Eletrônica e Informática

Investimento no aluguel de datacenters no Brasil pode superar US$ 2 bilhões em 2024

Imprescindíveis em todos os setores da economia, os datacenters são componentes básicos da infraestrutura da Internet e consistem em instalações físicas que hospedam aplicativos e dados, com a estrutura de computação necessária para que todos os segmentos funcionem no país: governo, indústria, educação, saúde e empresas. No Brasil, estima-se que existem 181 datacenters e o país representa 50% dos investimentos do setor na América Latina, com a perspectiva de chegar a um aporte total de US$ 2,07 bilhões em 2024 e crescimento de US$ 3,50 bilhões até 2029, em um crescimento anual de 11,05%.

 

Mesmo com números importantes para a região, o segmento precisa de mais investimentos para continuar suportando a demanda tecnológica regional. Os Estados Unidos, por exemplo, têm mais de 5,3 mil data centers – 70% mais que os 10 maiores mercados combinados. A América do Norte é ainda responsável pelo consumo de 44% de MW de TI, termo que define a mensuração do consumo de energia de um datacenter refletindo-se na quantidade de dados que ele é capaz de processar. Ásia e Pacífico são responsáveis por 30% do consumo global, enquanto Europa, o Oriente Médio e África consomem 24%, seguido de 2% da América Latina.

 

Para a Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, a política industrial tem papel fundamental para acelerar a atração de datacenters no país. “É importante que ela unifique estratégias que complementem cadeias produtivas locais com maior integração às cadeias globais de valor, permitindo que o país se posicione de maneira mais ativa, ampliando os fluxos multilaterais de investimentos”, afirma Sergio Sgobbi, diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Brasscom.

 

Entre os incentivos citados estão o fomento a processos produtivos básicos (PPBs), para que segmentos produtivos gerem competitividade e que já contem com adensamento local produtivo; uma política de pesquisa, desenvolvimento e inovação, que acelere a indústria com forte vínculo a institutos de ciência e tecnologia; a isenção temporária de redução de custos logísticos para suprir demandas de curto prazo; e a redução de barreiras de importação para inserir o Brasil nas cadeias produtivas internacionais em novos segmentos; além da brevidade e desburocratização na aprovação das licenças e autorizações de implantação e funcionamento dos datacenters.

 

EMPREGOS – A América Latina conta hoje com 100 mil empregos diretos gerados no setor de datacenter, sendo 40 mil no Brasil. Estima-se que cada emprego direto no setor de datacenter seja capaz de gerar seis vagas indiretas em indústrias que viabilizam esse segmento. Dessa maneira, são 120 mil empregos diretos no Brasil e 90 posições diretas para cada 1MW de capacidade instalada.

 

Além da geração de empregos, a atividade é capaz de causar impacto para os mais diversos setores. Estudo da PwC aponta que o setor nos EUA estimulou uma ampla gama de outros segmentos econômicos entre 2017 e 2021, com impacto de até 59% em cinco anos. Ainda em relação aos EUA, para cada dólar que os datacenters utilizam em serviços do governo local, há um retorno de até US$ 17 em receita fiscal local para essa comunidade, segundo o estudo Data Center Coalition de 2024.

 

“Temos importantes vantagens competitivas que favorecem a instalação de mais datacenters no país”, afirma Sgobbi. “Entre elas, estão a nossa localização geográfica, em um fuso horário algumas horas à frente dos principais centros comerciais dos EUA e Europa, além da proximidade de polos de inovação tecnológica”, aponta o executivo. Outros benefícios são a matriz energética limpa e diversificada, além da infraestrutura de comunicações, com acesso a cabos submarinos que conectam a América Latina ao mundo, e o potencial tecnológico, com o histórico desenvolvimento de soluções inovadoras. “Uma política de atração de investimentos em datacenters no Brasil gera um efeito cascata na economia, fortalecendo a competitividade dos setores que dependem dessa infraestrutura tecnológica. Além de impulsionar a inovação e a transformação digital, essa estratégia também atrai novos negócios, gera empregos qualificados e reposiciona o país no cenário global como um hub estratégico de tecnologia e serviços”, conclui o diretor da Brasscom.

 

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