Indústria de máquinas e equipamentos acelera crescimento

“Vai abrir a boca do jacaré”. É com esta frase que José Velloso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) descreve as expectativas do mercado de máquinas e equipamentos, cujo desempenho vem melhorando de forma acelerada. A receita líquida total do setor no mês de março de 2021 somou R$ 16.980,73 milhões, o que representa crescimento de 18% em relação a fevereiro e de 28% em relação ao mesmo mês do ano passado. A receita de R$ 169.214,11 milhões nos últimos 12 meses é 11% superior ao do mesmo período anterior, de acordo com dados divulgados pela entidade, no dia 28 de abril, em coletiva de imprensa online.
De acordo com Velloso, a projeção é que o setor feche 2021 com crescimento de 13,5% no faturamento. “Mas pode ser melhor”, afirma sem esconder o otimismo. De fato, indicadores da Abimaq justificam o olhar do executivo. No mês de março, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos aumentou o nível de utilização da sua capacidade instalada e atingiu 76%. A carteira de pedidos, medida em número de semanas para atendimento também registrou expansão (6,4%) na ponta. Atualmente se encontra 26,3% acima do nível observado em março de 2020. Em média, o setor tem 12 semanas de carteira de pedidos.
O quadro de pessoal da indústria brasileira de máquinas e equipamentos também vem crescendo. O mês de março de 2021 registrou o nono crescimento consecutivo no número de pessoas empregadas no setor e fechou com quase 340 mil pessoas empregadas diretamente. Em relação ao mês de março de 2020, foram criados 38 mil postos de trabalho no setor.
O cenário atual é muito diferente do de um ano atrás. Em abril de 2020, a Abimaq divulgou pesquisa que revelava que 21,4% das empresas pesquisadas demitiram 16,4% da mão de obra, gerando uma redução de 11.000 postos de trabalho. Na época, Velloso declarou que praticamente todas as empresas da mostra informaram que pretendem promover demissões nos próximos meses. “Ninguém pode dizer exatamente o número de demissões, mas estimamos que pode chegar a 15% do nível de emprego da nossa indústria, o que significaria 50 mil empregos diretos e mais 150 mil indiretos, o que pode chegar a 200 mil pessoas.” Em março de 2020, o setor de máquinas e equipamentos registrou faturamento de R$ 10,9 bilhões.
MERCADO DOMÉSTICO – O desempenho do setor de máquinas segue aquecido pelo desempenho do mercado interno. Em março de 2021, a receita líquida interna totalizou R$ 13.308,53 milhões, 21,7% a mais que fevereiro e 45,1% acima do mesmo mês de 2020. Nos últimos 12 meses, a receita foi de 126.657,31 milhões, 18,9% a mais que nos 12 meses anteriores.
O consumo aparente também cresce. Em março, o consumo de R$ 25.511,97 milhões é 26% superior ao de fevereiro e 28,5% maior que do mesmo mês de 2020. Nos últimos 12 meses, o consumo de R$ 241.197,22 milhões é 7,4% superior ao do mesmo período anterior.
EXPORTAÇÕES – A exportações ainda patinam, mas mostram recuperação. Em março, as vendas externas somaram US$ 650,39 milhões, com variação positiva de 8,5% em relação a fevereiro e queda de 2,5% em comparação a março passado. No acumulado de 12 meses, as exportações totalizaram US$ 6.963,09 milhões, com queda de 21,7% em relação ao mesmo período anterior. Apesar de ainda andar de lado, as exportações podem fechar 2020 com cenário positivo, se for mantido o atual patamar de US$ 600 milhões de exportações ao mês.
No primeiro trimestre, o recorte por destino das exportações mostrou recuperação das vendas de máquinas para países da América Latina. As vendas passaram de US$ 629 milhões para US$ 756 milhões, um salto positivo de 20,3%. As vendas para os países latino-americanos atualmente representam 42,1% do total das exportações, o patamar histórico da participação da nas exportações setoriais.
A China, que conseguiu superar a crise rapidamente, também registrou aumento nas aquisições de máquinas e equipamentos brasileiros. Por outro lado as exportações de máquinas para os EUA recuaram 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Nesta mesma comparação, as vendas para os países da zona do euro, que ainda patinam no processo de recuperação em razão do recrudescimento da pandemia da Covid-19, recuaram 1,3%.
IMPORTAÇÕES – No mês de março, as importações de US$ 1.895,94 milhões são 29,4 superiores que as de fevereiro e 21,4% maiores em relação a março passado. No acumulado de 12 meses, as importações totalizaram US$ 16.501,07 milhões, 17,4% menores que no mesmo período anterior.
Entre as principais origens das importações estão China, EUA e
Alemanha. No primeiro trimestre, as importações oriundas da China cresceram 42,5% e o país asiático retomou a posição de líder com 26,5% das compras totais de máquinas pelo Brasil. Neste mesmo período, as compras vindas dos EUA recuaram 56,3%, levando o país a ocupar a segunda posição (17,5% de market share). No período janeiro a março, as importações da terceira colocada, Alemanha, recuaram 18,8%.Máquinas da Itália cresceram 39,3%. O país ocupa a quarta colocação no ranking e é seguido com mais distância pelo Japão na quinta posição. (Franco Tanio)