“O setor de máquinas está bombando”
“O setor de máquinas está bombando.” É assim que José Velloso (foto), presidente executivo da Abimaq/Sindimaq, descreve o momento que vive a indústria brasileira de bens de capital mecânicos, destacando que depois de abril de 2020 as vendas do setor vêm crescendo mês após mês. Em 2020, o setor cresceu pouco mais de 5% em relação ao ano anterior. Nesse ano, as expectativas são de crescimento de 13,5%.
Os investimentos que a indústria de máquinas vem realizando no próprio setor sugerem que o empresário da indústria está confiante. Em 2020, os investimentos totalizaram R$ 5,1 bilhões; em 2021 a projeção é que os investimentos somem R$ 7 bilhões.
Os resultados dos dois primeiros de 2021 justificam o otimismo. A receita líquida total de R$13.875,49 milhões em fevereiro de 2021 representa crescimento de 6,3% em relação a janeiro e de 18% na comparação com os mesmo mês de 2020. No acumulado dos últimos 12 meses, a receita totalizou R$ 160.634,68 milhões, o que reflete o crescimento de 9,3% em relação ao mesmo período anterior, de acordo com dados divulgados pela Abimaq em coletiva de imprensa virtual, realizada no dia 31 de março.
Os dados referentes ao mercado doméstico brasileiro são ainda mais vistosos. A receita líquida interna de R$ 10.627,93 milhões em fevereiro é 6,2% superior à do mês de janeiro e 35,6% maior que do mesmo mês de 2020. No acumulado dos últimos 12 meses, a receita interna de R$ 117.802,67 milhões é 17,5% maior que no mesmo período anterior.
O consumo aparente de R$ 18.441,75 milhões no mês de fevereiro é 2% menor que no mês de janeiro e 11,2% inferior ao do mesmo mês de 2020. No acumulado dos últimos 12 meses, porém, o consumo aparente de R$ 214.079,56 milhões é 7,5% maior que no mesmo período anterior.
Apesar do bom momento vivido pelo setor, é importante lembrar que a receita setorial ainda segue em média 22% abaixo do pico experimentado entre os anos 2010 e 2013.
O bom desempenho setorial é puxado pelo mercado doméstico. De acordo com Velloso, há segmentos como de máquinas-ferramenta para processamento de metais que “vão muito bem”. Outros segmentos que apresentam bom desempenho são os de automação, bombas e motobombas, papel e celulose, máquinas para infraestrutura, geração e transmissão de energia, entre outros.
Um segmento que está com a carteira de pedidos recheada é o de máquinas para processamento de plásticos. “Alguns fabricantes só têm previsão de entrega para daqui um ano ou mais”, informa o executivo da Abimaq, destacando um fabricante de máquinas para sopro, que estava “menos otimista” tinha pedidos para até outubro de 2021.
Com o mercado doméstico aquecido, o nível de capacidade de produção ocupada das empresas do setor aumenta e chegou a 74,8% em média em fevereiro, estável em relação a janeiro, e 1,2% acima de fevereiro de 2020, quando a taxa média era de 73,9%.
De acordo com José Velloso, quando a taxa de ocupação da capacidade instalada atinge 75%, a luz amarela acende e as indústrias começam a fazer planos para aumentá-la. “Quando chega a 85%, compram máquinas”, diz, explicando que o investimento se torna necessário para garantir a entrega das encomendas. Ele frisa que 74,8% de ocupação da capacidade é a média, podendo assim haver empresas com maior ou menor ocupação da capacidade.
A carteira de pedidos, medida em número de semanas, registrou uma pequena queda na ponta (1,4%), porém se manteve 24,2% acima da observada em 2020. Atualmente o setor conta com 11,4 semanas de carteira de pedidos.
EXPORTAÇÕES – O indicador setorial que segue patinando são as exportações. Em fevereiro de 2021 as vendas externas somaram US$ 599,57 milhões, o que indica aumento de 9,8% em relação a janeiro, mas uma queda de 20,3% em relação ao mesmo mês de 2020. No acumulado de 12 meses, as exportações somaram US$ 7.174,14 milhões, queda de 24,3% em comparação com o mesmo período anterior.
A boa notícia é que, no primeiro bimestre de 2021, houve recuperação das vendas de máquinas para países da América Latina – o crescimento foi de 12,1%. A China, que conseguiu superar a crise rapidamente, também registrou aumento nas aquisições de máquinas e equipamentos brasileiros. Por outro lado, as exportações de máquinas para os EUA recuaram 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, as vendas para os países da zona do euro, que ainda patinam no processo de recuperação em razão do recrudescimento da pandemia de Covid-19, recuaram 49,4%.
IMPORTAÇÕES – As importações de máquinas somaram US$ 1.265,44 milhões no mês de fevereiro, queda de 8,9% em relação a janeiro e de 41,8% na comparação ao mesmo mês de 2020. No acumulado dos últimos 12 meses, as importações totalizaram US$ 14.172,72 milhões, uma redução de 19% em relação ao mesmo período anterior.
Para a Abimaq, o real desvalorizado, combinado com os elevados custos de fretes, possivelmente pesou na decisão de investir em máquinas estrangeiras. A forte queda 41,8% em fevereiro também se deve à base de comparação elevada pelos investimentos no setor de mineração – em fevereiro de 2020 houve investimento importante em máquinas com origem nos Estados Unidos.
EMPREGOS – O quadro de pessoal da indústria brasileira de máquinas e equipamentos continua em expansão. O mês de fevereiro de 2021 registrou o oitavo crescimento consecutivo no número de pessoas empregadas. A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de fevereiro com 337.725 pessoas empregadas diretamente. Em relação ao mês de fevereiro de 2020, foram criados 32.326 postos de trabalho no setor. (texto: Franco Tanio/foto: Abimaq/divulgação)