Eletrônica e Informática

Represa Billings recebe a primeira usina fotovoltaica flutuante de São Paulo

 

 

 

Começou a operar no final de fevereiro a primeira usina solar flutuante da cidade de São Paulo. O equipamento foi implantado na represa Billings, na zona sul, pela Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima), por meio da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) em parceria com a empresa de energia Sunlution. O projeto exigiu investimentos de R$ 450 mil em equipamentos.

 

A usina – que, como as convencionais situadas em terra firme, gera energia a partir da radiação solar – funcionará em regime experimental por 90 dias. O teste servirá para avaliar a viabilidade da implantação de usinas semelhantes nos reservatórios da capital paulista. Se o resultado for positivo, a Emae abrirá uma nova chamada pública para implantação de outras nas represas Billings e Guarapiranga.

 

“O uso deste tipo de usina tem por objetivo ampliar o uso de fontes alternativas na geração de energia elétrica em São Paulo”, diz o titular da Sima, Marcos Penido. “É preciso buscar opções energéticas – de preferência em parceria com a iniciativa privada e com a população – a fim de investirmos com seriedade no desenvolvimento ambientalmente sustentável”, acrescenta o secretário.

 

O equipamento da Billings ocupa uma área de 1 mil m² junto da usina elevatória de Pedreira, e tem 100 kW de potência. A ideia é de que, em um primeiro momento, ele gere energia para alimentar um dos escritórios da Emae.

 

A operação de uma usina flutuante – modelo que está se disseminando também em países como os Estados Unidos, Japão, China, Holanda e Reino Unido – é praticamente idêntica à de uma usina tradicional. A diferença é que os painéis solares são montados sobre as águas. Outra, é que ela gera mais energia do que as usinas em terra ou no telhado, de até 15% em locais onde o nível de irradiação solar é menor.

 

O aumento de geração de energia se deve ao natural resfriamento da temperatura dos painéis fotovoltaicos quando instalados em espelhos d’água. A tecnologia também reduz a taxa de evaporação da água em até 70% na área coberta pelos flutuadores, o que representa uma adição do volume hídrico de cerca de 20%, e contribui para a redução da proliferação de algas.

 

Uso agrícola – Além da planta da represa Billings, já há outras três usinas solares flutuantes implantadas por instâncias governamentais em operação no Brasil: a da hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo, no Amazonas; a do lago da hidrelétrica de Rosana, no interior de São Paulo; e a do reservatório da hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, instalada pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e cuja capacidade, quando inteiramente concluída, será de 1 MW-pico de energia. O empreendimento aproveitará a enorme área represada do rio São Francisco.

 

A primeira usina solar flutuante em operação no Brasil, no entanto, é de uma propriedade rural: a fazenda Figueiredo das Lages, em Cristalina, Goiás, cujo dono aproveitou uma lagoa artificial, abastecida com águas das chuvas por captação dos telhados e utilizada para irrigação, para instalar 1.150 painéis fotovoltaicos.

 

Os painéis geram 304 kW-pico, o que garante uma produção estimada de 50 MW/h/mês. A energia produzida na propriedade equivale às necessidades anuais de consumo de mais de 170 domicílios populares brasileiros.

 

Para especialistas, o uso mais indicado das usinas solares flutuantes, no Brasil, deverá ser pela agropecuária, já que o país dispõe de grandes áreas ocupadas por represas de hidroelétricas nas zonas rurais. Uma das utilizações das usinas flutuantes na agricultura é, por exemplo, na produção de energia para bombeamento de água destinada às plantações.

 

De acordo com um estudo da paulista Universidade de Campinas (Unicamp), seria possível aumentar em pelo menos 70% a geração energética brasileira usando apenas 8% da área total dos reservatórios hidrelétricos, com acréscimo anual de cerca de 400 mil GW, o que corresponde a aproximadamente 70% de todo o consumo nacional. Outra vantagem do uso das represas de hidrelétricas é que as usinas poderiam compartilhar a estrutura de linhas de transmissão já instaladas nelas. (texto: Alberto Mawakdiye/foto: Sima/divulgação)

 

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