Setor de máquinas da Espanha cresce em 2022, expectativas para 2023 são moderadamente otimistas
O setor de manufatura avançada e máquinas-ferramenta da Espanha obteve volume de negócios de 1.723,83 milhões de euros em 2022, o que representa um aumento de 9,7% em comparação aos dados de 2021, segundo a Associação Espanhola de Fabricantes de Máquinas-Ferramenta, Acessórios, Componentes e Ferramentas (AFM), que representa o setor no país. Foi um ano marcado pela inflação, pelo aumento do custo das matérias-primas e da energia e os enormes problemas de abastecimento, agravados pela guerra na Ucrânia. A carteira acumulada ao longo de 2021 e a entrada registrada no próprio ano de 2022 permitem ao setor superar tais problemas, de acordo com a entidade.
Os dois principais subsetores, usinagem e conformação, cresceram de forma semelhante, após vários anos em que área de conformação sofreu quedas sucessivas devido à paralisação de projetos no setor automotivo. A recuperação das atividades das montadoras e a demanda dos setores de energia, aeronáutica, bens de capital e metalmecânica em geral impulsionaram ambos os subsetores.
As exportações em 2022 também cresceram quase 10%, atingindo 1.364,6 milhões de euros, atingindo a mais elevada cifra da história. Também nas exportações, destaca-se o crescimento quase idêntico do setor de usinagem e de conformação.
Os principais destinos de vendas máquinas produzidas na Espanha são: Itália, Alemanha, Estados Unidos, França e China, seguidos de México, Portugal e Turquia. O destaque é o grande volume de faturamento alcançado na Itália, o maior já registrado, graças aos programas de incentivo ao investimento produtivo promovidos por seu governo do país.
“2022 foi um ano verdadeiramente complexo. Apesar de termos iniciado o ano com um bom volume de trabalho, a estrutura de custos das encomendas em curso foi abalada pelos aumentos de preços que sofremos durante meses. Além disso, a invasão da Ucrânia abalou os alicerces da confiança internacional. À tragédia humana somou-se outro aumento extraordinário de custos, cancelamentos de atividades com a Rússia e sua esfera e grande incerteza sobre o futuro da economia e da indústria. No entanto, após as dúvidas iniciais, e contra todas as adversidades, o ano continuou passando de forma constante, e mês a mês a atividade industrial em vários setores e a demanda por tecnologias de manufatura permaneceram robustas. O ano fechou com boa atividade e acima do que esperávamos em novas contratações, o que nos garante um início de 2023 interessante”, diz o presidente da AFM Cluster, José Pérez Berdud.
ENTRADA DE PEDIDOS – As encomendas cresceram 11,28% em 2022, com clara recuperação das compras na área de conformação, mantendo também um bom volume para start-ups. Este é o melhor volume acumulado da série histórica em termos absolutos, que seria o segundo melhor se descontássemos os efeitos da inflação.
As encomendas do exterior, também cresceram 13,25%. Destaca-se a demanda recebida da China, Alemanha, Estados Unidos, México e Itália. As encomendas domésticas caíram ligeiramente (-3,3%), mantendo praticamente o valor do ano anterior.
Com relação aos setores clientes, destaca-se a retomada dos investimentos no setor automotivo, que está puxando fortemente os fabricantes no subsetor de conformação. A Aeronáutica também retomou seus programas fabris que estavam paralisados pelo efeito da pandemia. Junto com eles, os setores de energia, metalurgia em geral e bens de capital também oferecem boas perspectivas.
O consumo interno, eterno calcanhar de Aquiles para a indústria espanhola, cresceu 31,7% em função das importações, embora a partir de base de comparação muito modesta e aquém do desejável para um país que precisa tornar a indústria mais e mais bem equipada.
PREVISÕES 2023 – As previsões para o final deste ano são razoavelmente otimistas tendo em conta as interessantes carteiras de pedidos das empresas do setor. Provavelmente o faturamento no final do ano terá um crescimento próximo a 5%.
Ainda que alguns dos painéis prospectivos apontem para um certo arrefecimento, parece que será algo transitório que será ultrapassado com alguma agilidade. Se essas previsões forem cumpridas, a rentabilidade será o aspecto a ser cuidado nesses meses. A grande batalha será fabricar as encomendas em carteira, a tempo e com eficiência, num momento em que isso é difícil.
“Devido ao arrefecimento e às medidas de controle da inflação, esperamos uma desaceleração da economia em 2023, o que provavelmente levará a uma queda na entrada de pedidos. Em todo o caso, e apesar de termos aprendido que estes não são bons tempos para previsões, os nossos painéis prospectivos delimitam a duração e a profundidade dessa queda. Embora cautelosos, estamos moderadamente otimistas e confiantes de que nossos portfólios atuais e nosso posicionamento em setores estratégicos como energia, aeroespacial, bens de capital ou indústria automotiva nos permitirão resistir bem ao longo do ano. Por outro lado, a necessidade de assegurar cadeias de abastecimento e “friendshoring” apontam para novos e interessantes investimentos em equipamentos que devemos aproveitar para continuar a crescer”, explica o diretor geral da AFM Cluster, Xabier Ortueta. (Franco Tanio).