No setor de utilities do Brasil, 70% das empresas têm projetos para implantação de soluções IoT
A transformação digital e a Internet das Coisas (IoT) têm ocupado cada vez mais seu espaço dentro das empresas, principalmente nas utilities – empresas fornecedoras de serviços públicos de distribuição de energia (eletricidade e gás) e água -, implicando em inovação, automação e produtividade. Visando entender como as empresas de serviços públicos estão trabalhando as questões de IoT, e os desafios que enfrentam, o comitê de trabalho de utilities da Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc) desenvolveu a pesquisa “Panorama de IoT em Utilities”.
Dentro da pesquisa, foram identificados os usos mais frequentes das aplicações de IoT no setor de utilities, assim como a fase em qual cada uma das empresas se encontrava. Segundo María Benintende, líder do comitê, cerca de 70% das empresas respondentes estão em etapa de avaliação, projeto piloto ou de implementação, em relação às iniciativas de IoT. “Os resultados permitem inferir que as principais oportunidades de negócio são o monitoramento e controle de equipamentos e a medição inteligente”, específica.
Há muitos desafios para desenvolver e implementar projetos de IoT, como destaca o relatório. As dificuldades de integração de sistemas que envolvem o gerenciamento de soluções de vários fornecedores e os altos custos de equipamentos são os desafios mais frequentes. No que diz respeito aos desafios decorrentes do marco regulatório, 62% das companhias entrevistadas apontam dificuldades para o reconhecimento dos investimentos da empresa. Por outro lado, 76% das empresas têm um plano de transformação digital, mas não de uma forma estruturada envolvendo toda a organização.
Os resultados indicam também que aproximadamente 65% das companhias participantes têm como prioridade a melhora na qualidade de serviço, 59% o combate às perdas e furtos e 57% apontam a redução de custos operacionais. Porém, ainda há uma ausência de planejamento e estratégia para implantação do IoT de forma estruturada. De acordo com Maria Tereza, CEO da Vellano Smart Energy, cada vez mais as empresas são pressionadas a entregar qualidade de serviço demandada pelos clientes. “Nós identificamos que a prioridade no momento da implementação de tecnologias IoT nas empresas é melhorar a qualidade de serviço, o combate a perdas e furtos e reduzir custos operacionais”, aponta.
Outro exemplo disso, é que mais da metade das empresas consultadas ainda não possuem sistemas de treinamento e contratação adequados ao tamanho do desafio da implementação de IoT. “Para uma bem-sucedida implementação da IoT, é necessário que as empresas adequem a forma de capacitar seus colaboradores próprios e contratados”, aponta Maria Tereza.
Cerca de 62% dos entrevistados indicam como principal indicador o nível de perdas técnicas, que as empresas utilizam para avaliar o business case. A partir disso, conclui-se que as empresas no Brasil possuem, dentro de seus planos de transformação, esse case para a implementação de IoT. “É importante que quando você tenha um plano de transformação digital nas empresas, você tenha os indicadores para avaliar se a implementação está dando resultado, ou não”, afirma Maria Tereza.
Em maio de 2021, a Sabesp implantou em São Paulo uma grande quantidade de hidrômetros inteligentes utilizando tecnologia IoT, introduzindo a telemedição do consumo de água para o transporte de dados sem fio por longas distâncias, permitindo que os dispositivos permaneçam em operação por pelo menos cinco anos sem trocar ou recarregar a bateria.
Para adoção dessas tecnologias, é importante levar em consideração um dos pilares fundamentais, que se trata da necessidade da cibersegurança. Além do mais, pode-se afirmar que a maioria das empresas tem consciência dos riscos e de tal necessidade. Isso se confirma através dos 67% dos entrevistados que indicaram os requisitos de segurança como um fator importante na maior parte ou todas as iniciativas de IoT.
Apesar das alavancas e os benefícios da implantação de IoT, os investimentos na área na maioria das empresas nos últimos anos ainda estão bem tímidos, com mais do 70% dos entrevistados indicando investimentos anuais menores a R$ 15 milhões nos últimos 3 anos. No entanto, as perspectivas são boas. A grande maioria dos respondentes acredita que os investimentos em IoT nos próximos 5 anos crescerão acima do 10%.
METODOLOGIA – A pesquisa foi conduzida durante os meses de outubro até dezembro de 2021 e contou com a participação de 55 profissionais de empresas brasileiras de saneamento, distribuidoras de energia elétrica, e distribuidoras de gás encanado de diversas áreas funcionais incluindo operações, TI, Engenharia, Automação, Inovação, P&D, Estratégia, e Novos Negócios, entre outros.