Eletrônica e Informática

Para o brasileiro, comprovar quem é custa tempo e dinheiro

De serviços públicos aos privados, o país desperdiça acesso a consumo, saúde, ensino, trabalho e serviços financeiros devido à complexidade para as pessoas provarem quem são. Enquanto 98% da população afirma já ter enfrentado alguma dificuldade para comprovar a própria identidade, 94% declaram já ter perdido tempo e 84% relatam ter sofrido prejuízos financeiros. Neste cenário, situações envolvendo bancos lideram, com 93% dos brasileiros que se queixam de já ter enfrentado dificuldades ligadas à sua identificação em serviços bancários. Os dados são da pesquisa inédita “Qual o custo de provar que você é você”, encomendada pela Unico, empresa identidade digital, ao Instituto Locomotiva.

A pesquisa mostra que o excesso de entraves para as pessoas se identificarem atrapalha e gera custos, em um momento em que um número recorde de alta inadimplência é registrado no país. Ao menos, 66,8 milhões de consumidores – 4,6 milhões a mais que em agosto de 2021, segundo dados da Serasa Experian – não conseguem pagar suas contas e dívidas, tanto financeiras quanto de serviços básicos como água, luz, gás e varejo.

“Os dados da pesquisa mostram a enorme oportunidade que temos de destravar um potencial que vem sendo limitado por formas ineficientes de autenticação de identidades. Muitas vezes é necessário ir presencialmente e portando documentos em papel para ter acesso a serviços online, o que é uma contradição. Nossa economia está se tornando cada dia mais digital e demanda novas formas de identificação, garantindo às pessoas acesso, oferecendo mais facilidade e garantindo que estejam protegidas”, avalia Paulo Alencastro, cofundador e VP executivo da Unico. O executivo lembra que até 2025 o comércio eletrônico deverá crescer 55% em todo o mundo e, nesse mesmo período, o aumento esperado somente no Brasil é de 95%, segundo estimativa da Global Payments Report.

Para realizar a pesquisa “Qual o custo de provar que você é você”, o Instituto Locomotiva ouviu, entre os meses de abril e maio de 2022, um total de 1.561 pessoas, em todo território nacional, com mais de 18 anos, das classes A à D e com acesso à internet. O objetivo foi conhecer as percepções e as dificuldades da população ao acessar bens e serviços públicos e privados, tanto em instituições tradicionais quanto nas que já nasceram digitais.

“A pesquisa surpreendeu ao mostrar que o índice de indivíduos que enfrentam dificuldades para provar quem são é alto em todas as classes, regiões e situações analisadas. É um problema percebido por impressionantes 98% da nossa população”, afirma Renato Meirelles, CEO do Instituto Locomotiva. Meirelles ressalta também que, mesmo com o aumento da oferta de serviços e produtos digitalmente, o percentual de pessoas que relatam ter tido problemas no último ano segue elevado: 87%.

Ainda de acordo com o levantamento, embora na percepção das pessoas a complexidade seja maior no setor público, também é expressivo no setor privado: dois terços afirmam enfrentar burocracia ao se autenticarem junto a empresas.

ENTRAVES – Liderando o ranking das áreas em que os brasileiros mais declararam já ter enfrentado burocracia para se identificar estão serviços financeiros e bancos (93%), senhas (91%), órgãos públicos e cartórios (85%) e consumo (81%).

Outros destaques da pesquisa:

– 93% afirmam que tiveram problemas para se identificar em algumas situações cotidianas bancárias e financeiras, sendo as principais:

– 72%, tiveram de ir presencialmente para liberar cartão de crédito ou cadastrar o celular para conseguir usar o aplicativo;

– 71% de ir presencialmente ao Banco só para levar/ assinar/solicitar documentos

– 91% afirmam que tiveram problemas para se identificar ao usar senhas, e 77% dizem já ter perdido tempo e 45% já ter perdido dinheiro por conta dessas situações, sendo as principais:

– 85% tiveram que solicitar a recuperação/alteração de senhas esquecidas

– 80% tiveram que anotar senhas de forma não segura (papel/ bloco de notas/ celular) para não se esquecer delas

– 81% já enfrentaram burocracia para comprovar sua identidade em situações de consumo, e 65% dizem já ter perdido tempo e 61% já ter perdido dinheiro por conta delas, sendo as principais:

– 49% deixaram de trocar um produto ou mercadoria pela necessidade da apresentação da nota fiscal e não ter mais esse documento.

– Quase metade da população (48%) pagou mais caro para comprar algum produto online em lojas que já tinham cadastro para evitar perder tempo se registrando em novo estabelecimento.

– 42% desistiram de comprar algum produto ou contratar algum serviço porque não quiseram fazer o cadastro.

– 67% já perderam um dia de trabalho porque estava resolvendo problemas relacionados à identificação, como ir presencialmente levar ou assinar documentos — associados ao trabalho ou não.

– Essas situações também fizeram com que 64% não comparecessem a alguma aula, percentual que chega a 77% entre os jovens de 18 a 26 anos.

– 28% deixaram de fazer matrícula em uma instituição de ensino por estar sem algum documento solicitado.

– 31% perderam alguma oportunidade de trabalho ou curso porque não tinham documento de comprovação de conclusão de cursos anteriores – sendo 10% no último ano (entre os desempregados o percentual sobe para 27% nos últimos 12 meses).

– 32% já deixaram de se cadastrar em programa social por falta de documento. Na classe D, o impacto é ainda maior: 37%.

– 33% já deixaram de fazer uma consulta ou procedimento médico por não conseguirem comprovar sua identidade – 40% tinham entre 30 e 45 anos e 42% são da classe D.

– 15% não pode viajar por estar sem o passaporte / documento de identificação.

– 15% também não pode viajar por estar sem o comprovante de vacina ou passaporte vacinal.

NOVAS FORMAS  – O levantamento “Qual o custo de provar que você é você” põe luz no desperdício de oportunidades de crescimento econômico devido à dificuldade de comprovação da identidade e, ao mesmo tempo, demonstra o quanto é possível avançar com a criação de um ecossistema de identidade digital capaz de trazer mais facilidade e segurança, ampliando acesso das pessoas a produtos e serviços diversos. Para 89% dos entrevistados, as burocracias relacionadas a provarem quem são poderiam ser reduzidas com maior uso de tecnologias de identidade digital, sem a necessidade de documentos físicos, e 85% adorariam não ter que decorar senhas, utilizando tecnologias de identificação mais seguras.

Sete em cada dez brasileiros são a favor da utilização de formas digitais de identificação, como o reconhecimento facial, para acessar lojas ou serviços de sua escolha. “A biometria facial oferece mais agilidade e segurança para verificar identidades e é hoje a principal solução utilizada para sustentar diversas plataformas digitais, serviços eletrônicos e sistemas de pagamento digitais” explica Alencastro.

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