Setor de máquinas e equipamentos recua 13,8% no período de janeiro a julho

O setor de máquinas e equipamentos apresentou resultados aquém dos esperados no último mês de julho, e a queda projetada de 3,4% na receita setorial em 2023 deverá ser revisada para baixo pela Abimaq. Para fechar o ano com queda de 3,4%, o setor precisaria crescer em torno de 13% no segundo semestre em relação aos seis primeiros meses do ano, o que parece ser mais difícil. O mau desempenho se deve principalmente ao recuo no mercado doméstico, onde as fabricantes nacionais não só enfrentam um mercado reticente, como também perdem espaço para os produtos importados.
Segundo dados divulgados pela Abimaq no dia 30 de agosto, a receita líquida total no mês de julho somou R$ 23.724,23 milhões, com queda de 4,6% na comparação com o mês anterior e recuo de 10,5% em relação ao mesmo mês de 2022. “Os números vieram fracos”, diz diretora-executiva de Economia Estatística e Competitividade da Abimaq, Cristina Zanella, frisando que as exportações seguem com bom desempenho.
Desde o ano passado, os resultados das indústrias fabricantes de máquinas e equipamentos indicam o encolhimento nas receitas no mercado doméstico. A receita líquida interna reflete a tendência. No mês de julho, a receita interna foi de R$ 18.105,54 milhões, 8,5% menor que no mês anterior e 13,5% inferior em comparação ao mesmo mês de 2022. No acumulado de janeiro a julho, a receita interna totalizou R$ 126.403,53 milhões, 13,8% menor que no mesmo período de 2022.
EXPORTAÇÕES – Não fossem as exportações, o desempenho do setor de máquinas e equipamentos seriam bem mais modesto. No mês de julho, as vendas externas foram de US$ 1.170,36 milhões, com crescimento de 12,2% em relação ao mês anterior e 16,7% na comparação com o mesmo mês de 2022. No acumulado de janeiro a julho, as exportações totalizaram US$ 7.846,98 milhões, um aumento de 18,6% em comparação ao mesmo período de 2022 (em reais as exportações aumentaram 9,6% no período). As exportações representam 24% do faturamento total do setor. Em 2022, as exportações representavam, em média, menos de 20%.
De acordo com o relatório da Abimaq, a valorização de 10% do real frente ao dólar (de R$/US$ 5,37 em julho de 2022 para R$/US$ 4,8 em julho de 2023) não impactou negativamente o resultado das exportações de máquinas e equipamentos. Em julho de 2023 houve crescimento tanto na quantidade (5,5%) quanto nos preços (11,4%), na comparação interanual.
No mês de julho de 2023, o incremento nas exportações atingiu quase todos os grupos setoriais de máquinas e equipamentos. A queda ocorreu apenas nas exportações de máquinas para bens de consumo (-12,9%) e máquinas para agricultura (-7,3%).
Entre os segmentos com resultados positivos em julho de 2023 se destacaram os fabricantes de máquinas para logística e para construção civil, que juntos representaram 32% do total exportado
e registraram crescimento de 25,8% sobre o resultado do mesmo mês imediatamente anterior. Neste grupo setorial o resultado foi puxado pelo setor fabricante de máquinas rodoviárias que registrou crescimento de 30,5% ao passar de US$ 265 milhões em junho para US$ 346 milhões em julho.
No acumulado de janeiro a julho, houve aumento das exportações de máquinas e equipamentos em praticamente todas as regiões. O aumento para países da América do Norte e do Sul continua como o destaque. No ano o crescimento foi de 27% e 10,5%, respectivamente.
No período, a maior parte das exportações foi direcionada para a América do Sul que absorveu 34,5% do total de máquinas e equipamentos exportados pelo país. Desta região a Argentina foi responsável por pouco mais de um terço dos 34,5%, ou 12,2% do total das exportações. Porém, o mercado argentino, por conta dos problemas que o país enfrenta, dá sinais de arrefecimento. A América do Norte consumiu no período 34% daexportações totais e a Europa 13,9%.
IMPORTAÇÕES – Em julho, as importações foram de US$ 2.292,73 milhões, 2,4% acima do mês anterior e 15,8% superiores em comparação ao mesmo mês de 2022. No período de janeiro a julho as compras do exterior somaram US$ 15.598,29 milhões, 14,3% a mais que no mesmo período de 2022. As importações acumuladas no ano foram responsáveis por 40% do total de máquinas consumidas no país. Até o mês de julho23 os equipamentos importados ganharam 5 p.p. do consumo aparente de máquinas e equipamentos no Brasil.
No ano, houve aumento das importações de máquinas e equipamentos por todos os segmentos produtores nacionais. Os maiores aumentos foram observados nos setores relacionados a agricultura, logística, construção civil e indústria de bens de consumo.
As importações de equipamentos para petróleo registraram forte crescimento ao passarem de US$196 milhões para US$ 388
milhões. Os bens importados por este mercado representam 2,5% do total da importações de máquinas realizadas pelo país.
Entre as principais origens das importações, China, EUA, Alemanha e Itália lideram o ranking. A China, mesmo tendo registrado queda na participação nas importações nacionais de máquinas e equipamentos, de 28% em 2022 para 24,3% em 2023, se manteve como a principal origem das importações. Dos US$ 3,8 bilhões de máquinas importadas da China predomina a aquisição de componentes (30% ) e máquinas para logística e construção civil (25%).
Nesse começo de ano houve ganho da participação dos bens com origens nos EUA e Alemanha, que cresceram atingindo no ano 19,8% e 13,1%, respectivamente. Dos Estados Unidos e da Alemanha, além dos componentes, são adquiridos em maior proporção as máquinas utilizadas na indústria de transformação de metais.
CAPACIDADE OCUPADA – O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de máquinas e equipamentos registrou queda de -0,9% no mês de julho, anulando o crescimento de maio e junho e atingindo 74,9% em 2023. Em julho o setor operou, em média, em dois turnos. Em relação ao julho de 2022 o nível de utilização recente da capacidade instalada ficou 5,1% abaixo. Naquele período o setor atuava com 78,9% da sua capacidade instalada.
A carteira média de pedidos do mês julho de 2023 estabilizou em 10,7 semanas de atividade, mas registrou melhora nos setores fabricantes de máquinas para bens de consumo, máquinas para transformação de metais e máquinas para logística e construção civil.
EMPREGOS – No mês de julho o setor fabricante de máquinas e equipamentos registrou estabilidade no número de pessoas ocupadas, após duas quedas consecutivas. O número de pessoas ocupadas ficou em 392.752 colaboradores.
No ano, houve a criação de quase 2.500 postos de trabalho. Por outro lado, em relação ao mês de setembro de 2022, período que registrou número recorde de pessoas empregadas no setor, o quadro de pessoal encolheu em mais de 6,5 mil pessoas. (Franco Tanio).