Siderúrgica planta árvores no entorno de usina para controlar o arrasto de particulados
A Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará, anunciou que prosseguirá avançando na ampliação da chamada Barreira Verde, equipamento de proteção ambiental que literalmente “abraça” a usina. Segundo a empresa, deverão ser plantadas, ao longo de 2022, mais de 8 mil mudas de árvores.
O programa nasceu em 2012 e teve uma bela expansão no ano passado, quando foram plantadas 1.308 novas mudas, beneficiando não só quem trabalha na usina como também os moradores do entorno. Mas há um objetivo eminentemente técnico no plantio, que é o de reduzir a incidência de ventos em áreas que abrigam pilhas de materiais com potencial de geração de particulados.
“Já estamos praticamente fechando o pátio de matérias-primas”, diz Ramyro Batista, analista de meio ambiente da companhia. “Mas a nossa meta é adensar a barreira o máximo possível, fechando totalmente com o verde algumas áreas.”
Segundo Batista, além de ajudarem a reduzir a velocidade do vento na área de produção e controlar o arrasto de particulados, o programa visa ainda dotar o espaço da usina com um elemento paisagístico verde e agradável visualmente, fornecer conforto térmico de forma indireta e ainda conter ao máximo os ruídos.
As ações ambientais da usina de Pecém não se limitam, entretanto, à Barreira Verde. De dez anos para cá, a empresa já recuperou, por exemplo, 206 hectares da Estação Ecológica do Pecém, 191 hectares da área interna da empresa e mais 15 hectares da Lagoa do Bolso. No total, esses esforços totalizaram 412 hectares reflorestados com o plantio de 320 mil mudas de várias espécies nativas, com a área recuperada equivalendo a 412 campos de futebol.
GONÇALO-ALVES – Muitas das árvores plantadas pertencem à espécie gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), espécie nativa declarada como ameaçada de extinção no estado do Ceará. A árvore, de porte médio, pode atingir altura entre 8m e 12 m, e destaca-se principalmente pela graciosidade de sua copa, o que a torna indicada para uso paisagístico e arborização urbana. A madeira da espécie também é própria para construção civil e naval, marcenaria, confecção de dormentes, corrimãos, balaústres, mancais, esteios, rodas hidráulicas e portas de acabamento fino. Ainda por cima, a planta tem uso medicinal.
“Na verdade, o gonçalo-alves é um dos carros-chefes das atividades ambientais da siderúrgica, que tem forte ênfase na preservação de espécies nativas”, observa o analista de meio ambiente.
Diga-se que a atenção sobre essa árvore não vem se limitando ao Ceará. A curiosidade sobre a planta também fez a espécie ser lembrada para fazer parte dos experimentos científicos brasileiros em ambiente de microgravidade na Missão Centenário, em março de 2006, na Estação Espacial Internacional (ISS).
O gonçalo-alves já foi estudado também pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) por duas características que chamaram a atenção de biólogos e agrônomos: a longevidade de sua semente e a rápida germinação. (texto: Alberto Mawakdiye/foto: divulgação)