Empresário industrial brasileiro não tem confiança para investir e contratar
A falta de confiança do empresário industrial para investir, contratar e produzir no mês de maio foi generalizada e afetou toda a indústria, independente do setor, da região ou do tamanho. Esse é o resultado apresentado na publicação Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) Setorial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem (28). O índice mede a expectativa em relação à economia brasileira, aos próprios negócios e às condições atuais e reflete, ainda, o agravamento da crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus.
O Icei manteve-se praticamente inalterado na passagem de abril para maio de 2020, passando de 34,5 para 34,7 pontos. O Índice de Condições Atuais, que reflete como evoluiu as condições correntes das empresas e da economia brasileira na visão dos empresários, recuou 8,9 pontos em maio, para 25,2 pontos. O índice é o menor da série histórica e revela piora significativa das condições atuais de negócios em maio. O índice manteve trajetória de queda verificada desde fevereiro, acumulando recuo de 33,8 pontos no período.
O Índice de Expectativas, que reflete as perspectivas dos empresários para os próximos seis meses, aumentou 4,8 pontos em maio, para 39,5 pontos. Apesar do aumento, o índice permanece distante da linha divisória, o que revela pessimismo dos empresários.
O cenário apontado pelos índices de confiança é preocupante, segundo a CNI. Nenhum dos 29 setores considerados está sequer próximo do nível de confiança registrado há um ano. E todos estão abaixo dos 50 pontos, o que mostra falta de confiança. O indicador varia de 0 a 100, sendo que a linha de corte é o valor 50. Qualquer dado abaixo dele é negativo.
Em maio, o Icei de 14 setores caiu em relação a abril de 2020. Entre eles, as principais quedas foram nos setores de couro; manutenção de máquinas e equipamentos; químicos; calçados e materiais elétricos. A confiança do setor de calçados, por exemplo, passou para 26,6 pontos, uma queda de quase três pontos em relação ao mês anterior; o de confecções ficou em 28,8 pontos; da impressão e reprodução caiu para 29,2; e de veículos automotores ficou em 29,6.
“Tivemos melhora na confiança em 15 setores em maio em relação a abril de 2020, mas nada que pudesse reverter o cenário de pessimismo iniciado durante a pandemia. A melhora aparenta ser apenas um ajuste à forte queda registrada em março”, explica o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. Um exemplo é o Icei do setor de móveis, que passou de 26 para 30,6 pontos. Mesmo assim, ficou bem abaixo da linha divisória dos 50 pontos.
O Icei das empresas de pequeno porte manteve-se praticamente estável, com queda de 0,1 ponto, renovando seu piso histórico. Os índices de médias e grandes empresas recuperaram ligeiramente, com alta de 1 ponto e 1,7 ponto, respectivamente. Todos índices seguem distantes da linha divisória de 50 pontos.
O Icei é menos negativo nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde o índice subiu 4,6 pontos e 2,5 pontos, respectivamente. Os índices das demais regiões também registraram variações positivas, mas inferiores a 1 ponto. No entanto, todos continuam abaixo da linha de corte.