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Uso estratégico da segurança eletrônica no combate ao novo coronavírus

 

 

 

Selma Migliori (*)

 

 

A evolução das medidas de contenção do novo coronavírus ao redor do mundo cada vez mais aponta para o uso estratégico das tecnologias de segurança eletrônica, que permitem avaliar o cumprimento das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a redução dos efeitos negativos da pandemia. Países como Israel, China, Cingapura e Coréia do Sul estão usando uma combinação de dados de localização e câmeras de segurança para rastrear a disseminação do vírus.

 

O uso estratégico da segurança eletrônica nestes casos obedece às leis e disponibilidade tecnológica de cada país. De longe, China e Coréia do Sul são os que mais mobilizaram ferramentas de monitoramento em massa – de drones a câmeras de segurança – para monitorar pessoas em quarentena e rastrear a disseminação do coronavírus. O estado de São Paulo também vai usar a inteligência artificial para acompanhar os deslocamentos das pessoas e do coronavírus através do rastreamento dos smartphones e celulares, porém é preciso que sejam respeitadas as garantias fundamentais e o direito de privacidade, ou seja, medida esta que ainda demandará amplos debates especificamente na área jurídica, até mesmo em função da LGPD – Lei Geral de proteção de Dados.

 

O modelo chinês e sul-coreano, citado pelo ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, como exemplos de que é possível vencer a pandemia, conseguiram reverter a tendência de infecções de Covid-19 a ponto de estarem perto de vencer a pandemia e influenciaram as medidas adotadas pela Espanha desde que o governo declarou estado de emergência: drones estão sendo usados para dizer às pessoas que fiquem em casa.

 

Longe de fornecer uma receita para o combate ao novo coronavírus, essas práticas nos apresentam possibilidades de utilizar tecnologias que já estão disponíveis para contribuir na manutenção das medidas de quarentena necessárias para salvar vidas e evitar o colapso do sistema de saúde. Deste modo, observamos que o recurso de portaria remota, por exemplo, ganhou força durante este período já que as tecnologias disponíveis para controlar o acesso aos condomínios, como reconhecimento facial e dispositivos de proximidade para acessar o local, diminuem o contato físico. A tecnologia permite que o porteiro trabalhe à distância do condomínio, evitando o deslocamento diário e o risco da proliferação do vírus no local, principalmente durante a quarentena, além de reduzir consideravelmente os custos do condomínio.

 

Outra medida de saúde que conquistamos através de recursos utilizados pela segurança eletrônica, desde que a empresa possua o devido certificado de registro autorizado pelo exército, é a verificação da temperatura corporal através de câmeras de vídeo térmicas. Os equipamentos utilizados em larga escala por aeroportos, nos balcões de imigração, para identificar passageiros com febre também podem ser aproveitados em indústrias e outros setores essenciais que necessitam continuar em operação, mas que prezam, sobretudo, pela saúde dos colaboradores.

 

Ainda para conter a propagação do coronavírus, a Polícia Militar de diversos estados brasileiros tem utilizado uma importante aplicação, as torres tecnológicas que, além de possuírem câmeras de segurança, ainda rastreiam placas, controlam fluxo de veículos e enviam sinais de emergências automáticos para centrais de monitoramento. As torres também contam com alto-falantes que, por meio de mensagens gravadas, de acordo com a necessidade de cada local, alertam e orientam a população em áreas de grande aglomeração de pessoas, como praias e praças.

 

É inegável o valor da segurança eletrônica neste momento. No entanto, o uso dos dados no combate à pandemia nos apresenta também desafios importantes, como as questões éticas sobre a privacidade dos cidadãos.

 

Por fim, em meio à pandemia do novo coronavírus, a segurança eletrônica se aproxima cada vez mais do poder público, explicitando que a tecnologia não deve ficar restrita apenas para o setor privado. O valor social dos recursos de segurança mais avançados se mostra uma importante ferramenta de proteção à vida e, apesar da necessidade de rigor no protocolo de segurança para a operação e armazenamento destes dados, é um avanço que precisa ser feito.

 

(*) A autora é presidente da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese).

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