Setor de máquinas e equipamentos cresce de julho para agosto, mas recua no acumulado do ano
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos apresentou crescimento na passagem de julho para agosto. A receita líquida total de R$ 28.341,08 milhões do mês de agosto é 10,2% superior ao do mês de julho, mas 9% menor que no mesmo mês de 2021. A receita líquida interna de R$ 21.859,03 milhões é 7,8% maior que a de julho (12,9% a menos que no mesmo mês de 2021) e o consumo aparente de R$ 34.732,32 milhões é 9,4% maior que o de julho, mas 6,1% menor que de agosto de 2021.
No acumulado do ano, os resultados também são negativos. A receita líquida total de janeiro a agosto de R$ 205.786,37 milhões é 5,1% menor que a do mesmo período de 2021. A receita líquida interna de R$ 164.001,69 milhões é 6,9 % menor que a do mesmo período ano passado. O consumo aparente de R$ 256.060,74 milhões também recuou 7,2% na mesma comparação. Os dados foram divulgados pela Abimaq no dia 28 de setembro.
Com resultados, a Abimaq revisou para baixo as projeções para o ano, como havia antecipado Cristina Zanella, diretora-executiva de Economia Estatística e Competitividade da Abimaq, no mês de agosto. De acordo com ela, a entidade agora prevê queda nas receitas totais de 2,9% e redução mais acentuada de 3,6% nas receitas internas. Para as exportações, a previsão é de crescimento de 23%.
De fato, as exportações setoriais apresentam bom desempenho. Em agosto, as vendas externas somaram US$ 1.260,29 milhões – o melhor desempenho mensal desde outubro de 2012 – com crescimento de 25,5% em relação a julho e expansão de 28,2% em relação ao mesmo mês de 2021. No acumulado de janeiro a agosto, as exportações totalizaram US$ 7.884,82 milhões, com incremento de 28,2% na comparação ao mesmo período de 2021. Atualmente, as exportações representam cerca de 20% das receitas setoriais. Em unidades físicas o crescimento das exportações do período de janeiro a agosto foi de 13,7%.
Na comparação com o mês de julho, somente as exportações de máquinas para agricultura registraram retração (-2,8%).
No ano o crescimento atingiu todos os grupos de máquinas e equipamentos observados. Os destaques são o setor de setormáquinas para construção civil, que saltou no acumulado de
US$ 1,7 bilhão para 2,4 bilhão (+27,2%), e máquinas agrícolas que passou de US$ 914 milhões para US$ 1,2 bilhão em 2022 (+41,6%). Houve também forte crescimento das exportações de motores no grupo de componentes (+69%). “A indústria de máquinas e equipamentos, pelo segundo ano consecutivo, vem registrando crescimento da ordem de 30%”, diz o relatório da Abimaq.
No período de janeiro a agosto, ocorreu aumento das exportações para a maioria dos países. O aumento para países da América do Sul é o destaque, cujo crescimento foi de 47,1% ante o mesmo período do ano anterior. Houve aumento ainda nas exportações para os países da América do Norte (+27%) e para os países europeus (24,6%).
Os dados indicam que os países com maior proximidade geográfica intensificaram o relacionamento comercial em 2022. Nesse ano, a participação média histórica de países da América do Sul no total das exportações, voltou ao patamar de 37%, observado em período anterior a 2018.
IMPORTAÇÕES – As importações também aumentam. Em agosto, as importações do setor somaram US$ 2.301,03 milhões, com crescimento de 16,8% em comparação ao mês de julho e aumento de 27,5% em relação ao mesmo mês de 2021. No acumulado até agosto, as importações de US$ 15.933,73 milhões são 13,3% maiores que as do mesmo período de 2021.
De acordo com o relatório da Abimaq, “o crescimento observado na importação de máquinas e equipamentos durante o mês de agosto, atingiu todos os segmentos de mercado analisados. Dentre eles o de máquinas para construção civil e o de máquinas para bens de consumo foram os que registraram maior crescimento no período (38% e 37,5%, respectivamente).
No ano o crescimento das importações foi quase que generalizado – houve queda apenas nas importações de máquinas para bens de consumo (-3,3%). O maior crescimento percentual foi na importação de máquinas para agricultura (56,1%), mas em valores foi em máquinas para infraestrutura, cuja importação representou 32,3% do adicional no período.”
Entre as principais origens das importações, China, EUA,
Alemanha e Itália respectivamente lideram o ranking. No período de janeiro a agosto, as importações oriundas da China cresceram 19,8%, e passaram a representar 26,8% das máquinas importadas. A China, desde 2007, vem apresentando firme tendência de ocupação do mercado nacional de máquinas e equipamentos, passando de 6,9% para 26,8%, mais de 20 p.p. em 5 anos.
Dentre as demais regiões fornecedoras de máquinas para o Brasil, os EUA registraram crescimento de 8,9% em 2022, a Alemanha, recuo de 3,9% e Itália recuo de 6,3%.
USO DA CAPACIDADE INSTALADA – No mês de agosto de 2022 o nível de ocupação da capacidade instalada (Nuci) da indústria de máquinas e equipamentos subiu 0,4 p.p., anulando parte da queda observada em julho (0,7 p.p.) e ficou 5,3% abaixo no nível registrado em agosto de 2021.
Em média, o setor fabricante de máquinas e equipamentos, atuou, nos último 12 meses, com 80% da sua capacidade instalada.
A carteira de pedido, medida em número de semanas para o atendimento, estabilizou em 11,3, nível 6,9% abaixo do observado em agosto de 2021. No ano, a carteira de pedidos ficou 2,6% abaixo da observada no ano anterior, 11,6 semanas.
EMPREGOS – O número de pessoas empregadas na indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou aumento de 0,6% em relação ao mês de julho de 2022 e atingiu o patamar de 399 mil. Em relação ao mês de agosto de 2021, o setor ampliou o seu quadro em 16.891 pessoas.
O maior número de contratação de mão de obra durante o mês de agosto ocorreu principalmente no setor fabricante de máquinas para construção civil. Houve incremento ainda nos setores que fabricam máquinas para a indústria de transformação, componentes para bens de capital e máquinas para agricultura. (Franco Tanio)