Micro e pequenas indústrias de SP enfrentam falta de matérias-primas e alta de preços
As micro e pequenas indústrias (MPI’s) do Estado de São Paulo estão enfrentando dificuldades com a alta de preço e a falta de matérias-primas e de insumos, além de diminuição da capacidade de produção.
Os dados são do 11º Boletim de Tendências das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo realizado pela Datafolha, a pedido do Sindicato de Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi).
A pesquisa revela que 84% das micro e pequenas indústrias enfrentaram dificuldades com alta de preços de matérias-primas e insumos nos últimos 15 dias. O preço alto atinge principalmente as pequenas indústrias, já que 91% disseram ter tido alta de custos da matéria-prima e de insumo.
A falta de matéria-prima e de insumos atingiu 54% das micro e pequenas indústrias. Além disso, 51% também enfrentaram atraso na entrega de fornecimento desses itens e 18% tiveram problemas com qualidade mais baixa de matérias-primas e de insumos, adquiridos dos fornecedores.
A pesquisa mostra que uma em cada três (29%) das micro e pequenas indústrias tem capacidade de produção menor do que no período anterior à pandemia. 64% das micro e pequenas indústrias mantiveram sua capacidade de produção e outros 7% conseguem produzir mais nas atuais condições do mercado.
Segundo o boletim, três em cada dez empresas (33%) têm dificuldade para atender pedidos no prazo solicitado pelos clientes. Desses, 12% têm muita dificuldade e 21% um pouco de dificuldade.
A pesquisa mostra que 80% das micro e pequenas indústrias não estão tendo acesso às linhas de crédito durante a pandemia. Apenas 14% tiveram acesso a alguma linha de crédito para capital de giro novo.
Nas linhas de crédito com garantia do Governo, como é o caso do Pronampe, 13% das micro e pequenas indústrias paulistas pediram crédito e tiveram aprovação. Outros 30% tiveram os pedidos negados. 57% das micro e pequenas indústrias não fizeram a solicitação.
De acordo com o Ministério da Economia, até o dia 18 de setembro, 670.852 operações de crédito foram disponibilizadas em todo o país por meio dos programas realizados pela pasta. Considerando que existem 7 milhões de micro e pequenas empresas registradas nas Juntas Comerciais – sem considerar Microempreendedores Individuais (MEI) e empresas registradas em cartório – o número representa que os programas atingiram 9,6% das micro e pequenas empresas.
Dessas operações de crédito, 428.795 foram realizadas pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), o que, nacionalmente, representa 6,12% das micro e pequenas empresas no país.
Entre os motivos para os 30% de pedidos negados estão: 8% foram por falta de recursos do banco/recursos esgotaram/alta demanda para crédito; 7% tiveram pendências com outras dívidas que impediram o crédito; para 6% o valor de prestação e juros ficaram acima do esperado pela empresa; para 3% a empresa não conseguiu todos os documentos e certidões pedidos pelo banco, outros 3% o porte e segmento da empresa não se encaixavam na linha de crédito oferecida e 1% ainda está em análise/ainda não teve retorno da instituição.
O presidente do Simpi explica que a falta de insumos e alta nos preços das matérias-primas são resultados de uma quebra de cadeia produtiva e de suprimentos que já era apontada em indicadores anteriores. “A pesquisa Datafolha/Simpi já indicava há três meses a dificuldade nos negócios, com falência e recuperação judicial em fornecedores”, conta.
No início de junho, o índice apontava que 21% das micro e pequenas indústrias tinham tido algum fornecedor que entrou em recuperação judicial ou falência. Em setembro, o índice está em 30%.
As MPI’s também sentiram a quebra da cadeia produtiva com os clientes. Em junho, 21% das micro e pequenas indústrias tiveram algum cliente que deixou de comprar porque entrou em recuperação judicial ou falência. Em setembro, o índice está em 35%.
Segundo Couri, é preciso fazer com que os recursos liberados cheguem na ponta. “Sem isso, as micro e pequenas indústrias têm dificuldades nesta retomada. A pesquisa mostra que há falta de acesso ao crédito e o aumento dos custos de produção com a falta de matéria-prima. Nos próximos meses, os reflexos disso serão demissões, diminuição do mercado interno e os riscos de desabastecimento”, disse.