Eletrônica e Informática

Normalização das atividades logísticas exige ação global

A pandemia de Covid-19 provocou uma enorme crise no sistema de logística global, atingindo diretamente os trabalhadores. No dia 29 de setembro, organizações e sindicatos que defendem os interesses dos setores de transportes rodoviários, aéreos e rodoviários reivindicaram, durante a Assembleia Geral da ONU, que os líderes de governos adotem medidas para encerrar a crise humanitária e a crise da cadeia de suprimentos.

Em carta aberta assinada pela IRU, International Road Transport Union; Iata, the International Air Transport Association; ICS, the International Chamber of Shipping, que representam respectivamente os setores de transportes rodoviário, aéreo, marítimo, além da ITF, the International Transport Workers’ Federation, a federação internacional dos trabalhadores do setor de transportes, fizeram um apelo urgente aos chefes de governo do mundo todo para restaurar a liberdade de movimento dos trabalhadores do transporte.

De acordo com a carta aberta, todos os trabalhadores do setor de transportes continuaram a manter o fluxo do comércio global durante a pandemia, mas isso causou um prejuízo humano. No auge da crise, 400.000 tripulantes não puderam deixar seus navios, alguns permaneceram trabalhando por até 18 meses seguidos, presos nas embarcações. Os voos foram restringidos e os trabalhadores da aviação enfrentaram a inconsistência de requisitos de fronteira, viagens, restrições e vacinas. Controles adicionais sistêmicos e imprevisíveis nas fronteiras rodoviárias forçaram os motoristas de caminhão a esperar, às vezes aos milhares e por semanas, em situações nada higiênicas sem instalações adequadas, antes de poderem completar suas viagens e voltar para casa.

As cadeias de abastecimento globais estão começando a sucumbir, pois dois anos de pressão sobre os trabalhadores do setor de transportes cobram seu preço. Os líderes do setor de transportes alertaram que os chefes de estados não ouviram nem tomaram a ação decisiva e coordenada. Os representantes dos setores de transportes reivindicam que os chefes de governo acabem com a transferência de culpa dentro e entre os governos e resolvam a crise antes que a temporada de festas de final de ano aumente novamente a demanda por frete, pressionando ainda mais a oferta atual.

As entidades que assinam a carta aberta representam mais de US$ 20 trilhões do comércio mundial anualmente e 65 milhões de trabalhadores de transporte global e mais de 3,5 milhões de frete rodoviário e companhias aéreas e mais de 80% da frota mundial de navios mercantes.

A carta aberta pede que trabalhadores de transporte tenham prioridade para receber vacinas reconhecidas pela OMS e que seja criado um processo padronizado para demonstrar as credenciais de saúde. Além disso, reivindica que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) levantem essas questões na Assembleia Geral da ONU, realizada em setembro passado, e com os governos nacionais.

Todos os setores de transporte enfrentam escassez de trabalhadores e esperam que mais trabalhadores abandonem o trabalho pelo tratamento inadequado que milhões de pessoas enfrentaram durante a pandemia, colocando a cadeia de abastecimento sob maior ameaça.

Em toda a pandemia, os ministérios dos transportes não conseguiram trabalhar com os ministérios da saúde para melhorar o tratamento que os trabalhadores dos transportes recebem com as restrições de viagem. A menos que os chefes de governos promulguem mudanças, a crise humanitária e da cadeia de abastecimento permanecerá indefinidamente, causando mais dificuldades.

“Esta questão foi levantada no ano passado na Assembleia Geral da ONU pelo secretário-geral Antonio Guterres, e será essencial que os delegados do encontro deste ano em Nova York estejam cientes de suas responsabilidades. É de grande importância que os chefes de organizações que representam milhões de trabalhadores em transporte em todo o mundo tenham pedido aos governos que tomem medidas urgentes e acabem com as restrições que estão colocando uma pressão enorme sobre os trabalhadores, suas famílias e a cadeia de abastecimento global. É uma chamada que não pode mais ser ignorada”, afirmou Guy Ryder, diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho.

“Dois dos temas da Assembleia Geral deste ano são direitos humanos e resiliência. Dado que os trabalhadores dos transportes têm mostrado níveis indescritíveis de resiliência face às imensas dificuldades, apelamos à ONU e aos chefes de estado para finalmente tomarem a ação coordenada e decisiva para resolver esta crise”, pleiteou Guy Platten, secretário-geral da ICS.

“Nos últimos 18 meses, os trabalhadores da aviação têm sido incrivelmente resistentes em manter abertas as rotas de comércio mundial. Tornou-se desnecessariamente desafiador com medidas contra a Covid-19 descoordenadas, não harmonizadas e às vezes conflitantes implementadas por governos. Isso não é sustentável, principalmente porque a demanda cresce na recuperação. É hora da OMS e da OIT reunirem os estados para chegarem a um acordo sobre um conjunto globalmente harmonizado de medidas de tripulação que facilitarão a conectividade global eficiente”, destacou Willie Walsh, diretor geral da Iata.

“Os trabalhadores do setor de transporte mantiveram as cadeias de abastecimento mundiais e as pessoas em movimento, apesar da negligência dos líderes mundiais. Eles trabalharam com o fechamento de fronteiras, a impossibilidade de voltar para casa, a falta de acesso a cuidados de saúde, requisitos restritivos de quarentena e a incerteza total gerada pela inépcia dos governos. Francamente, eles já estão fartos. Chegou a hora de chefes de governo responderem às necessidades desses trabalhadores, caso contrário, eles serão responsáveis ​​pelo colapso das cadeias de abastecimento e pelas mortes e sofrimentos desnecessários de trabalhadores e cidadãos pegos na crise. Esse sangue e esse caos estarão em suas mãos”, disparou Stephen Cotton, secretário-geral da ITF.

“Os motoristas de caminhão trabalharam incansavelmente durante a pandemia para manter as mercadorias em movimento, apesar das restrições nas fronteiras muitas vezes serem inúteis, descoordenadas e até mesmo perigosas para a saúde dos motoristas. Isso agravou ainda mais a escassez crônica de motoristas. Os motoristas são trabalhadores essenciais: os governos precisam agir e permitir que façam seu trabalho vital”, disse Umberto de Pretto, secretário-geral da IRU. (Franco Tanio)

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