Sensor mede com precisão o volume de leite em tanques de resfriamento

Uma startup de Minas Gerais, a Volutech, deve começar a comercializar no segundo semestre deste ano um equipamento de alta tecnologia capaz de medir, com grande precisão, o volume de leite em tanques de resfriamento.

 

A novidade pode substituir as tradicionais réguas de medição, relativamente eficientes, mas que são instáveis na apuração do volume real do produto, se o tanque não estiver nivelado adequadamente, o que acontece amiúde.

 

Batizado de Volutech – o mesmo nome da empresa, que é sediada em Viçosa, cidade mineira que é importante centro universitário (fica lá, dentre outras, a respeitada Universidade Federal de Viçosa), o equipamento foi desenvolvido para impactar positivamente os ganhos de produtores e laticínios.

 

A inovação surgiu do “Desafio de Startups” promovido pela Embrapa Gado de Leite, unidade da instituição de pesquisa localizada no vizinho município de Juiz de Fora, também em Minas Gerais. O objetivo do concurso foi incrementar o chamado “Leite 4.0”, por meio de tecnologias de baixo custo e simplicidade operacional.

 

O Volutech atende todos estes requisitos – é sofisticado, mas fácil de manejar, e tem baixo custo, devendo focar num primeiro momento o mercado de laticínios. Basicamente, é um equipamento com cerca de 20 cm de comprimento, dotado de sensores que enviam informações para um servidor remoto, que por sua vez tem acesso a laticínios e produtores.

 

A ferramenta é instalada na tampa dos tanques de resfriamento e também é capaz de registrar a temperatura do leite em diversos períodos do dia, os momentos em que o tanque foi aberto e se ocorreram picos de energia durante o resfriamento – o que pode fazer com que a temperatura varie, comprometendo a qualidade do produto.

 

DADO ESTRATÉGICO – A medição do volume no tanque de resfriamento é uma das operações mais estratégicas no controle da qualidade e da produtividade do leite. Para ter uma ideia, 1 cm de leite na régua de medição equivale a cerca de 3 litros por tanque – ou seja, o erro de um centímetro na régua pode equivaler a 3 litros de leite por tanque.

 

“Considerando que o Brasil possui algo em torno de 500 mil produtores com tanque de expansão, isso significa 1,5 milhão de litros de leite que podem estar sendo contabilizados pelos laticínios sem terem sido de fato recolhidos dos tanques”, explica Gustavo Duque, diretor da Volutech e estudante de Agronomia na Universidade de Viçosa. “O maior produtor de leite do país pode ser o erro da régua”.

 

Neste sentido, o equipamento deverá ser uma ferramenta útil principalmente para as indústrias de laticínios, mas isto não significa que não ajudará também os produtores, dado o interesse deles em saber, igualmente, qual o volume real do leite que será captado, até para efeito de melhorias no rendimento.

 

Na verdade, tanques de grande capacidade já possuem a medição eletrônica, mas estão fora do alcance dos pequenos e médios produtores, além de não possuir o mesmo nível de conectividade e interatividade. “O novo equipamento será o primeiro a entrar no mercado tendo esse público como foco”, destaca Gustavo Duque.

 

O equipamento está em fase final de testes para entrar no mercado com todos os ajustes concluídos. Os experimentos estão sendo realizados em quatro fazendas. Três delas estão em Minas Gerais e fornecem leite para o laticínio da Universidade de Viçosa, onde a maior parte dos membros da startup estuda ou se formou. Parte da equipe integra o programa “Família do Leite”, promovido pela universidade.

 

A ideia de criar o produto surgiu durante o hackathon (chamado de Vacathon) promovido pela Embrapa em 2018. Os estudantes investiram no projeto e, no ano seguinte, o equipamento estava pronto para participar do concurso da Embrapa.

 

“Foi, aliás, na visita ao campo experimental da Embrapa Gado de Leite que a nossa ideia surgiu”, relembra o empreendedor. “Ao ver o funcionamento do tanque de expansão, a gente se perguntou sobre como um equipamento tão caro podia ser tão vulnerável na medição do volume. E resolvemos investir numa solução”.

(texto: Alberto Mawakdiye/foto: divulgação)