Finep lança linha de crédito para financiar tecnologia 4.0 em pequenas e médias empresas
A Finep, principal empresa pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação do governo federal, lançou no começo de junho, durante o Congresso de Inovação da Indústria, em São Paulo, uma nova linha de crédito que deve democratizar a implementação de tecnologias 4.0, como IoT e computação em nuvem, em indústrias de pequeno e médio porte.
Ao todo, serão desembolsados R$ 200 milhões, em dois anos, a empresas de todo o país que estejam interessadas em digitalizar suas linhas de produção. Com carência de 24 meses e prazo de amortização de oito anos, os recursos servem para as indústrias com faturamento de até R$ 16 milhões, quando o limite de crédito chega a R$ 3 milhões, e para maiores, com crédito de até R$ 5 milhões.
A importância da iniciativa fica clara quando se pensa que, do total de indústrias brasileiras, apenas 1,6% do total é hoje dotada de tecnologias 4.0, e todas elas estão concentradas no nicho das grandes companhias.
“O nosso objetivo é fazer que as empresa pequenas e médias também possam ter acesso a essas tecnologias e, desse modo, contribuam para aumentar a competitividade e produtividade da indústria brasileira em geral”, diz o superintendente de inovação da Finep, Newton Hamatsu.
Batizada de Inovacred 4.0, a nova linha de crédito faz parte do fundo Finep Inovacred, que desde 2013 já aplicou R$ 1,5 bilhão para o desenvolvimento de processos e produtos inovadores. A Inovacred 4.0 é a única voltada para linhas de produção com foco inicial na indústria e agricultura.
De acordo com a Finep, as taxas para acesso ao crédito do programa são as melhores hoje para projetos de inovação no Brasil para micro, pequenas e médias empresas, já que o custo do financiamento varia entre a TJLP ou a TJLP acrescida de 1% ao ano, algo perto dos 7,5%.
O percentual de financiamento da implantação de projetos 4.0 será de até 90%. Na prática, os projetos de digitalização financiados pela Finep serão feitos a partir de empresas integradoras, com expertise para implantação de tecnologia habilitadoras na indústria 4.0. A integradora fará uma espécie de consultoria, avaliando as linhas de produção e o grau de aumento para a produtividade de determinada empresa e apresentará, em seguida, um plano de digitalização.
CREDENCIAMENTO – As empresas integradoras já estão sendo credenciadas pela Finep, para que as PMEs interessadas num plano de digitalização possam logo tomar conhecimento das especialidades desenvolvedoras de cada uma delas e procurem um agente financeiro parceiro da Finep para ter acesso ao crédito, que deve começar a ser liberado no começo do segundo semestre.
As vantagens mercadológicas abertas às PMEs que aderirem às tecnologias 4.0 serão substanciais. A implantação da tecnologia pode aumentar até 40% a produtividade de uma empresa, o que garante maior valor agregado. Numa simulação realizada pela Finep com algumas integradoras, um projeto de R$ 600 mil, com as taxas operadas pela empresa, passaria a custar R$ 400 mil para o tomador final. A taxa de juros faz tamanha diferença que o custo pode cair a um terço do valor.
A adoção de tecnologias 4.0 não significa que a pequena empresa terá de jogar todos os seus equipamentos fora e recomeçar do zero. Há diversas alternativas para modernizá-los usando apenas sensores e softwares. Com o conceito de smart retrofit, por exemplo, é possível melhorar a performance das máquinas antigas e, ainda, evoluir a sua função operacional, fazendo com que elas passem a gerar dados – que é o núcleo da indústria 4.0!
O próximo passo pode ser o de adicionar uma camada de controle ao chão de fábrica, com um sistema de Manufacturing Execution System, o MES. Ele vai garantir o monitoramento online da produção e a melhor coleta de informações, transformando-as em algo útil e preditivo para todo o processo de produção, além de eliminar as antiquadas anotações em pranchetas ou papel. (Alberto Mawakdiye)