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Setor de máquinas e equipamentos se recupera, mas juros altos e volatilidade global são desafios

O setor de máquinas e equipamentos do Brasil apresentou novo crescimento nas receitas no mês de fevereiro, dando continuidade ao movimento iniciado no segundo semestre do ano passado. O faturamento total foi de R$ 22.920,42 milhões, 11,7% acima do mês anterior e 14,5% na comparação com fevereiro do ano passado. No acumulado do bimestre, o faturamento foi de R$ 43.434,36 milhões, com expansão de 16,9%, de acordo com dados divulgados pela Abimaq.

 

No mercado interno, o faturamento em fevereiro foi de R$ 17.906,51 milhões, com aumento de 14,6% em relação ai mês anterior e de 13,2% na comparação com o mesmo mês de 2024. No acumulado dos dois primeiros meses, a receita líquida interna totalizou R$ 33.531,22 milhões, com crescimento de 21,6%. Os números vieram positivos, em patamar bastante superior ao do início de 2024, que foi um dos piores da história, disse a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella.

 

O desempenho no primeiro bimestre indica que o setor continua a se recuperar impulsionado pelo desempenho no mercado nacional, embora ainda existam fatores que podem prejudicar, como a política monetária contracionista, explicitada pela taxa Selic de 14,25% ao ano, uma das mais altas do mundo. Além do aperto por meio do custo do capital, há o ambiente global volátil, que ganhou contornos ainda mais dramáticos, depois do “tarifaço” anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no dia 2 de abril. O imposto para produtos importados pelos EUA será de no mínimo 10%, o que, se realmente for levado a cabo, poderá deflagrar uma guerra comercial em âmbito global, criar uma espiral inflacionária no mundo e gerar recessão. A revista The Economist, uma das mais respeitadas do mundo, cravou a capa: “Ruination Day”.

 

EXPORTAÇÕES – No mês de fevereiro as exportações de US$ 869,62 milhões são 7% superiores ao do mês de janeiro e 6,6% maiores que do mesmo mês do ano passado. No bimestre, as exportações somaram US$ 1.682,53, 10% menos que no mesmo período de 2024.

 

No bimestre a queda nas exportações de máquinas e equipamentos em relação ao mesmo período de 2024 não predominou entre todas as atividades do setor. 2 dos 7 segmentos pesquisados apresentaram aumento e um setor registrou estabilidade. Dentre setores com melhor desempenho estão os fabricantes de máquinas para bens de consumo (+9,5%) e para petróleo (+31,5%). O setor fabricante de máquinas

agrícolas viu suas exportações estabilizarem e os setores fabricantes de máquinas para construção (-25,4%), indústria de transformação (-12,3%) e componentes (-10,5%) registraram recuo no período, de acordo com relatório distribuído pela Abimaq.

 

Houve queda nas exportações para a maioria dos destinos n primeiro

bimestre de 2025 – houve crescimento somente nas exportações para a América do Sul (+12,4%), com destaque para a Argentina que ampliou as aquisições em 73,4%, na sua maior parte máquinas agrícolas e máquinas para construção civil.

 

Na América do Norte, a queda na aquisição de máquinas brasileira prevaleceu nesse inicio de ano. Nos Estados Unidos a queda foi de 26,8%, no México de 30,6% e no Canadá de 13,1%.

 

Com esses resultados a América do Sul voltou a ser o principal destino das máquinas nacionais, adquirindo 35,5% de todas máquinas e equipamentos exportadas pelo Brasil.

 

IMPORTAÇÕES – As importações de máquinas e equipamentos foram de US$ 2.413,87 milhões no mês de fevereiro, com queda de 12,5% em relação ao mês anterior e crescimento de 10,4% na comparação com fevereiro de 2024. No ano, as importações totalizaram US$ 5.171,76 milhões, com crescimento de 15,2%.

 

De acordo com o relatório da Abimaq, em quantidade de máquinas o aumento das importações foi ainda maior (28%). A queda nos preços

médios das importações das máquinas no mercado internacional (-10,2%), tem compensado parte da desvalorização da moeda (19,3%) tornando a disputa no mercado doméstico acirrada.

 

No bimestre, ante ao mesmo período do ano passado, o comportamento positivo foi o mais disseminado, com crescimento nas importações em 6 dos 7 segmentos de mercado analisados. A exceção se deu no setor de petróleo e energia que registrou queda de 14,1%.

 

Dentre os segmentos de mercado com maior crescimento na importação de máquinas destaca-se o agrícola, que registrou expansão de 25,3%, o de componentes com aumento de 23,5% e o de infraestrutura e indústria de base com crescimento de 21,6%.

 

As importações de máquinas e equipamentos seguem com forte presença da China, cuja participação no total importado continua em expansão. Em 2025, os produtos chineses já representam 35% das importações de máquinas, superando, em valor, a soma das importações dos três principais concorrentes – Estados Unidos,

Alemanha e Itália – que, juntos, respondem por 33,1% do total.

Esse movimento reforça a crescente influência chinesa no mercado mundial, uma tendência que se intensificou nos últimos anos. Para efeito de comparação, no mesmo período de 2024, a China detinha 30,5% de participação, enquanto EUA, Alemanha e Itália representavam 36,5%, segundo o relatório da Abimaq.

 

OUTROS INDICADORES – O consumo aparente (resultado da produção direcionada ao mercado doméstico acrescida de importações) de máquinas e equipamentos registrou queda na comparação mensal em fevereiro (-4,4% com ajuste sazonal), mas manteve resultado positivo no comparativo interanual (+18,3%). Esse é o oitavo mês consecutivo de crescimento nessa base de comparação, ampliando a variação acumulada em 12 meses de 3,8% até janeiro de 2025 para 5,5%, até fevereiro de 2025.

 

Esse desempenho é reflexo de demanda interna ainda aquecida, apesar da política monetária contracionista. A preocupação do fabricante nacional está na perda contínua de market share para os produtos importados e em maior escada dos vindos da China.

 

A melhora da receita líquida de vendas, na comparação interanual, contribuiu para a expansão do uso da capacidade instalada, o resultado no mês foi o maior desde abril de 2023. A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de fevereiro utilizando 77,2% da sua capacidade instalada.

 

Na carteira média de pedidos, medida em semanas para o seu atendimento, também houve melhora. Este foi o segundo resultado positivo consecutivo, superando assim a carteira de pedidos de fevereiro de 2024 em 2,4%.

 

O setor encerrou o mês de fevereiro com 407,199 mil pessoas empregadas, com crescimento de 4,9% em relação a fevereiro de 2024. (Franco Tanio)

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