Eletrônica e Informática

Programa promove protagonismo feminino na área de tecnologia

As mulheres interessadas em atuar na área de TI têm um novo espaço à disposição delas. Foi lançado pela prefeitura de São Paulo no último dia 8 de março – justamente o Dia Internacional da Mulher – o programa “Empreendedoras Digitais”, cuja finalidade é a de promover o protagonismo feminino por meio da capacitação e do desenvolvimento de empresas de base tecnológica.

Em termos práticos, a meta é capacitar 300 mulheres e gerar 30 startups que serão acompanhadas em um processo de pré-aceleração, a ser realizado na capital paulista. O programa, que terá o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), será desenvolvido no dia a dia pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) e pela Agência São Paulo de Desenvolvimento (Ade Sampa).

“O futuro da economia da cidade de São Paulo está, sem dúvida, na tecnologia, mas queremos que este crescimento seja socialmente justo, abrindo oportunidades para aqueles que mais precisam”, disse durante a solenidade de lançamento o prefeito de São Paulo, Bruno Covas. “É esta filosofia que está por trás do programa ‘Empreendedoras Digitais’, a intenção é abrir espaço para que as mulheres também se fortaleçam nesta tão importante área que é a Tecnologia da Informação”.

O investimento inicial do programa será de R$ 500 mil e vai atender totalmente a proposta de formação e preparação das novas empreendedoras. Depois, através da Finep, serão revertidos mais R$ 500 mil, para premiar as cinco melhores startups criadas ao longo do programa, e que também se mostrarem as mais promissoras.

SUBALTERNIDADE – O programa pode depois ser estendido, sob os auspícios do Ministério da Ciência e Tecnologia, para outras cidades do país. São Paulo foi a cidade escolhida para dar o “‘start” por ter sido apontada pela Women Entrepreneur Cities Index (WE-Cities) como um dos 25 melhores locais do mundo para as empreendedoras.

De fato, em São Paulo as microempreendedoras já compõem 45% do total. Em outros aspectos, no entanto, o cenário paulistano é parecido com o restante do Brasil em se tratando do universo da TI. Apenas cerca de 20% da força de trabalho do mercado formal de Tecnologia da Informação no país é constituído de mulheres. E em São Paulo há ainda o agravante de que a presença de mulheres em posições de liderança, especialmente no ambiente de startup, ainda é muito pouco significativa, caso não sejam elas mesmas as empreendedoras.

E vem sendo observada em todo o país uma tendência ao rebaixamento do papel das mulheres na área de TI, tanto em termos quantitativos como qualitativos.  Através dos dados disponíveis na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), a Softex apurou que no período de 2007 a 2017 fatores como a evolução da participação por gênero, a diferença da remuneração entre homens e mulheres, a ocupação de cargos, a valorização por regiões e a escolaridade, foram todos a favor dos homens.

Em 2007, as mulheres ocupavam 24% dos postos de trabalho nos setores econômicos tipicamente de TI e os homens 76%. Embora a quantidade de mulheres tenha praticamente dobrado de 2007 para 2017 – 21.253 para 40.492 -, o número de homens aumentou 144%, de 67.106 para 163.685. Ou seja, em dez anos, a participação da mulher neste mercado diminuiu de 24% para cerca de 20%.

Quanto à remuneração por gênero, tanto em 2007 quanto em 2017 a média entre os homens foi superior à média entre as mulheres – e com viés de alta em todo o período. Se em 2007 os homens ganhavam 5,34% mais, em 2017 essa diferença mais do que dobrou, passando para 11,05%. Isso, em todas as ocupações.
A Região Norte é onde as mulheres têm proporcionalmente mais anos de formação, sendo que 72% delas têm ensino superior, mestrado ou doutorado. Entre os homens, esse percentual é de 61%. O quadro se repete em menor escala nas outras regiões brasileiras. Assim, embora de maneira geral os homens ganhem mais que as mulheres e ocupem os melhores cargos, são elas as mais cultas e bem formadas. (Alberto Mawakdiye)

FONTE: IPESI

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