Receita do setor de máquinas e equipamentos recua mais de 21% em janeiro

Os investimentos em máquinas e equipamentos continuam em queda no Brasil. Foram dois anos consecutivos de recuos e o setor inicia o terceiro com receita líquida total de R$ 16.391,46 milhões em janeiro de 2024, 13,3% menor que no mês de dezembro de 2023 e 21,7 % menos que em janeiro de 2023, conforme dados divulgados pela Abimaq, no dia 28 de fevereiro. A entidade, porém, prevê crescimento de cerca de 3% nas receitas setoriais em 2024, em relação ao anterior, de acordo com o analista de Economia e Estatística da Abimaq, Leonardo Silva que acredita numa melhora gradativa nos negócios ao longo do ano.
O mercado doméstico arrefecido puxa a receita setorial para baixo. A receita líquida interna de R$ 11.144,91 milhões em janeiro é 16,9% menor que a obtida em dezembro de 2023 e 28,5% abaixo da observada no primeiro mês de 2023. Para Silva, os juros ainda são elevados, apesar do ciclo de queda da taxa Selic, e inibem os investimentos em máquinas e equipamentos. Além disso, as empresas ainda encontram dificuldades para obter financiamento.
O volume de exportações em janeiro de US$ 1.067,59 milhões, embora tenham recuado 4,5% em relação a dezembro, é 7,3% superior ao observado em janeiro de 2023. “As exportações em dólares registraram desempenho positivo (7,3%), mas o real relativamente apreciado resultou em retorno negativo ao produtor”, diz o relatório da Abimaq distribuído para a imprensa. Apesar da ressalva, é importante notar que as exportações medidas em quantidades físicas também registraram crescimento neste início de ano. Em relação ao mês de janeiro de 2023 o crescimento foi de 11,5% e em relação a dezembro de 2023 de 0,3%.
No mês de janeiro de 2024 houve crescimento nas exportações de máquinas e equipamentos em relação ao mês de dezembro de 2023 em 4 dos 7 grupos setoriais monitorados.Dentre os grupos que registraram maior crescimento apareceram os produtores de máquinas para a indústria de transformação, tanto as direcionadas para fabricação de bens duráveis como de não duráveis, houve também crescimento nas exportação de equipamentos para petróleo.
Na comparação com janeiro de 2023 houve variação positiva em 4 dos 7 grupos. A maior taxa de crescimento ocorreu nas exportações de máquinas para infraestrutura (74%), por conta de um grande projeto de tratamento de água direcionado para Cingapura.
Na mesma comparação, o setor registrou ainda aumento nas exportações de componentes e de máquinas para transformação industrial.
Com houve forte aumento das exportações de máquinas e equipamentos para Cingapura, a cidade-estado passou a ser o segundo principal destino das exportações nacionais de máquinas e equipamentos, saltando de uma participação de 0,8% em janeiro de 2023 para 10,2% das exportações em janeiro de 2024. As exportações para os Estados Unidos também cresceram (+23%), para o México (+28%) e para o Paraguai (+29%). Para a Argentina, que no ano passado chegou a absorver quase 14% das exportações, houve uma queda de 56%.
De forma geral as exportações de máquinas produzidas no Brasil foram direcionadas para os países da América do Norte que consumiram no período 40% do total. A América do Sul absorveu 25% do total de máquinas e equipamentos exportados pelo país.
IMPORTAÇÕES – Em janeiro de 2024, as compras de máquinas e equipamentos produzidas no exterior somaram US$ 2.298,67 milhões, 4,8% a mais que em dezembro de 2023 e 7,3% acima das observadas em janeiro do ano passado. Em quantidades físicas, hoube crescimento de 6,6% e em relação a janeiro de 2023 e em relação a dezembro passado o aumento foi de 10,8%.
“O crescimento das importações ocorreram a despeito da queda no consumo de máquinas no Brasil, a partir, portanto, do deslocamento da produção nacional”, diz o relatório da Abimaq. No mês de janeiro de 2024, apenas 48,7% das aquisições foram de máquinas produzidas localmente. As importações representaram mais de 51%.
Entre as principais origens das importações, China, EUA, Alemanha e Itália lideram o ranking. A China, em 2024, voltou a registrar crescimento no mercado nacional depois do leve recuo observado em 2023, e se mantém com folga como a principal origem das importações. A China foi responsável em janeiro de 2024 por 32% de todas as máquinas que entraram no Brasil.
A China, desde 1997, vem apresentando firme tendência de ocupação do mercado mundial e nacional de máquinas e equipamentos. No comércio internacional só está atrás da Alemanha e, no nacional, é o principal fornecedor estrangeiro.
Do consumo aparente nacional, R$ 3,9 bilhões são referentes a produtos chineses – 17% de tudo que o Brasil adquiriu em máquinas e equipamentos em janeiro 24 é de origem chinesa
NUCI – O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria brasileira de máquinas e equipamentos caiu para 71,1% no mês de janeiro e ficou 4,4% abaixo do nível observado no final de 2023 (74,4%). Em média, o setor operou com 2 turnos.Nos últimos 12 meses ano o setor atuou em média com 75,3% da sua capacidade instalada.
A carteira média de pedidos durante o mês janeiro foi de 9,2 semanas.
Dentre os setores fabricantes, os que estão com carteira baixa são os que produzem máquinas destinadas à indústria, para agricultura e para construção civil.
EMPREGOS – Em janeiro de 2024 houve recuperação de parte da mão de obra perdida em 2023, somando 389,166 mil pessoas, mas continua com 10,123 pessoas a menos no quadro de pessoal quando comparado com o mês de setembro de 2022, período que registrou número recorde de pessoas empregadas no setor.
Em relação ao mesmo mês do ano passado o setor encolheu 0,9% a sua força de trabalho. Os setores que registraram os maiores cortes no nível de pessoas empregadas foram os destacados pela piora na receita já em 2023: os fabricantes de máquinas agrícolas e de máquinas para a indústria de transformação.
O setor fabricante de máquinas para bens de consumo, que já registra recuperação na sua receita, ainda opera com número de pessoas inferior ao de 2023. (Franco Tanio)