Eletrônica e Informática

Metrô de São Paulo inaugura novo Centro de Controle de Manutenção

De maneira discreta, o Metrô de São Paulo inaugurou nesse mês de agosto o seu novo Centro de Controle da Manutenção – ou CCM -, uma central que tem como principal objetivo realizar o monitoramento de cada componente essencial para o desenrolar das operações do dia a dia.

O CCM foi implantado para ser um dos departamentos mais estratégicos do Projeto Sistema de Monitoramento de Ativos (SMA), com o qual a companhia visa melhorar o desempenho da rede e ao mesmo tempo reduzir os custos operacionais.

Uma das tarefas da nova central é de permitir que as equipes de manutenção prevejam quando um equipamento está se aproximando do ponto de falha,e resolvam antecipadamente o eventual problema.

O projeto teve origem há mais de dez anos,a partir de uma visita de equipes do Metrô a um centro de excelência ferroviária em Madri, na Espanha. Mas só em 2018 foi criado um núcleo de trabalho para o monitoramento de ativos, o que possibilitou a essa área ser logo incluída no plano de negócios da companhia.

Elaborado como um projeto de longo prazo, o SMA também tem objetivos comerciais. O Metrô acalenta a ideia de exportar a tecnologia para outras empresas, depois de requerer as patentes para as novidades tecnológicas.

O Sistema de Monitoramento de Ativos é baseado em três pilares principais. Além do Centro de Controle da Manutenção (CCM), o SMA conta com um Módulo Data Logger (MDL), conjunto de software e hardware cuja principal função é a busca pelas informações dos diversos equipamentos em campo, e com uma Plataforma de Monitoramento de Ativos (PMA), conjuntos de softwares de monitoramento baseados em programas de licença livre.

A implantação do SMA foi dividida em três fases, que serão desenvolvidas até dezembro de 2025. O orçamento total para o projeto é estimado em R$ 32,8 milhões. Foram investidos até agora R$ 7 milhões, sendo que a estimativa é de que sejam consumidos mais R$ 15 milhões para complementação da infraestrutura, R$ 4 milhões para a inteligência artificial e R$ 3 milhões para o segundo lote de MDL.

FUNCIONAMENTO DO CCM – Em termos práticos, é possível realizar no CCM o monitoramento dos mais diversos sistemas. Assim, no posto de material rodante, é realizado o monitoramento dos trens das linhas 1, 2 e 3. Os trens da Linha 2-Verde possuem sistemas embarcados que permitem o monitoramento online das composições. Nas linhas 1-Azul e 3-Vermelha as informações são coletadas diretamente dos trens, quando eles são submetidos a manutenções nos pátios.

Dos dados já coletados, 75% representaram falhas nos sistemas de portas dos trens. Através das informações obtidas o Metrô conseguiu reduzir em 36% as falhas nos equipamentos deste sistema.

Também foi possível monitorar problemas de menor incidência, como falhas nos truques do trem. Foram duas incidências que revelaram problemas nas engrenagens e que poderiam causar grande impacto na operação. Com o monitoramento, foi possível detectar as avarias e promover a correção com rapidez.

Além disso, nas diversas bases espalhadas ao longo da rede metroviária, existem IHMs que também fornecem informações sobre os equipamentos. A iniciativa permite que os funcionários possam identificar o equipamento com defeito, o tipo do defeito e realizar a manutenção já direcionada ao problema.

No que se refere aos ativos da empresa, o Metrô pretende monitorar num primeiro momento 4.190 pontos. Ao todo serão 10 mil pontos a serem observados. Um destes pontos é a máquina de chave X31, localizada na região de Itaquera, na zona leste de São Paulo. Um protótipo foi instalado e já validado com sucesso. O equipamento poderá monitorar parâmetros como vibração, pressão, corrente, posição, força e até contar com videomonitoramento.

Nas subestações da Linha 1-Azul o recurso foi implantado no sistema que realiza o monitoramento da tensão. Nas escadas rolantes, o monitoramento é capaz de captar dados como vibração e temperatura.

Especificamente sobre as escadas rolantes, existem equipamentos de diversas gerações. Os modelos da Otis e Villares são mais antigos e possuem poucos exemplares em monitoramento. Os exemplares da Thyssen, mais novos, já possuem mais exemplares sob observação.

Um dos passos derradeiros na implantação do SMA será a adoção da inteligência artificial no monitoramento dos equipamentos através do MDL. Atualmente, existe um protótipo instalado no sistema de ventilação das estações Vila Mariana e Chácara Klabin.

A IA deverá realizar a análise das informações de forma contínua e repassar o status geral do equipamento. O MDL irá interpretar os parâmetros existentes e, quando houver anormalidade em determinados status, indicá-lapara o CCM.

Sob o aspecto da manutenção, este é um passo bastante concreto para modelos de gerenciamento de equipamentos baseados na manutenção preditiva, cuja grande vantagem é a de se poder evitar a manutenção corretiva dos equipamentos, já que o monitoramento consegue “prever” o ponto de falha dos itens. As manutenções preventivas também podem ter a sua dinâmica alterada, gerando economia de recursos. (Alberto Mawakdiye)

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