Eletrônica e Informática

Diu, uma cidade abastecida totalmente por energia solar

Diu, pequena cidade do sul da Índia que durante mais de quatro século fez parte do império colonial português no subcontinente, juntamente com Goa, Damão e Dadrá e Nagar-Aveli, acaba de tornar-se o primeiro município indiano a depender exclusivamente da energia solar para a geração de energia elétrica.

Com eficiência invejável, Diu alcançou esta marca em apenas três anos, uma verdadeira façanha para uma cidade que está longe de nadar em dinheiro (vive basicamente do turismo) e sofre com a falta de espaço.

De fato, Diu é quase menos do que minúscula: é limitada a uma área de meros 42 km², sendo composta por uma ilha e duas pequenas faixas de terra no continente.

Mesmo assim, uma profusão de pequenas usinas foi sendo distribuída pela cidade com empolgante rapidez – inclusive em telhados com desenho adequado e que poderiam aguentar o peso do equipamento.

Hoje, Diu gera um total de 13 MW de eletricidade – mais até do que necessita, já que o pico da demanda de eletricidade ali é de 7 MW. Do total gerado, 10 MW são gerados por usinas solares comuns e 3 MW advêm de usinas instaladas em telhados.

Para os gestores da cidade, a migração total para a energia solar equivaleu a um belo upgrade. Para a água e a eletricidade, Diu dependia antes do fornecimento de energia do governo do estado de Gujarat, um tanto cara e não muito eficiente – havia muitas perdas no processo de transmissão.

A pequena população de Diu – escassos 56 mil habitantes – também saiu ganhando. A energia solar veio como um grande alívio para os moradores locais, já que suas contas mensais tiveram uma redução de alguma coisa perto dos 12%.

EXEMPLO – Na verdade, Diu é apenas um exemplo – mesmo que em miniatura – da importância que a Índia tem dado à disseminação da energia solar e outras energias renováveis. A adoção cada vez em escala maior de modalidades alternativas de geração de energia – também por razões ambientais, pois a Índia ainda é amplamente deficitária neste setor – é inclusive uma estratégia governamental naquele país.

De fato, o governo pretende que a Índia, uma terra bafejada pelo sol praticamente o ano inteiro, disponha de nada menos do que 100 GW de energia solar até 2030. Somente no ano de 2016 foram instalados colossais 5 GW, sendo que sendo 1,7 GW em telhados espalhados pelo território.

No total, a Índia já conta com 16,6 GW de capacidade fotovoltaica instalada e, na medida em que a sua economia prospera e, consequentemente, a sua demanda por eletricidade aumenta, a energia solar e outras energias renováveis, a reboque do governo, vão aumentando a sua participação na matriz energética do país. A índia já é um dos três países que mais utilizam a energia solar no planeta.

Dos atuais 331,95 GW de energia consumidos na Índia, 18% – ou 60,98 GW – já são produzidos através das energias renováveis no país, com o governo almejando uma meta de 40% dessa participação até 2030.
De 2014 a 2017, foram 27,07 GW de energia limpa instalados, com a solar liderando a lista com 12,87 GW, seguido pela eólica, com 11,07 GW, pelas pequenas hidrelétricas com 0,59 GW e pelas usinas de biomassa, com 0,79 GW.

No segmento de geração centralizada, o país conta com mais de 30 projetos de usinas solares, instaladas ou em construção, espalhadas por 21 estados e que totalizam 20 GW de potência.

Algumas dessas usinas são gigantescas. Com capacidade de 1 GW, o parque solar Kurnool, recentemente inaugurado no estado de Andhra Pradesh, é, simplesmente, o terceiro maior do mundo.

A geração distribuída cresce de forma igualmente forte na Índia, contando hoje com mais de 863 MW instalados, graças aos programas de incentivos e fundos de financiamento liberados pelo governo para a adoção da tecnologia pela população e por estabelecimentos industriais, comerciais, de serviços e turísticos.

Outros projetos de uso da tecnologia solar também vêm contribuindo para a expansão da tecnologia no país, como a instalação de placas solares em ferrovias. (Alberto Mawakdiye)

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