Avaliação técnica preliminar do ONS diz que evento isolado não provocaria o apagão
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) publicou ontem (17 de agosto) uma avaliação técnica sobre o apagão que atingiu o Brasil no dia 15. Denominado Informe Preliminar de Interrupção de Energia no Sistema Interligado Nacional (Ipie), servirá de base para o diagnóstico final. O documento aponta que o ponto de partida do distúrbio foi a LT 500 kV Quixadá-Fortaleza II, de propriedade da Eletrobras Chesf. Uma atuação incorreta no sistema de proteção da linha, que operava dentro dos limites, ocasionou o seu desligamento.
Na avaliação inicial, a equipe técnica do ONS reiterou que um evento dessa natureza, de forma isolada, não seria suficiente para ocasionar a interrupção de energia elétrica observada. O desligamento refletiu desproporcionalmente em equipamentos adjacentes e ocasionou oscilações elétricas (tensão e frequência) no sistema das regiões Norte e Nordeste, e que transcorridos 600 milisegundos, houve a atuação de Proteções de Perda de Sincronismo (PPS), responsáveis pela abertura controlada de linhas que compõem as interligações Norte – Nordeste, Nordeste – Sudeste e Norte – Sul, separando o SIN em três áreas elétricas. Mais documentos estão sendo recebidos e avaliados para um diagnóstico mais aprofundado e detalhado sobre a situação.
A avaliação detalhada da ocorrência, da causa raiz, sequência de eventos, desempenho das proteções, dentre outros fatores, bem como as recomendações e providências, constarão no Relatório de Análise de Perturbação (RAP), conforme estabelecido em Procedimentos de Rede, previamente aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No dia 25 de agosto, está agendada a primeira reunião com a participação do Ministério de Minas e Energia (MME), da Aneel e dos agentes de geração, transmissão e distribuição para avaliar as informações consolidadas enviadas pelos envolvidos na ocorrência e, assim, ser iniciada a elaboração do documento. Uma segunda rodada já está previamente marcada para 1º de setembro. O relatório será concluído em até 45 dias úteis.
No momento, o sistema está sendo operado em condições mais conservadoras para garantir a segurança do atendimento conforme previsto nos Procedimentos de Rede. Entre as medidas tomadas pelo Operador, estão a redução no carregamento das linhas de transmissão e a postergação de manutenções programadas.
O apagão iniciou às 8h30min do dia 15 de agosto de 2023, com interrupção de cerca de 19 mil MW, do total de 73 mil MW que estavam sendo atendidos no momento, representando aproximadamente 27% da carga total daquela hora. O evento provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul, Sudeste/Centro-Oeste, com abertura das interligações entre essas regiões, afetando 25 estados e o Distrito Federal.
Considerando as regiões geográficas do País, foram suspensas as cargas da região Norte (5,4 mil MW), parte da região Nordeste (7 mil MW – 56%) e houve cortes controlados de carga (Esquema Regional de Alívio de Carga – Erac) em parte dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul (6,4 mil MW). Na análise inicial, o ONS indicou que o sistema atuou conforme esperado, evitando um corte maior nessas regiões.
A recomposição das cargas foi iniciada em todas as regiões nos primeiros minutos após a ocorrência. Às 9h05min as cargas da região Sul estavam normalizadas. Às 9h33min as cargas das regiões Sudeste/Centro-Oeste foram reestabelecidas. Às 13h34min todo o sistema de operação sob coordenação do ONS estava restaurado, sendo que às 14h49min todas as cargas interrompidas estavam normalizadas pelas distribuidoras.