Há milhões de aplicativos para celular – dos mais úteis aos mais bizarros
Alguém já parou para pensar quantos aplicativos para celular existem hoje no mundo? Sim, alguns já se perguntaram quantos eles seriam. E tentaram até fazer algo próximo de um “recenseamento”, pelo menos através dos grandes canais. E o número apareceu como muito, muito maior, do que as pessoas que são tão somente usuárias de apps poderiam imaginar.
Nesta contagem, feita meio por cima em meados de 2017 e envolvendo apenas as empresas Apple e Google, foi detectado que estavam em oferta pelas duas companhias mais de 5 milhões de aplicativos. Hoje, certamente, este número deve ser muito maior, já que são lançados novos apps praticamente todos os dias.
O que explica esta tamanha multiplicação é um segredo de polichinelo. Trata-se, o aplicativo para celular, de uma tecnologia que aceita quase tudo – se não é que não aceita tudo. Além do Top 10 dos apps mais utilizados – os já clássicos WhatsApp, Google, Facebook, Instagram, Chrome, Twitter, YouTube, Spotify, Messenger e Netflix – há no mercado aplicativos capazes de atender, literalmente, todos os gostos e necessidades, além de bizarrices de toda espécie.
No Brasil, um dos nichos “diferentões” mais concorridos é o do cuidado com os animais, no qual o aplicativo Vet Smart aparece como um dos mais acessados, com suas variadas e interessantes dicas sobre como tratar cães, gatos, cavalos e vacas. “O atendimento a um problema real e a velocidade de resposta são os principais aspectos que levam um app ao sucesso”, ensina um dos fundadores do aplicativo, Bruno Ducatti, que também receita o emprego da maior criatividade possível no software.
SMARTPHONE – Na verdade, a explosão dos aplicativos não poderia ter acontecido sem a consolidação dos smartphones, donos de uma tecnologia criada ainda dos anos 1990 e que, em 2013, já bastante sofisticada, fez com que pela primeira vez eles superassem em vendas os celulares tradicionais, fazendo-os, desde então, e cada vez mais, serem vistos como tão obsoletos quanto uma velha máquina de escrever.
Esses “telefones inteligentes”, que combinam recursos de computadores pessoais com funcionalidades avançadas, admitem a inclusão de programas aplicativos que podem ser executados pelo seu sistema operacional, permitindo, ao mesmo tempo, que desenvolvedores criem os seus próprios programas adicionais, com as mais variadas utilidades, agregados em lojas online como o Google Play (para o sistema Android) e a Apple App Store (para o iOS).
O mercado de aplicativos simplesmente explodiu na esteira dos smartphones. Estima-se que essa indústria deverá movimentar US$ 6,3 trilhões até 2021 em todo o mundo, segundo dados da consultoria Pew Research. E o Brasil é um dos grandes players deste mercado, segundo a consultoria, que coloca o país na liderança no uso do smartphone entre os mercados em desenvolvimento. Por aqui, 60% dos adultos têm um smartphone no bolso, um total que coloca o Brasil à frente de outros países “semidesenvolvidos” de peso, como Filipinas (55%), México (52%) e Índia (24%).
Por esta razão, o uso de apps, por aqui, também é alto. Segundo informações da App Annie, outra consultoria especializada em comportamento e mercado digital, os brasileiros passam cerca de 3 horas por dia utilizando aplicativos, fazendo com que o tempo médio de uso do smartphone mais do que dobrasse de 2015 para este ano. Além disso, estima-se que a população no Brasil utiliza cerca de 2 mil apps diferentes todos os dias, com esses softwares muitas vezes ajudando na rotina do usuário, seja para aproveitar melhor o seu tempo ou para controlar a saúde.
Na média, de 70 a 80 softwares são instalados nos smartphones diariamente no Brasil, sendo que de 30 a 40 deles, apenas, acabam sendo efetivamente usados – o que mostra que a briga nesse mercado de aplicativos é uma briga do tipo de foice no escuro. Calcula-se que mesmo usuários que baixam apps com muita frequência dificilmente ultrapassam a marca de 3 mil apps baixados. O WhatsApp é o aplicativo mais usado pelos brasileiros, sendo o da Netflix o que tem sessões de uso mais longas.
CONTROLANDO OS FILHOS – Devido à enorme concorrência e ao número quase intangível de novidades lançadas a cada dia, também está cada vez mais difícil inventar algo completamente novo na área de apps. Mas os desenvolvedores vêm se superando e esse mercado intrinsecamente inovador não dá sinais de enrijecimento. Os últimos lançamentos de apps efetuados no Brasil surpreendem pelo inusitado e pela óbvia utilidade deles.
A empresária Luiza Mendonça criou, por exemplo, o aplicativo de controle parental AppGuardian, que possibilita, nada mais nada menos, que o monitoramento dos dispositivos móveis das crianças. Preocupada com o tempo que a filha Bia, de 13 anos, passava em frente ao celular, ela decidiu buscar na internet alguma tecnologia que pudesse ajudá-la na organização da rotina digital da criança. Só perdeu tempo.
De fato, não achou nenhum aplicativo em português que reunisse todas as funcionalidades em um só lugar para resolver o problema de maneira personalizada, como bloqueio de acesso, organização da rotina, localização em tempo real, entre outros fatores. Foi então que Luiza enxergou uma oportunidade de negócio e criou o AppGuardian, com o objetivo de não só “controlar e bloquear”, mas também conectar famílias e possibilitar uma rotina mais equilibrada na era digital.
Esta, de fato, é uma necessidade evidente. De acordo com a pesquisa Opinion Box/Mobile Time, 23% das crianças de 4 a 6 anos tem o próprio aparelho e 61% utilizam o dos pais. De 7 a 9 anos, apenas 7% das crianças não possuem smartphone (ou não usam o dos pais), e de 10 a 12 anos esse número reduz para 5%.
Indicado para crianças de 5 a 14 anos, a tecnologia de Luiza ajuda administrar o tempo nas redes sociais, verificar a localização dos filhos em tempo real, configurar bloqueio de acesso aos aplicativos instalados, checar quanto tempo as suas crianças ficaram conectadas e quais os aplicativos mais usados, organizar a rotina de uso dos aparelhos por dia e hora e até travar todas as funcionalidades dos dispositivos móveis.
Além disso, os pais também podem acionar o “tempo em família” – funcionalidade criada para deixar todos os familiares off-line, permitindo mais tempo de interação entre eles. Outra função disponibilizada pela app é o dispositivo “Navegação Segura”, que filtra e bloqueia automaticamente qualquer tipo de conteúdo impróprio, como sites pornográficos ou eticamente indesejáveis.
“Nossos filhos já nasceram em uma era que é 100% digital, e sabemos que a tecnologia faz parte da identidade deles. No entanto, acredito que com regras bem definidas a rotina no celular fica mais saudável e segura, e foi por isso que desenvolvi o AppGuardian”, explica Luiza.
MELANCIA – Na mesma linha “parental”, aliás, há vários apps que tentam ajudar a vida dos pais de primeira viagem, desde opções de aplicativos para acompanhar a gravidez, até cuidados home care, controle de medicações, sono e mamadas. O app Baby Tracker, por exemplo, acompanha o crescimento do bebê em tempo real. Com ele, é possível cuidar e organizar a rotina de alimentação, a troca de fraldas, dos hábitos de sono e do crescimento diário do bebê com essa ferramenta. O mais importante desse app é a possibilidade de guardar a informação em cópias na nuvem.
Já o app Fever Tracker, desenvolvido por médicos, facilita o acompanhamento da febre, ajudando os pais que estão aprendendo a lidar com as doenças infantis do seu rebento. Pelo app dá para gravar informações como os primeiros sintomas, a temperatura corporal da criança e o horário da última medicação. É possível ainda enviar as informações ao pediatra.
O Grabr é uma alternativa rápida e segura que está ajudando os pais na hora de fazer o enxoval do bebê – inclusive com produtos importados. É uma plataforma de compartilhamento de bagagem que possibilita o acesso a compra de produtos através de viajantes. Para utilizar a plataforma, o comprador deve fazer um pedido no site com todas as descrições do produto desejado e com o link da loja no exterior onde o produto pode ser comprado. Este pedido ficará disponível aos viajantes, e aquele que puder fazer a compra entrará em contato com o comprador para acertar os detalhes – como a necessária recompensa em dinheiro.
O Sleepy Sounds é um app que pode ajudar os pais a acalmarem seus bebês. Entre as opções, é possível escolher entre os modos canções de ninar, ruídos brancos, sons da natureza ou uma música qualquer. O app Vacinação em Dia, como o próprio nome indica, é um aplicativo útil para os pais que querem organizar o calendário de vacinas de seu filho, fornecendo informações sobre as campanhas de vacinação e registrando quais das doses já foram aplicadas no filho do usuário.
Mas também existem apps de utilidade um pouco mais duvidosa, embora possam exercer uma atração irresistível sobre algumas pessoas. Eles são mais encontrados no exterior. O app Meu Namorado Virtual, por exemplo, que também pode ser encontrado nas versões “Minha Namorada Virtual” e “Meu Namorado Gay Virtual”, cria um(a) namorado(a) exatamente como o usuário quer: louro, moreno, esportista etc. É possível conversar com ele ou ela e enviar presentes. Dá até para sair para jantar, mas para isso é preciso gastar alguns créditos a mais.
O Flush ajuda o usuário a encontrar banheiros públicos, enquanto o Toilet Time traz jogos rápidos e divertidos para a pessoa não ficar entediado durante os períodos no trono. O Simulador de Ventilador é exatamente isso, um simulador de ventilador. Basta escolher um ventilador da preferência e ligá-lo. As pás começarão a girar, dando a ilusão de que um ventinho está soprando no ambiente. O Bubble Wrap é um aplicativo para estourar aquele plástico-bolha que vem em algumas embalagens.
Mas nada supera em extravagância o app Testador de Melancia, que foi criado em cima da convicção de que nada é pior no mundo do que comprar uma melancia e, ao abri-la, descobrir que está estragada. Com este aplicativo, dá para saber se ela está no ponto ou não. Basta colocar o smartphone sobre a fruta em questão, bater nela algumas vezes e esperar o resultado que o app vai fornecer. Boa sorte. (Alberto Mawakdiye)