Potencial técnico de geração eólica offshore no Brasil é quatro vezes a capacidade instalada atual do país
A geração energia eólica offshore (no mar) pode gerar mais de 516 mil empregos até 2050 e trazer um valor agregado bruto de pelo menos R$ 900 bilhões para a economia brasileira, no cenáriio mais ambicioso, de acordo com o estudo “Cenários para o Desenvolvimento de Eólica Offshore no Brasil”, elaborado pelo Grupo Banco Mundial, em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que avalia três cenários. Essa fonte de energia traz um potencial técnico superior a 1.200 gigawatts (GW), o que representa quatro vezes a capacidade instalada atual do país.
A fonte de energia das eólicas offshore também é vista como um complemento vital a outras fontes renováveis, como a solar, eólica onshore (em terra) e biomassa. A integração dessas fontes pode ser estratégica para que o Brasil consiga zerar as emissões líquidas de carbono até 2050.
“Estamos mobilizando um grupo de trabalho com vários entes da administração federal para que a gente possa pactuar ou pelo menos chegar num consenso no que diz respeito à eólica, de maneira que cada instituição que tem um papel a cumprir possa se enxergar e compreender o que precisa fazer. Assim, vamos conseguir sincronizar as ações de cada um e construir um mapa do caminho para a aprovação do nosso marco legal”, diz o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Minas e Energia (MME), Thiago Barral.
Para Luis Andrés, líder do programa de Infraestrutura do Banco Mundial no Brasil, o Brasil é reconhecido mundialmente pela liderança em energia renovável e está agora diante de uma oportunidade única para expandir a matriz energética. “O planejamento e desenvolvimento cuidadoso de projetos de energia eólica offshore colocarão o país na vanguarda da transição energética global”, pontua.
REGIÕES DE POTENCIAL – O estudo aponta que grande parte do potencial eólico offshore do Brasil se encontra nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Apesar de essa fonte ter, a princípio, uma vantagem competitiva por estar localizada próximo aos centros de demanda, a integração à rede elétrica também exigirá atenção. Por isso, de acordo com o consultor técnico da EPE, Gustavo Ponte, o estudo também traz uma visão de longo prazo baseada em cenários de inserção da fonte, avaliando os possíveis desafios e benefícios que poderão acompanhar o desenvolvimento desse mercado. “A análise aborda diversos aspectos importantes, complementando o Roadmap da EPE e fornecendo informações e perspectivas úteis tanto aos tomadores de decisão quanto aos desenvolvedores dos projetos”, analisa Ponte.
Para viabilizar o setor, são necessários, ainda, investimentos em infraestrutura portuária e logística, bem como uma colaboração efetiva entre os setores público e privado. O Brasil está em processo de definir o arcabouço legal para a energia eólica offshore com o Projeto de Lei 576/2021, atualmente em discussão no Senado. A aprovação deste projeto é um passo crucial para a organização de leilões para cessão de uso áreas marítimas, para permitir os primeiros parque operacionais.