Setor industrial pode cortar emissões de gases de efeito estufa e ampliar vantagens competitivas
O setor industrial é diretamente responsável por quase 37% das emissões globais de gases de efeito estufa dos Escopos 1 e 2 e, embora muitas empresas tenham se comprometido a atingir zero emissões até 2050, muitas ainda estão longe de atingir suas metas, de acordo com análise, o Boston Consulting Group (BCG), que mostra que operações industriais podem atingir suas metas de Net-Zero e cortar custos das operações de forma simultânea.
Adotar uma abordagem consciente das despesas para descarbonizar traz oportunidades que, no longo prazo, promoverão um futuro mais sustentável, mantendo ou até melhorando a vantagem competitiva dos negócios. Ao identificar iniciativas que reduzem custos e emissões de forma simultânea, as empresas podem gerar economia para reinvestir em ações de sustentabilidade que exigem maior investimento.
O BCG indica três alavancas comuns que funcionam para a maioria das indústrias: eficiência energética, que, quando implementada em todas as fases de produção, melhora a eficiência dos equipamentos e reduz taxas de desperdício, podendo chegar a uma economia de energia entre 20% e 30%; energia renovável, se gerada no local ou próximo à planta fabril, pode reduzir custos e cria resiliência em relação a combustíveis fósseis; e circularidade, que com a adoção de ciclos contínuos que podem reduzir o uso de matéria-prima e melhorar o consumo de energia.
A implementação de programas ambiciosos para redução de emissões tipicamente precisam considerar desafios tecnológicos, econômicos e organizacionais. Algumas tecnologias, além de custosas, ainda estão imaturas para a aplicação em escala. Falta experiência no setor para operar soluções de geração e armazenamento de calor não-fóssil, além das incertezas sobre a disponibilidade e custos futuros de operadores de energia sustentável. Além disso, atingir metas ambiciosas de descarbonização representa um desafio principalmente para negócios com operações em diferentes locais. Por isso, as empresas precisam garantir que cada planta identifique e implemente o caminho de redução de emissões de menor custo sob suas condições locais.
O BCG recomenda um processo de três etapas para adotar uma estrutura que considere ambas as reduções:
– Comece aos poucos: selecione algumas plantas para uma avaliação inicial e crie uma avaliação detalhada de seu consumo de energia e emissões, desempenho operacional, implantações de tecnologia, ciclos de reinvestimento em ativos e pontos problemáticos do chão de fábrica.
– Crie modelos de custo e emissões zero: em cada piloto, identifique e priorize a combinação ideal de custo das alavancas de redução de emissões de Escopo 1 e 2, bem como medidas de redução de custo que ajudarão a financiar a jornada. Capture alavancas, metodologias, lições aprendidas, melhores práticas e formatos comuns em um “manual de descarbonização” para facilitar a implantação em toda a rede fabril.
– Implemente o programa em toda a rede: desenvolva sprints curtos em todas as operações para identificar ações de redução de emissões com bom custo-benefício, apoiados por uma força-tarefa central. Crie controles para monitorar o progresso, identificar ineficiências e apoiar a priorização de investimentos em todas as fábricas.
É importante reforçar, ainda, a necessidade de uma governança sólida, que envolve a integração das iniciativas de sustentabilidade nas análises de desempenho de cada planta (incluindo KPIs, rastreamento e relatórios), estabelecendo metas e responsabilidades claras e obtendo o compromisso da liderança. Incentivos e comunicação clara também são essenciais para manter o ritmo da organização.