no mesmo mês de 2019. No acumulado de janeiro a setembro, as importações somaram US$ 11.382,80 milhões, com queda de 7,4% em relação ao mesmo período de 2019.
No acumulado do ano, alguns setores se destacaram pelo aumento nas compras do exterior. São eles: máquinas para petróleo e energia renovável (+3,2%) e máquinas para infraestrutura e indústria de base (+22,7%). Já os que se destacaram pela redução no volume de importações são: máquinas agrícolas (-28%); máquinas para bens de consumo (-23,1%) e máquinas para a indústria de transformação (-19,8%).
Entre os países que aumentaram as vendas de máquinas e equipamentos para o Brasil no acumulado até setembro estão: Estados Unidos (+2,7%); Alemanha (+5,3%) e Reino Unido (6,8%). Por outro lado, as importações desde a China recuaram 6,2%; da Itália 19,6% e do Japão 11,4%. (texto: Franco Tanio)