Indústria de máquinas-ferramenta da Alemanha prevê crescimento de 6% na produção
A VDW, que representa a indústria de máquinas-ferramenta da Alemanha, espera que a produção setorial no país cresça 6%, para cerca de 12,6 bilhões de euros em 2021. Na coletiva de imprensa anual, realizada no dia 24 de fevereiro, o presidente da entidade, dr. Heinz-Jürgen Prokop (foto) afirmou que a melhora do ânimo da economia está aumentando a disposição para investir. “Depois de dois anos de grande contenção, agora há uma forte necessidade de recuperar o terreno”, diz.
A China é agora a principal força motora da economia global. Os EUA também estão dando um impulso após a vitória do presidente John Biden nas eleições. “No entanto, os pré-requisitos para as empresas recuperarem sua confiança e investir são vencer a pandemia do coronavírus e traçar um roteiro sensato para emergir gradualmente do bloqueio”, afirma Prokop.
A indústria automotiva, o maior cliente de máquinas-ferramentas, está se beneficiando da recuperação na China. Eletrônicos, processamento de alimentos, logística e partes do setor de tecnologia médica têm feito bom volume de negócios durante a crise. Isso deve continuar. Também na Europa, espera-se que os investimentos aumentem novamente em 10%, depois da recessão. Os últimos dois anos foram muito difíceis por muitos motivos, mas essa restrição agora está tendo um efeito positivo na indústria de máquinas-ferramenta. A Oxford Economics, parceiro para projeções da VDW, prevê um forte crescimento de 35% para os pedidos em 2021. Já havia indícios disso em novembro e dezembro. “No entanto, não será fácil voltar aos níveis pré-coronavírus”, explica Prokop.
2020 – Os pedidos caíram 30% em 2020 devido à crise do coronavírus, após um declínio de magnitude semelhante no ano anterior. Todos os outros indicadores importantes também despencaram em 2020: a produção caiu 31%, as exportações caíram 29%, as vendas internas caíram 33%. A esperada retomada no ano em curso está, portanto, começando num nível baixo muito baixo.
Em 2019, a utilização da capacidade ainda estava em 88%. A queda nos pedidos fez com que caísse para pouco menos de 72% em 2020. Isso é comparável aos níveis vistos após a crise financeira de 2009. A média anual do número de funcionários caiu 4,5%, para 70.000 trabalhadores. “No entanto, dado o declínio acentuado na produção, é óbvio que as empresas estão tentando manter seus funcionários altamente qualificados pelo maior tempo possível”, afirma Prokop, destacando que as regras que possibilitam jornadas de trabalho reduzidas no país continuam sendo úteis e necessárias.
EXPORTAÇÕES – De acordo com a VDW, apesar das altas perdas, os fabricantes alemães tiveram um bom desempenho quando comparados internacionalmente. A indústria alemã é responsável por 16% da produção internacional, ficando atrás da China, mas à frente do Japão. Também continua sendo a líder mundial de exportação, com uma participação de 20%, à frente do Japão e da China.
Consumindo 18 bilhões de euros, a China continua sendo o maior mercado mundial e o maior importador global, com um volume de importação de 5,4 bilhões de euros, apesar das perdas de dois dígitos. No entanto, os negócios podem se tornar mais difíceis no futuro. “As empresas já estão relatando uma forte pressão sobre os preços e prazos por parte dos clientes chineses”, explica Prokop.
Além disso, o acordo comercial RCEP – ou Parceria Econômica Regional Abrangente – recém-concluído, que visa facilitar o comércio intra-asiático intensificará a competição com o Japão e a Coréia do Sul no mercado chinês. Além disso, o governo chinês está se esforçando para reduzir sua dependência de importações de tecnologia e há intensa especulação se isso pode ser alcançado no médio prazo. Muitos membros da VDW foram rápidos ao estabelecer subsidiárias na China. Eles continuam a expandi-las para reduzir sua própria exposição às estratégias de política econômica do governo.
TECNOLOGIA – A indústria alemã de máquinas-ferramenta vê oportunidades atraentes no Acordo Verde e nas metas de proteção climática de 2050. Com o padrão Euro 7, a Comissão da União Europeia agora planeja definir o limite de emissões para carros e caminhões em zero até 2025. “Isso excluirá mais ou menos o motor de combustão interna e incentivará a Europa a depender totalmente na mobilidade elétrica. Segundo especialistas, não será tecnicamente possível atingir zero emissões em motores de combustão interna até 2025, ou apenas será possível a um custo altíssimo”, comenta Prokop.
Para Prokop, os motores de combustão modernos serão indispensáveis no médio prazo para atingir as metas climáticas. Eles já estão gerando valores de emissão 50% abaixo dos requisitos legais. Além disso, o uso de e-combustíveis à base de hidrogênio (gerados com energia renovável) pode ajudar a alcançar maiores reduções nas emissões, especialmente em veículos existentes. Os veículos pesadas, as máquinas agrícolas e de construção móveis, os bombeiros e os navios continuarão a depender de motores de combustão interna por algum tempo, devido às limitações técnicas da eletrificação direta. Uma maior compatibilidade com o clima nessas áreas de aplicação só pode ser garantida com um ambiente de pesquisa funcional e uma cadeia de valor para a tecnologia de motores, segundo Prokop.
“Um fim abrupto do motor de combustão travaria o progresso técnico porque o Euro 7 eliminaria todos os investimentos futuros no desenvolvimento do motor”, explica Prokop. Simplesmente não haveria dinheiro suficiente. Se os motores de combustão fossem desativados, os especialistas temem que meio milhão de empregos esteja em risco somente na Alemanha.
A VDW se posiciona favoravelmente a uma ofensiva tecnológica de mobilidade amigável ao ambiente. O objetivo é que as organizações trabalhem em conjunto com a indústria para atingir a neutralidade climática e aproveitar os pontos fortes das empresas no desenvolvimento de novas tecnologias. Por isso, muitas tecnologias diferentes devem ser implantadas para reduzir os gases de escape e as emissões de CO2. No futuro, isso incluirá o uso de hidrogênio e combustíveis sintéticos em veículos, e também uma melhoria do motor de combustão, o uso de tecnologia de célula de combustível e um número crescente de veículos movidos a bateria. “Depender apenas da eletromobilidade levaria a um aumento extremo na demanda de eletricidade, que atualmente não poderia ser coberta por energia renovável”, frisa Prokop. (texto: Franco Tanio/foto: VDW/divulgação)