Indústria de máquinas-ferramenta alemã sofre queda de 46% na entrada de pedidos
A indústria de máquinas-ferramenta da Alemanha sofre forte redução na entrada de pedidos, devido à crise gerada pela pandemia do coronavírus. Os pedidos recebidos pela indústria do país no segundo trimestre de 2020 foram 46% menores em comparação ao mesmo período do ano anterior. Os pedidos do mercado doméstico caíram 36% e os do mercado externo despencaram 51%.
No acumulado dos primeiros seis meses de 2020, os pedidos caíram 35%. Pedidos do mercado doméstico alemão caíram 28%. Os pedidos do mercado externo recuaram 39%. Os dados foram divulgados pela VDW, a associação dos fabricantes de máquinas-ferramenta da Alemanha, no dia 12 de agosto.
“Os dados do segundo trimestre mostram claramente o impacto do lockdown devido ao coronavírus”, afirma o dr. Wilfried Schäfer diretor-executivo da VDW. De acordo com ele, vários setores clientes, especialmente as indústrias de aviação e as automotivas, experimentam aguda redução nas vendas. Jornadas de trabalho reduzidas, paralisações temporárias da produção e falta de liquidez são as consequências. As atividades globais de investimentos chegaram quase que à virtual paralisação durante a fase mais dura de lockdown.
Schäfer frisa que é encorajador, todavia, que a queda no nível de entrada de pedidos agora parece se recuperar. Em junho, houve um notável crescimento em comparação aos dois meses anteriores.
Segundo o executivo, dois dos principais indicadores econômicos da Alemanha – o PMI (Purchase Managers Index) e o Ifo business climate index – também trazem sinais mais positivos. Em julho, o PMI global, pela primeira vez desde o início da crise, chegou bem próximo dos 50 pontos, o que representa crescimento. O aumento surpreendeu e teve uma base ampla, cobrindo China, Estados Unidos e zona do euro, incluindo Alemanha, França e Itália.
O diretor-executivo da VDW informa ainda que, segundo o Ifo, a indústria de bens de capital na Alemanha melhorou suas expectativas. As vendas no varejo estão se recuperando, com a produção industrial e as exportações crescendo novamente em junho. “Isso pode anunciar a esperada recuperação na segunda metade do ano”, diz Schäfer.
O executivo mostra-se, porém, cauteloso. É que, de acordo com ele, a experiência mostra que retomada levará mais tempo para chegar à indústria de máquinas-ferramenta, que é um setor de bens de capital de ciclo tardio. Assim, as expectativas do setor para os próximos seis meses permanecem moderadas. Os números de vendas mais recentes apóiam essa visão. As vendas no primeiro semestre do ano caíram 26% em relação ao mesmo período ano anterior.
As companhias alemãs que são orientadas pela digitalização e pela expansão da rede 5G e estão trabalhando nas áreas de tecnologia médica e eletrônica, e peças para o setor de engenharia mecânica estão em posição levemente mais forte. “Porém, em todas as áreas há ainda grandes riscos ligados a uma segunda onda de infecções. Isso faz com que seja muito difícil falar com qualquer precisão sobre quando as atividades de investimentos internacionais irão se estabilizar”, pondera Schäfer.