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Receita do setor de máquinas e equipamentos recua em setembro

A expectativa da queda na receita do setor de máquinas e equipamentos em setembro se confirmou: no mês a receita líquida total de R$ 25.086,69 milhões é 10,8% menor que a de agosto e 16,5% abaixo do mês de setembro de 2022. A receita acumulada de janeiro a setembro, de R$ 219.579,73, é 9,5% menor que no mesmo período do ano anterior.

 

A receita obtida no mercado doméstico no mês de setembro somou R$ 19.359,06 milhões, 7,5% menor que do mês de agosto e 20,8% inferior ao do mesmo mês de 2022. No acumulado de janeiro a setembro, a receita interna de R$ 166.857,96 milhões é 14% menor que no mesmo período de 2022.

 

“Os números vieram fracos de novo”, diz diretora-executiva de Economia Estatística e Competitividade da Abimaq, Cristina Zanella, que espera recuperação do mercado no último trimestre do ano. Ela projeta que o setor fechará 2023 com queda na receita de 6,3%. Essa recuperação deverá ser sustentada principalmente pelas exportações, que apresentam bom desempenho e tiveram as projeções revistas para cima: crescimento de 12,3%.

 

“Se a projeção se confirmar, teremos a melhor performance da história, superando os US$ 13 bilhões em exportações no ano”, afirma Cristina Zanella, acrescentando que quando o mercado interno está arrefecido, as empresas acabam buscando o mercado externo até para poder manter suas operações e o quadro de funcionários, já que os trabalhadores do setor costumam ser especializados e a formação de quadros é uma atividade que demanda tempo e recursos financeiros. De fato, o número de pessoas empregadas pelas indústrias do setor apresenta uma certa estabilidade, apesar da queda no faturamento de 9,6% nos últimos 12 meses. Em setembro, havia 390,879  mil pessoas empregadas, 0,5%  menos que no mês de agosto e 2,1% menos que no mesmo mês de 2022. “O setor também adquiriu experiência ao longo do tempo para exportar”, comenta.

 

EXPORTAÇÕES – As exportações setoriais recuaram no mês de setembro para US$ 1.160,15 milhões, 20,7% menor que no mês anterior. Porém, o volume é 11,7% maior que de setembro de 2022. No acumulado do ano, as exportações cresceram 17,3%, para US$ 10.462,12 milhões.

 

No acumulado de janeiro a setembro de 2023, houve aumento das exportações de máquinas e equipamentos para praticamente todos os mercados geográficos. Dentre os mercados com maior relevância, se observou queda apenas nas vendas para o Chile, Colômbia, China e Uruguai.

 

A maior parte das exportações foi direcionada para a América do Norte que consumiu no período 34,9% das exportações totais. A América do Sul absorveu 33% do total de máquinas e equipamentos exportados. Nessa região, a Argentina foi responsável por pouco mais de um terço dos 33%, ou 11,3% do total das exportações. O mercado europeu adquiriu quase 14% das máquinas e equipamentos exportados pelo Brasil, após registrar incremento de 27,9%.

 

IMPORTAÇÕES – As importações de máquinas e equipamentos em setembro foram de US$ 2.131,78 milhões, 17,3% menos que em agosto e 6,8% inferiores ao do mesmo mês de 2023. No acumulado de janeiro a setembro totalizaram US$ 20.308,78 milhões, 11,2% a mais que no mesmo período do ano passado.

 

De acordo com o relatório da Abimaq, “mesmo com a desaceleração nas importações, os dados recentes indicam perda de competitividade do bem nacional ante o importado. Até o mês de setembro de 2023 os equipamentos importados ganharam quase 4 p.p. do consumo aparente de máquinas e equipamentos no Brasil.”

 

No ano, ainda que as importações tenham tenha encolhido , em setembro, o crescimento foi generalizado. Se destacaram, entre os diversos setores, os fabricantes de bens de consumo, agrícola e extração de petróleo, por terem registrado crescimento das importações acima da média dos demais setores da economia.

 

Entre as principais origens das importações, China, EUA, Alemanha e Itália lideram o ranking. A China, mesmo tendo registrado queda na participação nas importações nacionais de máquinas e equipamentos, de 27% em 2022 para 25,4% em 2023, se manteve como a principal origem das importações.

 

Dos US$ 5,1 bilhões importados da China mais de 50% são de de componentes (31% ) e de máquinas para logística e construção civil (23,2%). No ano houve, ganho da participação dos bens com origens nos EUA e na Alemanha, que cresceram para 19,3% e 13,3%, respectivamente. Dos Estados Unidos e da Alemanha, além dos componentes (34%), são adquiridos em maior proporção as máquinas utilizadas na indústria de transformação de metais (16,8%).

 

CONSUMO APARENTE – O consumo aparente em setembro foi de R$ 30.303,80 milhões, 11,2 menos que no mês de agosto e 19,9% abaixo do mesmo mês de 2022. No ano, o consumo aparente de R$ 274.087,95 milhões é 9,4% menor que no mesmo período de 2022.

 

PEDIDOS E CAPACIDADE OCUPADA – O nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira do setor registrou queda de 0,2% no mês de setembro, devolvendo parte da recuperação do mês de agosto, atingindo 75,2%. Em setembro o setor operou, em média, com 1,9 turno. Em relação ao setembro de 2022 o nível de utilização da capacidade instalada ficou 4,4 p.p abaixo. Naquele período o setor atuava com 79,6% da sua capacidade instalada.

 

A carteira média de pedidos do mês setembro de 2023 também recuou e atingiu a média de 9,7 semanas de atividade, valor mais baixo do ano. O resultado foi puxado pela piora nas encomendas de máquinas para construção civil, agrícolas e para a indústria de transformação.

Nos setores fabricantes de máquinas para bens de consumo, componentes e para infraestrutura, houve melhora na carteira de pedido no mês de setembro.  (Franco Tanio)

 

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