Fórmula E terá carros elétricos dotados de baterias mais potentes
Ainda pouco divulgada no Brasil, mas já bastante popular na Europa, na Ásia e na América Hispânica, a Formula E – circuito de corridas que reúne somente carros 100% elétricos – começa a se firmar, a exemplo da tradicional e badalada Fórmula 1, também como um laboratório de novas tecnologias para a indústrias automotiva.
Já na próxima temporada, a de 2018/2019, as equipes da Fórmula E utilizarão bólidos dotados de uma bateria superpotente, desenvolvida pela McLaren Applied Technologies e capaz de suportar a distância completa dos 12 circuitos que integram a competição. Hoje, as baterias, de 28 kWh, da Williams Advanced Engineering e utilizadas desde a primeira temporada (2013/2014), são suficientes apenas para 40% a 45% das provas – aproximadamente 25 minutos.
Isso obriga as equipes a participarem das corridas com dois carros, um para a primeira parte da prova, outro para a última. A troca de carros é realizada no pit stop, e foi determinada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) como opção à troca das próprias baterias durante as corridas, proibida por razões de segurança.
As novas baterias, caso se mostrem realmente eficientes, poderão influenciar a próxima geração de carros elétricos comuns, que, como as versões de corrida, também desfrutam de pequena autonomia – a média é de parcos 160 quilômetros. Todas compartilhem diferentes tecnologias à base de células de lítio.
Diga-se que essa possível transferência tecnológica da Fórmula E para a indústria automotiva não será primeira, caso de fato ocorra. O carro conceito da Aston Martin, o RapidE, empregará a mesma tecnologia Williams de bateria utilizada nos carros de competição, um pouco mais modernizada. E o carro conceito Trezor, da Renault, terá o mesmo motor do carro-padrão usado na Fórmula E.
Mas já se percebe algumas diferenças entre as transferência de tecnologia da Fórmula 1 e da Fórmula E. Na primeira, o foco está principalmente no desempenho aerodinâmico e no desenvolvimento, tendo envolvido historicamente áreas como computação, aerodinâmica, motorização, refrigeração e materiais – a Fórmula 1 foi praticamente pioneira no uso das fibras de carbono e do alumínio na carenagem.
Na Fórmula E, procura-se mais a melhoria de itens como bateria, motor e transmissão. Isso ocorre porque se dá como assente que a categoria é, ao mesmo tempo, mais e menos que uma competição – é parte da revolução elétrica na indústria automobilística, podendo servir como um catalisador para o futuro da mobilidade sustentável. Parte-se da visão que um dia todos os carros no mundo serão elétricos.
MAIS COMPETIÇÃO – De qualquer forma, a introdução de uma bateria mais potente tornarão as corridas de carros elétricos muito mais atrativas. Por não ser mais exigida a presença de dois carros por piloto, a mudança de veículo no meio da prova deixará, obviamente, de ser obrigatória. Os carros terão ainda um novo visual, mais aerodinâmico, com as asas dianteira e traseira apresentando uma angulação bem mais agressiva.
As limitações técnicas impostas pela obrigatoriedade da troca de carros deixarão de existir, permitindo o relaxamento das estratégias de corrida, hoje um tanto rígidas. Os pilotos não podem, por exemplo, tirar o máximo do carro, sendo forçados a dosar o desempenho e correr mais no sentido de administrar vantagens. A nova bateria ainda possibilitará uma redefinição de cada parte interna e externa quanto ao desempenho do carro, com ênfase mais na velocidade do que no fôlego.
Introduzida no calendário automobilístico mundial em 2013, a Fórmula é hoje disputada em 12 provas em 10 cidades do planeta, sempre em circuitos de rua. Na atual temporada, a de 2017/2018, as duas corridas inaugurais foram em Hong-Kong e as duas últimas estão marcadas para Nova York. Roma, Paris, Berlim e Zurique, na Europa, Cidade do México, Santiago e Punta Del Este, na América Hispânica, e Marrakesh, na África, completam o calendário, que deve terminar em julho deste ano.
A cidade de São Paulo deveria ter sido incluída na temporada 2017/2018, mas problemas de organização – relacionados à privatização do Parque Anhembi, que comporia uma parte do trecho da corrida – adiaram a participação paulistana para a temporada que vem. Embora quase desconhecida dos brasileiros, o país já subiu duas vezes ao ponto mais alto do pódio, tendo já dois campeões: Nélson Piquet Jr. (2014/2015) e Lucas de Grassi (2016-2017). Ambos ainda participam da competição. (texto: Alberto Mawakdiye/foto: divulgação)