Tecnologias digitais são acessíveis a empresas de menor porte

A indústria 4.0, como é conhecida a integração do mundo físico e virtual por meio de tecnologias digitais, vai mudar a forma de produzir, gerar novos negócios e transformar o mercado de trabalho. O uso de recursos como internet das coisas, big data e inteligência artificial também pode aumentar a produtividade das empresas. A fim de ajudar pequenos e médios empresários a tirar proveito da quarta revolução industrial, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) realizou em suas unidades, em todo o Brasil, no dia 12 de setembro, o evento Desvendar 4.0.
Aberto ao público e com programação totalmente gratuita, o evento contou com palestras de especialistas em indústria 4.0, workshops e mesas redondas para discutir o tema. O objetivo foi mostrar que as tecnologias digitais são acessíveis a empresas de todos os portes, com baixo investimento e podem trazer ganhos relevantes.
“Empresas de todo o mundo estão iniciando esse processo. A indústria 4.0 deve ser vista como uma oportunidade para o Brasil dar um salto em produtividade e gerar mais desenvolvimento”, avalia o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. “O mais importante, neste momento, é que o empresário industrial saiba que é possível adotar as novas tecnologias, conheça a opções disponíveis e como podem ser aplicadas à realidade do seu negócio”.
GUIA DE DIGITALIZAÇÃO – O Senai também lançou um guia com cinco passos que as pequenas e médias empresas devem seguir para se inserir na indústria 4.0. A recomendação é que, em primeiro lugar, os empresários organizem seu sistema produtivo para reduzir desperdícios, por meio de ferramentas como o lean manufacturing. A técnica foi implantada pelo Senai em empresas atendidas no programa Brasil Mais Produtivo com aumento médio de produtividade de 52%.
Em seguida, a orientação é instalar sensores nas principais linhas de produção e capacitar funcionários para analisar as informações geradas pelos equipamentos. Ter profissionais qualificados é o ponto-chave para as empresas que vão adotar tecnologias digitais. Eles serão responsáveis, por exemplo, por tomar decisões estratégicas a partir das informações geradas. O Senai iniciou neste ano a oferta de 11 cursos de aperfeiçoamento para capacitar os profissionais que vão trabalhar com tecnologias da indústria 4.0.
Os próximos estágios recomendados pelo guia são tornar visíveis em nuvem os dados produzidos pelos sensores e integrá-los aos indicadores da empresa; introduzir tecnologias como big data e inteligência artificial e utilizar esses recursos para responder de forma rápida e flexível às demandas dos clientes.
A digitalização, um dos primeiros degraus para inserção na indústria 4.0, ajuda as empresas a conhecerem melhor seu chão de fábrica e a conseguirem se antecipar a eventos como quebras de máquinas, que afetam a eficiência do processo produtivo. Estudos da consultoria McKinsey apontam, por exemplo, que os ganhos em produtividade com uso de novas tecnologias digitais podem chegar a 26%.
“O desconhecimento talvez seja hoje o maior entrave à inserção das empresas brasileiras nesta revolução industrial. O custo da tecnologia está baixo, o acesso aos métodos está facilitado, por isso, é preciso desmistificar os conceitos e mostrar que a indústria 4.0 não é apenas para as grandes empresas, ao contrário, é uma oportunidade principalmente para as pequenas se tornarem mais produtivas”, explica o gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do Senai Nacional, Marcelo Prim.
EXPERIÊNCIA – Durante o evento, empresários que participam do programa Indústria Mais Avançada, realizado pelo Senai, contaram como tem sido a experiência de inserção na indústria 4.0. O projeto realiza pilotos com 56 pequenas e médias empresas em todos os estados brasileiros a fim de oferecer soluções em digitalização. O objetivo da experiência é refinar um método de baixo custo, alto impacto e de rápida implementação. São testadas técnicas de internet das coisas, sensoriamento, computação na nuvem e analytics que permitam intervir nos processos produtivos com maior agilidade.
O gerente da Docile Nordeste, Eduardo Cima, foi um dos participantes de mesa redonda no Recife. A empresa de 87 funcionários, localizada em Vitória de Santo Antão (PE), passou pelo programa Brasil Mais Produtivo e conseguiu reduzir as perdas com embalagens, além de se tornar mais eficiente. A indústria, fabricante de doces e refresco em pó, agora participa do piloto do Indústria Mais Avançada em busca de ganhos com uso de tecnologias digitais.
Em maio, começou o treinamento da equipe e a preparação para instalação dos sensores na linha de produção. A empresa também comprou tablets, que foram conectados às máquinas para que os funcionários acompanhem, em tempo real, os indicadores gerados pelos equipamentos. A expectativa do gerente da Docile é que a digitalização ajude a aumentar a produtividade da fábrica. “O nível de informação oferecido pelo sistema é muito interessante. Já detectamos, por exemplo, várias pequenas paradas e acreditamos que a soma delas seja impactante. Acreditamos que vamos ter resultados muito voltados ao aumento da produtividade”, afirma.
Empresários interessados no tema também podem fazer um diagnóstico gratuito do estágio tecnológico de suas empresas na plataforma Senai 4.0, lançada este ano. A avaliação serve de base para elaboração de um plano individualizado de atualização tecnológica, também oferecido gratuitamente. Além disso, já está disponível, sem qualquer custo, o curso online “Desvendando a Indústria 4.0” é destinado a explicar conceitos, oportunidades e riscos da quarta revolução industrial.