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Taxa básica de juros a 15% será muito prejudicial à produção industrial, avalia a Abimaq

O Comitê de Política Econômica (Copom) decidiu, no dia 18 de junho, elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano. Esta foi a sétima elevação consecutiva numa decisão que foi unânime.

 

No seu comunicado o Copom trouxe alterações importantes. Reconheceu que o ambiente externo está mais incerto, mas com riscos tanto de alta quando de baixa para a inflação. No cenário doméstico

reconheceu os sinais de moderação no crescimento.

 

A seguir destaques do comunicado justificando a decisão:

  1. uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
  2. uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais

positivo; e

III. uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

 

E entre os riscos de baixa da inflação o Copom destacou:

  1. uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação;
  2. uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e

III. uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

 

PONTOS RELEVANTES DA NOTA – O Comitê indicou a possibilidade de interromper o ciclo de aumento de juros, caso o cenário previsto se concretize, para avaliar os efeitos acumulados dos ajustes já implementados.

 

O cenário externo continua sendo desfavorável e incerto.

 

A atividade econômica interna continua mostrando dinamismo, porém há uma certa desaceleração no crescimento.

 

A projeção de inflação do BC permanece inalterada em 3,6% para 2026, o atual horizonte relevante da política monetária.

 

Para a próxima reunião, o Comitê prevê uma pausa no ciclo de alta para avaliar os efeitos acumulados do ajuste já implementado.

 

FATORES EXTERNOS IMPORTANTES – Na reunião de junho, o Federal Reserve (Fed) optou por manter as taxas de juros sem alterações.

 

A decisão se concentrou na sinalização dos cortes para este e o próximo ano.

 

Em suas projeções, o Fed manteve a indicação de dois cortes de juros de 0,25 pp para o ano de 2025. Simultaneamente, apresenta um único corte de igual magnitude em 2026.

 

AVALIAÇÃO ABIMAQ  – A elevação da taxa Selic para 15%, intensifica a política monetária contracionista do Banco Central.

 

Essa alta agrava ainda mais o encarecimento do crédito, mantendo o Brasil entre os países com juros reais mais altos do mundo.

 

O setor de máquinas e equipamentos, assim como diversos setores produtivos da economia nacional, enfrenta desafios crescentes para manter investimentos em inovação, modernização e expansão, comprometendo sua competitividade e capacidade de responder a oportunidades, especialmente diante da atual conjuntura internacional.

 

Esse novo patamar de juros é injustificado, uma vez que os efeitos desinflacionários já começam a ser sentidos. Em um ambiente econômico marcado pela desaceleração do PIB industrial, a persistência de uma Selic tão alta pode sufocar a retomada e minar a geração de empregos e renda, em segmentos com maior complexidade econômica. A tensão entre a necessidade de conter a inflação e a urgência de preservar o investimento industrial tem se mostrado especialmente crítica, com empresários sentindo na pele os

efeitos cumulativos da alta do custo de capital de giro e para investimentos.

 

O mercado vem agora revisando suas expectativas, mas avaliamos que o ciclo de flexibilização será implementado somente em meados no primeiro semestre de 2026, perspectiva baseada no conteúdo cauteloso do comunicado do Copom, o que será muito prejudicial à produção industrial.

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