Mercado de PCs recua 6% na América Latina

Os embarques de desktops, notebooks e estações de trabalho na América Latina caíram 6% ano a ano no segundo trimestre de 2022 para 5 milhões de unidades. Os desktops tiveram o melhor desempenho na região, com as remessas permanecendo estáveis ​​em 840.000 unidades, já que a categoria se estabilizou após os problemas do período da pandemia de Covid-19. Os embarques de notebooks caíram 7% para 4,2 milhões de embarques. As remessas de tablets caíram 30%, para 1,4 milhão, e os gastos dos consumidores despencaram por conta da alta inflação nos países do subcontinente, segundo a Canalys, empresa de análise de mercado na área de tecnologia, sediada em Cingapura.

“A demanda por PCs e tablets na América Latina foi prejudicada pelas crescentes preocupações com a inflação”, diz Brian Lynch, analista de pesquisa da Canalys. “Os principais mercados, como Brasil, Chile e México, tiveram picos acentuados nos preços, e na Argentina a inflação passou de 80%. Como resultado, a demanda do consumidor por PCs diminuiu, levando a um declínio anual de 30% nas remessas. O Brasil, o maior mercado de PCs da região, sofreu uma queda de 26% nos embarques de consumidores, já que a inflação atingiu seu nível mais alto em 26 anos no segundo trimestre. O mercado geral conseguiu evitar quedas ainda maiores graças a um setor comercial relativamente robusto, que resistiu aos altos níveis de inflação muito melhor do que o mercado consumidor.”

“Enquanto os consumidores lutam contra a inflação, o segmento de educação encontrou um crescimento renovado, decorrente principalmente do Brasil”, diz Lynch. “O financiamento dos governos federal, estadual e local aumentou, levando a implantações em larga escala de PCs para estudantes. No segundo trimestre, o mercado educacional brasileiro ultrapassou 200.000 remessas, um aumento de 76% em relação ao segundo trimestre de 2021, mesmo com o país se esforçando para equipar os alunos com PCs durante a pandemia. Essa resiliência indica que o mercado continuará vendo altos números de remessas à medida que o governo se esforça para atingir suas metas de educação digital.

Os fornecedores se conscientizaram do esforço do setor público e, devido às regulamentações locais de fabricação, iniciaram a produção doméstica de dispositivos para fins educacionais. Os Chromebooks foram os que mais se beneficiaram, crescendo mais de 1.300% no segundo trimestre, conforme a fabricação local se expandiu para a plataforma. Os fornecedores locais Multilaser e Positivo ficaram em primeiro e segundo lugar nas remessas de Chromebooks no segundo trimestre, seguidos pela Samsung.”

A Lenovo ficou em primeiro lugar no mercado de desktops e notebooks da América Latina. O fornecedor registrou um declínio de 12%, em grande parte devido à queda na demanda do consumidor. A HP sofreu dificuldades semelhantes, pois seus embarques caíram 15% para 1 milhão de unidades. A Dell, com alta de 7%, ficou em terceiro lugar, o único grande fornecedor a registrar crescimento, apoiando-se em sua especialidade no segmento comercial. Acer e Asus registraram quedas de 9% e 8%, respectivamente, completando os cinco primeiros do ranking.

A Lenovo conquistou o primeiro lugar no mercado de tablets da América Latina com um crescimento modesto de 2% e 438.000 unidades vendidas. A segunda colocada, a Samsung, e a terceira colocada, a Apple, registraram pequenas quedas nas remessas de 2% e 1%, respectivamente. A Multilaser garantiu o quarto lugar, mas teve dificuldades no segundo trimestre, pois encolheu 17%. Seus tablets perderam força no Brasil, onde a alta inflação reduziu o entusiasmo pelos gastos com tecnologia entre consumidores com pouco dinheiro. A TCL conquistou o quinto lugar, apesar de registrar uma queda dramática de 81% nos embarques. Ela lutou com restrições de oferta em meio a bloqueios na China e priorizou mercados desenvolvidos, como os EUA, onde obteve ganhos significativos. (Franco Tanio)